Descrição de chapéu Tóquio 2020 Coronavírus

Atletas treinam do jeito que podem na quarentena e compartilham

Diante de indefinição sobre Olimpíada, esportistas tentam não perder preparação

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São Paulo

Com os fechamentos de clubes e academias em boa parte do mundo, atletas brasileiros que moram no país e no exterior têm precisado se adaptar a mudanças drásticas nas rotinas.

No caso de vários deles, isso acontece em meio à reta final de preparação para a Olimpíada de Tóquio e sem saber se ela realmente acontecerá na data original (a partir de 24 de julho), embora até o momento o Comitê Olímpico Internacional sustente que sim.

Acostumados a horas e horas de treinos diários controlados, esses atletas agora precisam se virar de forma solitária em suas quarentenas, ainda que com orientação a distância do Comitê Olímpico do Brasil e dos seus clubes.

Armador do Tenerife (ESP) e da seleção brasileira de basquete, Marcelinho Huertas, 36, precisa cumprir a restrição praticamente total de circulação adotada na Espanha e só saiu de casa duas vezes nos últimos sete dias para ir ao mercado.

Não sabe ainda quando será possível voltar a arremessar uma bola na cesta e tenta manter apenas o preparo físico dentro de casa. "Estou impossibilitado de bater bola. Os ginásios estão fechados e não posso entrar lá nem sozinho. Mas o importante no momento é cumprir as normas que cada país está estipulando e levar muito a sério as regas. É a única forma de termos o esporte de novo", afirma à Folha.

Quem também está longe do contato com seu principal material de trabalho é Eduarda Amorim, a Duda, armadora da seleção brasileira de handebol que mora na Hungria e defende o Gyori.

"Até tenho bola de handebol em casa, mas ela foi furada pelo meu cachorro. Então o que faço é usar elástico e caneleira de um quilo para forjar o movimento do arremesso. No meu jardim dá para fazer uns chutes [arremessos], mas ainda não cheguei nessa parte, estou só no mecânico ainda", conta.

Vivendo sob medidas menos rígidas do que na Espanha, ela pelo menos pode correr no parque, dependendo do horário. "Eu só fico em casa, e para corrida aí sim eu saio, mas tento ir à noite, quando tem menos gente, num parque bem grande, sem contato com ninguém."

Essa tem sido a realidade de vários atletas brasileiros, que compartilham nas redes sociais as adaptações que têm feito para treinar e também brincadeiras relacionadas à sua prática esportiva.

O mesa-tenista Hugo Calderano, 23, que mora em Ochsenhausen (cidade da Alemanha com pouco mais de 8.000 habitantes), precisou levar equipamentos de academia e até uma mesa do ginásio onde treina para praticar o esporte dentro de casa.

O mesa-tenista brasileiro Hugo Calderano, que tomou medidas emergenciais para se manter treinando
O mesa-tenista brasileiro Hugo Calderano, que tomou medidas emergenciais para se manter treinando - Nikku - 6.mar.20/Xinhua

Um caso bem-sucedido de adaptação e que pode servir de exemplo para os atletas que precisam se virar nesse período, independentemente de a Olimpíada ser ou não mantida para julho deste ano, é o do ex-judoca Flávio Canto, bronze nos Jogos de Atenas-2004.

No anterior, ele sagrou-se campeão dos Jogos Pan-Americanos mesmo sem poder treinar a luta durante um mês e meio antes da competição.

“O atleta pode fazer o treinamento do gesto esportivo com elástico e exercícios mentais. Ele [Canto] teve uma lesão grave no joelho e não podia treinar judô, então começou a fazer bicicleta de membros superiores e estudava mentalmente, via vídeo dos atletas, fazia treinamento mental dessas lutas. Seis semanas afastado dos treinos, treinou mesmo só na semana que antecedia o Pan e foi campeão", conta Wagner Castropil, ex-judoca e médico e ortopedista do Instituto Vita.

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