Ronaldinho tinha dono de cassino e empresária como anfitriões no Paraguai

Ex-jogador é investigado pelas autoridades do país por uso de documentos falsos

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São Paulo

Investigado no Paraguai sob suspeita de usar documentos falsos, o ex-jogador Ronaldinho Gaúcho, 39, tinha prevista uma agenda cheia em sua visita ao país.

Convidado por Nelson Belotti, um dos donos do cassino Il Palazzo, que fica no hotel onde o ex-camisa 10 da seleção brasileira estava hospedado com seu irmão Assis, e pela empresária Dalia López, anfitriã da visita do pentacampeão do mundo ao Paraguai, Ronaldinho a princípio ficaria do dia 4 ao dia 7 de março em Assunção.

Ronaldinho chega ao Ministério Público do Paraguai para depor sobre os documentos falsos
Ronaldinho chega ao Ministério Público do Paraguai para depor sobre os documentos falsos - Jorge Adorno/Reuters

Uma página no Facebook, "Ronaldinho en Paraguay", anunciava nos últimos dias quais seriam os compromissos do brasileiro ao lado de Dalia, representante da Fundação Fraternidade Angelical, que teria sido fundada em 2019 e aparece como apoiadora do evento.

De acordo com o jornal ABC Color, do Paraguai, a empresária era, até esta semana, "desconhecida pelo grande público".

De acordo com a programação, Ronaldinho Gaúcho participaria do lançamento do programa "Móvel de Saúde para Meninas e Meninos", uma iniciativa anunciada pela empresária para oferecer assistência médica gratuita a crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade por todo o país.

​Dalia López já concedeu uma entrevista à edição argentina da revista Caras, cuja reportagem tem o título "O dinheiro não é tudo na vida", na qual falou sobre as ações de filantropia que realiza no Paraguai. Em janeiro deste ano, ela também foi anunciada como anfitriã do Miss Paraguai 2020.

Na mesma entrevista, ela diz ter o "respaldo de amigos brasileiros e do presidente da Frente Parlamentar Paraguai-Brasil, o senador Eduardo Gomes".

Dalia cita duas amigas como grandes incentivadoras de seus projetos, Adriana Mendoza, assessora externa em assuntos internacionais do gabinete do deputado paraguaio Freddy Giménez, e a brasileira Paula Oliveira Lira.

Paula é cônjuge de Wilmondes Sousa Lira, que acompanhou a chegada de Ronaldinho ao Paraguai e foi apontado pelo ex-jogador como o responsável por entregar a ele e ao irmão Assis os documentos falsos.

Em contato com a reportagem da Folha, Gomes (MDB-TO), líder do governo no Congresso, confirma conhecer a empresária paraguaia, que fez no ano passado uma visita à Casa, e também o casal Paula e Wilmondes, com os quais teve contato no Tocantins.

"Ela [Dalia López] fez um tour pelo Congresso, uma visita institucional. Conheceu o espaço porque queria fazer uma exposição sobre o Paraguai. Ficou de marcar um encontro, uma exposição, mas a ideia não avançou", disse Eduardo Gomes.

Sobre o casal Paula e Wilmondes, o líder do governo afirmou que "são conhecidos, são do meu estado, mas também é um contato institucional".

Na página de Facebook dos eventos programados para Ronaldinho, na qual há uma foto de Dalia e outra do ex-jogador, foi publicado um vídeo da chegada do ex-atleta ao país, cercado de centenas de pessoas no aeroporto Silvio Pettirossi, que fica em Luque, próxima à capital Assunção.

No vídeo, é possível ver Ronaldinho Gaúcho caminhando pelo aeroporto acompanhado da empresária, que carrega uma bandeira do Paraguai, enquanto forças policiais escoltam a comitiva do brasileiro.

No seu relato à polícia paraguaia, Ronaldinho diz que viajou ao país à convite de Nelson Belotti, um dos investidores do cassino que fica dentro do hotel Yacht y Golf Club, onde se hospedou com Assis e aconteceriam os eventos dos quais o ex-jogador participaria.

Nelson Belotti é citado em um parecer do Ministério Público Federal (MPF) no caso da Lava Jato. No documento, ele aparece como tendo recebido cerca de R$ 24 milhões de uma empresa (a Heber Participações) ligada a José Carlos Bumlai (condenado à prisão) e à JBS.

Os depósitos, segundo o MPF, teriam ocorrido durante o ano de 2011. Na sequência, Belotti teria feito depósitos para a CSA Project Finance (companhia ligada ao doleiro Alberto Yousseff e ao ex-deputado federal José Janene), usada para manejar dinheiro de propina da Petrobras.

Além de comparecer aos eventos do programa de saúde promovidos por Dalia López e sua Fundação Fraternidade Angelical, Ronaldinho também tinha previsto, segundo os organizadores, o lançamento de uma biografia, "Genio de la vida". O livro não existe no Brasil.

A reportagem tentou contato com Nelson Belotti e Dalia López, mas não obteve retorno.

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