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Tóquio 2020

Tensão da estreia é desafio na busca de vagas olímpicas do taekwondo

Quatro lutadores brasileiros participam de competição pré-olímpica na Costa Rica

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Diogo Silva

O pré-olímpico Pan-Americano de taekwondo, que será realizado na Costa Rica nesta quarta (11) e quinta-feira (12), é a segunda chance para atletas do continente alcançarem a vaga na Olimpíada de Tóquio-2020.

A primeira oportunidade foi pelo ranking olímpico, que seleciona os seis melhores do mundo, via pontos corridos —nenhum brasileiro se classificou por essa via.

O sistema, criado em 2012, gerou uma segregação no esporte. Como os torneios de grande porte são realizados na Europa e na Ásia, as Américas, ano após ano, têm mais dificuldades de acompanhar o ritmo mundial por questões financeiras.

A vaga olímpica no taekwondo é extremamente difícil. Primeiro, porque há um encurtamento das categorias nos Jogos. As 8 faixas de peso em cada gênero são reduzidas a 4 masculinas e 4 femininas. Cada país pode enviar somente dois homens e duas mulheres ao qualificatório, reduzindo ainda mais as chances.

Grandes lutadores de categorias diferentes passam a disputar a mesma vaga. Em um campeonato mundial, por exemplo, existem categorias com até 130 países escritos, mas para Tóquio se qualificam somente 16.

Com a falta de dinheiro nas Américas, muitos países, como Cuba, República Dominicana e Colômbia, fortes candidatos às vagas, adotaram a estratégia de focar seus investimentos e energias em competições centro-americanas e pan-americanas.

Esses grupos muitas vezes não aparecem entrem os 20 melhores do mundo, mas nas competições continentais são os grandes especialistas.

Vimos de perto como os lutadores brasileiros suaram para medalhar nos Jogos Pan-Americanos de Lima, no Peru, em 2019.

O México, grande potência das Américas que sempre qualifica seus lutadores via ranking, dessa vez buscará suas vagas no pré-olímpico da Costa Rica.

O Brasil tem uma equipe jovem, com média de idade de 24 anos, um grupo que surpreendeu o mundo em 2019 conquistando cinco medalhas no Mundial de Manchester e sete no Pan.

Todos são iniciantes na disputa por vaga nos Jogos Olímpicos, onde a tensão é extremamente alta e atletas que não tiveram bons resultados antes podem surpreender. Vão para o Japão os dois melhores em cada categoria.

​Icaro Miguel, 24, luta na até 87 kg, mas na disputa olímpica vai para os 80 kg. Ele está acostumado a enfrentar europeus, asiáticos e africanos, que têm estilos diferentes.

Em nossa região, as lutas são mais quentes, com muita trocação de chutes, exigindo bastante da parte física. No Pan de Lima, Icaro derrotou na semifinal o dominicano Moisés Hernández, bronze no Mundial de Manchester, em que o brasileiro foi medalhista de prata. Novamente será um dos seus concorrentes.

O colombiano Miguel Ángel Trejos, originário da categoria meio-leve (até 68 kg), passou a ser um dos lutadores mais rápidos e ágeis nos 80 kg. Ele venceu Icaro em uma luta muito disputada na final do Pan de Lima e também é um forte rival.

Icaro é o atleta das Américas mais bem ranqueado, dessa forma poderá terá grandes dificuldades somente na semifinal. Pelo seu estilo de luta, se não houver nenhuma zebra ele ficará com a vaga.

Na categoria feminina até 49 kg, a representante brasileira é Talisca Reis, atleta mais experiente, com 30 anos, mas que está em sua primeira qualificatória olímpica.

A experiência ajuda muita em torneios pan-americanos, e Talisca sempre é finalista ou medalhista neles. Assim foi no Pan de Lima, em que perdeu a final para a mexicana Daniela Sousa.

A lutadora Milena Titoneli comemora medalha de ouro no Pan de Lima
A lutadora Milena Titoneli comemora medalha de ouro no Pan de Lima - Washington Alves - 29.jul.19/COB

Talisca era muito superior, com a maior envergadura da categoria, porém não estava em um bom dia, e a mexicana utilizou uma estratégia diferente, de lutar bem próxima, sempre na curta distancia, que para as pernas compridas de Talisca foi um grande tormento.

México, Canadá e Colômbia têm grandes lutadoras nesse peso. O pré-olímpico será um grande desafio para Talisca, e possivelmente sua última chance, já que, pela idade, será cada vez mais difícil acompanhar as atletas mais novas.

No peso até 68 kg masculino, Edival Pontes, mais conhecido como Netinho, 22, já está nas cabeças mesmo sendo estreante em disputa de vaga olímpica.

A categoria até 68 kg é tradicional no Brasil, sempre com bons lutadores. Se ele mantiver o equilíbrio psicológico e suportar a pressão que os demais lutadores irão aplicar sobre ele, praticamente já tem uma vaga garantida.

A mais nova da delegação é Milena Titoneli, 21, que foi a primeira mulher a ganhar um ouro em Jogos Pan-americanos. Milena luta na categoria até 67 kg. Sua principal rival, a americana Paig Mc Pherson, conquistou a vaga pelo ranking olímpico, deixando o caminho mais fácil para a brasileira rumo a Tóquio.

A delegação brasileira é muito forte e tem totais chances de conquistar as quatro vagas olímpicas, mas não podemos esquecer que nas Américas muitas surpresas acontecem e que toda atenção é pouca.

Os combates terão início às 11h (de Brasília), com transmissão apenas pela internet. A princípio, o evento não teria público, em razão da epidemia de coronavírus, mas a posição foi revista pela organização. ​

Atleta olímpico de taekwondo e gestor esportivo, representou a seleção brasileira por 12 anos e hoje é o representante dos atletas na confederação

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