Arnaldo reclama de novas regras do futebol e fala de lance de Hulk na Copa

Ex-árbitro diz que correção de falta por bola na manga da camisa demorou anos

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São Paulo

As novas regras de arbitragem aprovadas pela Ifab (Associação Internacional de Futebol, na sigla em inglês) poderiam ter mudado lances importantes de Copas do Mundo, como o gol anulado de Hulk, contra o Chile, nas oitavas de final de 2014.

No lance no Mineirão, em Belo Horizonte, o brasileiro recebe lançamento em diagonal de Marcelo, domina a bola na região da manga da camisa (próximo à axila) e finaliza, marcando o que seria o gol da virada do Brasil ---a partida terminou 1 a 1 e a seleção de Felipão avançou à próxima fase nos pênaltis.

Para o ex-árbitro e ex-comentarista esportivo da TV Globo, Arnaldo César Coelho, a mudança no enquadramento de bola na mão é a única relevante entre as quatro alterações da regra.

“Esse movimento, eu vi Pelé, Maradona, Jairzinho fazer toda hora”, diz. Segundo ele, o lance de Hulk foi anulado apenas porque o jogador não tinha prestígio internacional como outros grandes craques.

Ele defende que se fosse um outro jogador, talvez o árbitro tivesse permitido o prosseguimento do lance, que ainda seria lembrado como um gol de placa.

A nova regra, que passa a vigorar pela Fifa em junho, reconhece como legais toques acima da axila, ou seja, na região da manga da camisa, que antes era considerada mão.

Segundo Arnaldo, não há como se dominar uma bola destas em diagonal sem abrir os braços para aumentar a área de contato do peito e ombro e amortecer o impacto.

“Em nenhum momento o goleiro pede o toque de mão, nenhum zagueiro levanta a mão [para reclamar], bandeirinha não sinalizou, ninguém falou nada, o Chile baixou a cabeça. Na transmissão, eu espero o videotape e faço um sinal pro Galvão seguir com a narração. O [Howard] Webb [árbitro do jogo] foi medroso, é um guarda de trânsito que virou juiz de futebol”, reclama Arnaldo.

Hulk aponta o ombro, reclamando da marcação de toque de mão contra o Brasil em jogo com o Chie
Hulk reclama da marcação da arbitragem, que anulou seu gol contra o Chile - Liu Dawei - 28.jun.2014/Xinhua

“Aí quatro anos depois, eles vão chegar à conclusão que em matada no peito geralmente o cara escora com o ombro. Na transmissão eu falei, pô, manga da camisa é ombro”, completa.

Além disso, a Ifab, determinou que os toques de mão acidentais de um atacante só serão consideradas infrações caso imediatamente após a ocorrência o lance caminhar para um gol ou chance clara de marcar.

Atualmente, qualquer toque de um atacante com a mãos, mesmo os involuntários, tem sido marcado pela arbitragem. Também sofreram alterações as regras de VAR e de pênalti.

Para o ex-árbitro, essas últimas mudanças são irrelevantes e só surgiram porque o futebol está em quarentena.

Numa cobrança de pênalti, pela nova regra, um goleiro não será punido ao se adiantar caso o juiz entenda que não atrapalhou ao batedor, mesmo caso ele erre o chute, por exemplo.

Antes, se o goleiro pisasse à frente da linha de gol e a finalização fosse para fora, o lance voltaria. “[Agora], se entrar, tudo bem. Se não, lucro [do arqueiro], beneficia o infrator”, diz Arnaldo.

O jogador também só será punido com amarelo caso se adiante duas vezes. Se ambos os lados da cobrança cometerem infrações, por exemplo, só o atacante recebe cartão.

Agora, se um atleta recebe o segundo cartão amarelo no jogo durante a disputa de pênaltis, ele não será expulso. Na súmula, no entanto, contarão as duas advertências, que servem para suspensão automática.

Quanto ao árbitro de vídeo, agora o juiz será obrigado a consultar o monitor à beira do gramado em todos os lances que sejam interpretativos.

Segundo Arnaldo, o fato já acontece na grande maioria dos casos. “É para interromper mais o jogo”, reclama.

O órgão reconheceu ainda que a regra do impedimento precisa ser revista, pois, como está agora, prejudica os atacantes e evita muitos gols.

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