Grandes de SP acumulam perdas e esperam volta do futebol até junho

Estimativa de prejuízo com bola parada pode passar de R$ 100 milhões para cada time

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São Paulo

Entre estudos de impacto de financeiro, renegociações de contrato e pedido de ajuda a patrocinadores, os quatro grandes clubes de São Paulo torcem para que o futebol volte no estado até o final de maio ou início de junho, mesmo que com portões fechados.

A estimativa de prejuízo dos quatro principais clubes do estado (Corinthians, Palmeiras, São Paulo e Santos) com a bola parada pode passar dos R$ 100 milhões para cada um, contabilizando contratos de TV, jogos da Libertadores e premiações do Campeonato Paulista, entre outros recursos.

O estádio do Morumbi vazio, sem público, no clássico entra Santos e São Paulo pelo Estadual
O estádio do Morumbi vazio, sem público, no clássico entra Santos e São Paulo pelo Estadual - Eduardo Knapp-14.mar.20/Folhapress

A opinião de dirigentes ouvidos pela Folha é que, se a situação atual perdurar, mesmo com medidas de contenção de despesas e redução de salários, os pagamentos a jogadores, comissão técnica e funcionários estarão comprometidos a partir de junho.

Os quatro clubes têm conversado com jogadores e empresas para conseguirem atravessar os meses sem jogos por causa da pandemia de coronavírus. O Estadual foi interrompido em 16 de março.

Na semana passada, a Federação Paulista realizou reunião por teleconferência com as 16 equipes da Série A1. Serviu apenas para reforçar a vontade de que a competição seja encerrada em campo. Mas não há data definida. Faltam duas rodadas da fase de grupos e depois serão necessárias mais quatro partidas: uma para as quartas de final, outra para a semifinal e duas para as finais.

“Nós estamos em um efeito dominó de uma situação que nunca vivemos antes. O anunciante não paga a Globo, que não paga os clubes, que têm dificuldades para pagar jogadores e funcionários. É um peso que terá de ser dividido por todos”, afirma o presidente do Santos, José Carlos Peres.

Ele se refere ao não pagamento feito pela emissora da última das quatro parcelas da compra dos direitos de transmissão do Paulista. Cada um dos grandes ainda tem a receber cerca de R$ 6,5 milhões.

Todos os clubes afirmam terem pago os salários em regime CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) de março (quitados no início de abril), mesmo que em parte, mas o consenso é que a situação terá de ser revista se os jogos não voltarem. O Santos deve três meses de direito de imagem ao elenco. Corinthians e São Paulo têm dívidas com jogadores que são anteriores à pandemia.

“Vamos pagar enquanto tivermos condições. Não adianta fazer acordo para pagar 60% ou 70% e não conseguir cumprir depois”, afirma o diretor de futebol do Corinthians, Duilio Monteiro Alves, completando que a partir de maio (salário a ser pago no início de junho) a situação pode se complicar para quitar a folha de cerca de R$ 11 milhões mensais.

Todos os clubes, menos o Palmeiras, admitem conversar ou já fecharam acordos para reduzir salários durante a crise . O time alviverde, que também pagou a folha de março, diz que antes está analisando o impacto financeiro da pandemia.

O Santos conversa com elenco e comissão técnica e planeja uma diminuição em cerca de 50%. Alega que a economia vai possibilitar manter em dia os vencimentos dos funcionários que não são do departamento de futebol.

Após resistência dos atletas, o São Paulo fez acordo para suspender pagamento do direito de imagem, o que corresponde a até 40% dos salários dos jogadores. Os contratos em carteira foram reduzidos em 50%, mas essa diferença será quitada quando o futebol voltar à normalidade.

Para aliviar o caixa, Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo receberam antecipação de cotas da Libertadores.

“Os clubes têm direito a uma cota de transmissão de US$ 1 milhão (R$ 5,3 milhões) por partida. A Conmebol antecipou no início de abril 60% desse valor (US$ 600 mil ou R$ 3,1 milhões)”, diz Elias Barquete Albarello, diretor executivo de finanças do São Paulo.

A agremiação teve que suspender a venda de ingressos para o duelo contra o River Plate (ARG) e fez o clássico contra Santos, no dia 14 de março, com portões fechados depois de ter vendido 16 mil bilhetes. A estimativa era de arrecadar R$ 3,5 milhões com as bilheterias nas duas partidas.

Em vez disso, o time teve um prejuízo de R$ 47,5 mil, no jogo contra o Santos, com os pagamentos de funcionários, controle de doping, ambulância, segurança privada e serviço de som na partida.

O clube prorrogou até o final do ano o contrato com o Banco Inter, que estampa o logotipo na parte da frente da camisa, espaço considerado mais nobre.

“Patrocinadores pediram também a suspensão de contratos ou prorrogação de pagamentos”, completa Albarello.

“Alguns pararam de pagar”, diz Duilio Monteiro Alves, sem entrar em detalhes sobre quais marcas que patrocinam o Corinthians ficaram inadimplentes.

O Santos perdeu o patrocínio da Autoridade de Turismo da Tailândia e tem conversado com outras empresas para evitar que elas sigam o mesmo caminho. O clube estuda oferecer descontos às marcas durante o período da pandemia para que continuem associadas à agremiação. O Palmeiras continua recebendo seu patrocínio mais importante: os R$ 6,8 milhões por mês da Crefisa.

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