O draft de 2020 da NFL, a liga profissional de futebol americano, deveria ser o mais imponente da história. Pelos planos dos dirigentes, aconteceria em Las Vegas, em frente ao luxuoso hotel Bellagio.
O palco seria colocado sobre as fontes de água que são o cartão-postal do local, e os jogadores universitários selecionados iriam e viriam de barco.
A pandemia de coronavírus mudou os planos. Nenhum país registra tantos casos da doença quanto os Estados Unidos.
O evento desta quinta-feira (23) em que os 32 times da liga selecionarão os melhores atletas recém-saídos das universidades será realizado pela primeira vez online, tanto para as equipes (chamadas de franquias no país) quanto para os possíveis selecionados. O propósito é manter o isolamento social durante a pandemia.
Os 58 nomes considerados mais relevantes entre os candidatos estarão conectados em suas casas, ligados por teleconferência com representantes da liga e dez pessoas de cada franquia.
A WNBA (liga feminina de basquete dos EUA) também fez a sua cerimônia virtualmente na semana passada.
Cada jogador recebeu da NFL um iPhone, aparelhos de iluminação e microfone, assim como instruções de uso dos equipamentos. Michelle McKenna, chefe de informações da liga, afirma que mais de 150 pessoas estarão conectadas ao mesmo tempo.
Um dos atletas que receberam todos os apetrechos foi o quarterback (lançador) Joe Burrow, que até o ano passado estava na Universidade Estadual da Louisiana. É consenso que ele será o primeiro escolhido no draft. Deverá ir para o Cincinatti Bengals, time de pior campanha em 2019.
A classificação da NFL do ano anterior é usada de forma inversa no draft. As piores equipes têm a primazia, e as melhores ficam atrás na fila. O propósito é dar equilíbrio esportivo para o torneio.
A seleção de Burrow segue uma tendência histórica do draft: os primeiros escolhidos costumam ser quarterbacks, a posição ofensiva mais importante dos times. Nos últimos 10 anos, 7 vezes o draft inicial foi de lançadores.
Até setembro do ano passado, Burrow não era considerado nem sequer um provável nome a ser draftado na primeira rodada (cada franquia seleciona jogadores em sete rodadas). Mas desde então teve ascensão vertiginosa, fechando a temporada universitária com passes para 60 touchdowns e 5.600 jardas.
O procedimento normal do draft é o comissário da liga subir ao palco e anunciar, um a um, os primeiros 32 escolhidos. Os jogadores sobem ao palco de terno e gravata, colocam um boné de sua nova equipe e mostram a camisa.
Mas com todos eles em casa e o evento transmitido ao vivo pela ESPN americana, os dirigentes se preocuparam com a imagem dos atletas. A liga enviou a eles uma lista com recomendações de vestuário para o evento. Não há pedidos sobre o que usar, mas sim sobre o que não vestir.
O receio não é apenas que eles apareçam em rede nacional, em um dos eventos considerados mais importantes do esporte americano, sem camisa ou de pijamas. Vai além disso.
A NFL informou que a roupa não deve ter nenhum logotipo de empresas que não são parceiras oficiais da liga. Também não pode conter palavrões e expressões étnicas, raciais ou religiosas.
São vetadas referências a apostas, cigarros, obscenidades, pornografia ou prostituição, violência e armas.
No fundo da sua imagem, o jogador deve cuidar para que não apareça nenhuma imagem de produto ou logotipo não licenciado pela NFL.
Apesar da data do draft ter sido mantida, não há definição se a próxima temporada começará em setembro, como em todos os anos. O presidente dos EUA, Donald Trump, já manifestou o desejo de que o calendário seja mantido, mas o comissário da liga, Roger Goodell, disse que isso dependerá da redução da propagação do coronavírus e do aconselhamento dos cientistas.
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