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Plano para retomar Campeonato Alemão em maio inclui 'bolha social'

Organizadores planejam testagem em massa de atletas e demais envolvidos em jogos

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São Paulo

Enquanto as principais ligas da Europa buscam saídas para reiniciar seus campeonatos, paralisados pela pandemia de coronavírus, a Alemanha deverá ser a primeira a tentar de fato retomar as atividades em campo.

Quando isso acontecer, os olhares do futebol mundial estarão atentos para os resultados de uma experiência considerada por muitos como arriscada.

Jogadores do Bayern, em pequenos grupos, de volta aos treinos para o possível reinício do Campeonato Alemão
Jogadores do Bayern, em pequenos grupos, de volta aos treinos para o possível reinício do Campeonato Alemão - Christof Stache-6.abr.20/AFP

A ideia da Bundesliga é utilizar os 36 estádios das duas principais divisões nacionais para recomeçar os torneios sem a presença de torcedores. A primeira opção de data é 9 de maio.

A Alemanha começou a reabrir setores da economia nesta segunda (20) e anunciou planos para que as crianças retornem às escolas em 4 de maio. O país conseguiu algum controle sobre a contaminação entre a população. Em parte, isso se deve ao número de testes realizados para saber se as pessoas foram infectadas. São mais de 100 mil por dia.

“Isso vai nos possibilitar testar jogadores, comissão técnica e funcionários dos clubes sem prejudicar o sistema público de saúde”, afirma Christian Seifert, chefe-executivo da Liga Alemã de Futebol.

Belarus é o único país europeu que não parou o futebol por causa do vírus. Entre todos os demais que sofreram interrupção, a Alemanha foi o primeiro a permitir que as equipes voltassem a treinar, mesmo que de forma gradual.

Em grupos de cinco, os jogadores por enquanto mantêm distância de dois metros uns dos outros e não podem ter nenhuma atividade que possibilite contato, como desarmes ou carrinhos, por exemplo.

Entre as cinco principais ligas do continente, a Bundesliga é a única a já ter um plano para reiniciar o campeonato. Itália, Espanha, Inglaterra e França ainda vivem indefinições.

Boa parte dos contratos dos jogadores nos principais clubes europeus se encerram em 30 de junho. A Fifa sinalizou que autorizará prorrogações compulsórias, mas isso dependerá das legislações trabalhistas de cada nação.

Na Alemanha, o plano é que cada jogo envolva 240 pessoas, entre jogadores, comissão técnica, dirigentes, gandulas, jornalistas, equipe de transmissão e funcionários do estádio. Todos seriam testados regularmente para coronavírus.

A federação também está envolvida em um plano de higiene e cuidados a ser seguido pelos atletas dentro de casa, englobando também seus familiares. Seria criada uma espécie de "bolha social" em que os atletas viveriam até o final da temporada, no final de junho.

“É um plano possível se conseguimos determinar, em um rápido teste, que nenhum dos jogadores está infectado e que não há o perigo de haver um contágio em cadeia”, afirma Wolfgand Kubrick, vice-presidente da Câmara de Deputados, em entrevista à Sky Sports alemã.

Esse é considerado o perigo maior pelos opositores da ideia. Bastaria que uma pessoa dessas 240 fosse infectada para dar início a uma situação que pode paralisar outra vez (e talvez de forma definitiva) o campeonato.

E se algum jogador se machucar em campo e precisar ser levado para o hospital? Seria justo para a sociedade utilizar esse serviço com o futebol no meio de uma pandemia?

“Não é uma boa ideia e não passa uma mensagem boa para a população alemã”, disse o senador Ulrich Mäurer.

A pressa da federação e dos clubes para voltar tem o mesmo motivo de campeonatos e clubes de outros países: o dinheiro da televisão. A avaliação é de que, se a liga alemã for cancelada, o prejuízo será de cerca de 700 milhões de euros (R$ 4,1 bilhões).

Segundo dirigentes, já há clubes em dificuldades financeiras e se a situação perdurar vários podem entrar em insolvência.

“A luta por enquanto é para sobreviver. Dos 18 times da Bundesliga 2 [a segunda divisão], metade está em perigo de decretar falência. Se a temporada for cancelada, pelo menos cinco times da primeira divisão também terão sérios problemas”, afirma Seifert.

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