Cartola da natação por 3 décadas, Coaracy Nunes morre aos 82 anos

Ex-presidente da CBDA tinha saúde muito debilitada e chegou a contrair Covid-19

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São Paulo

Morreu nesta quinta-feira (14), aos 82 anos, o ex-presidente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) Coaracy Nunes Filho. A causa da morte não foi divulgada. O dirigente, que comandou a entidade de 1988 a 2017, sofria de diabetes, hidrocefalia e mal de Alzheimer.

Ele, que estava internado desde abril em um hospital do Rio de Janeiro, chegou a contrair Covid-19, mas exame posterior já havia apresentado resultado negativo para a doença, segundo relato de Luciana Nunes, filha de Coaracy.

De acordo com ela, o pai não despertou desde que passou por uma cirurgia para alívio da pressão intracraniana na semana passada e teve a morte confirmada nesta quinta.

Coaracy Nunes em entrevista antes da Olimpíada de 2016, no Rio de Janeiro
Coaracy Nunes em entrevista antes da Olimpíada de 2016, no Rio de Janeiro - Satiro Sodré 21.abr.16/SSPress

"Neste momento de dor, o COB se solidariza com familiares e amigos de Coaracy Nunes Filho e toda a comunidade aquática do país", disse em nota o Comitê Olímpico do Brasil.

A ex-nadadora de águas abertas Poliana Okimoto publicou em suas redes sociais um texto de agradecimento ao ex-dirigente.

"Tivemos nossas diferenças sim (e não foram poucas), mas foi na sua gestão que fui campeã mundial, medalhista olímpica e conquistei todos os meus sonhos e objetivos na minha carreira. Nunca me esquecerei que, após os Jogos Olímpicos de 2012, quando tive hipotermia e estava em depressão, ele foi uma das pouquíssimas pessoas que me apoiaram e me deram suporte para continuar perseguindo o sonho da medalha olímpica", escreveu.

Nunes foi diretor de esportes olímpicos do Fluminense nos anos 1980 e vice da Federação Aquática do Estado do Rio de Janeiro. Na mesma década, candidatou-se para a presidência da então CBN (Confederação Brasileira de Natação).

Perdeu o pleito para Ruben Marcio Dinard, mas uma intervenção federal anulou as eleições e ele foi conduzido ao cargo. A sua primeira eleição de fato para comandar a CBDA –nome que deu à entidade assim que assumiu– foi em 1988.

Verborrágico, Nunes contava que fechou o contrato de patrocínio com os Correios, em 1991, por meio de um anúncio publicado em jornal. A parceria foi uma das mais duradouras do esporte brasileiro e se encerrou em 2019. Desde o fim do contrato, a entidade pena para sobreviver, com poucos recursos e acúmulo de dívidas.

Na três décadas em que ele comandou a CBDA, a natação brasileira teve vários momentos vitoriosos, incluindo dez medalhas olímpicas e o primeiro ouro do país na modalidade, de Cesar Cielo, em 2008.

Durante o período à frente da entidade, o cartola também foi acusado de diversas fraudes e desvios.

Em 2017, ele chegou a ser preso preventivamente durante a Operação Águas Claras da Polícia Federal, que investigou esquema de desvio de recursos públicos na confederação. Foi solto três meses depois, sob condições, como se manter longe da entidade e dos outros réus do processo.

No ano passado, foi condenado em primeira instância por fraudes em licitações envolvendo verbas do governo federal. A juíza Raecler Bradesca, do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, estabeleceu uma pena de 11 anos e 5 meses de reclusão, com 3 anos e 6 meses de detenção, além de multa de R$ 120 mil.

Nunes foi considerado culpado de realizar quatro licitações fraudulentas para a aquisição de material esportivo com recursos do Ministério do Esporte e de se apropriar de valores destinados à ida da seleção júnior para uma competição no Cazaquistão. A equipe não viajou, e o entendimento da Justiça foi de que o dinheiro acabou apropriado pelos dirigentes. O recurso ainda não havia sido julgado.

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