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Clubes brasileiros devem perder R$ 2 bi na pandemia, indica estudo

Consultoria EY projeta queda de receitas com TV, bilheteria e transferências

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São Paulo

Um estudo da consultoria EY estima que os 20 clubes mais bem colocados no ranking da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) sofrerão perdas somadas de ao menos R$ 2 bilhões em 2020.

A análise leva em conta a paralisação do esporte desde março, por causa da pandemia da Covid-19, e considera o retorno das partidas no mês de julho, com os campeonatos estaduais, além da conclusão do Campeonato Brasileiro e da Copa Libertadores até o fim do ano —sempre com jogos sem a presença de público.

O cenário pode ser ainda pior para os clubes, já que ainda não há datas de retorno estabelecidas para os torneios, e a chance de concluir o Brasileiro até dezembro se mostra cada vez menor.

Da esq para a dir: Márcio Tannure, médico do Flamengo, Jair Bolsonaro, Rodolfo Landim, presidente do clube e Aleksander Santos, diretor de relações institucionais
Da esq para a dir: Márcio Tannure, médico do Flamengo, Jair Bolsonaro, Rodolfo Landim e Aleksander Santos, diretor de relações institucionais do clube carioca - Márcio Tannure/Instagram

O relatório aponta que, com a pandemia, as 20 agremiações, que faturaram R$ 6 bilhões ao todo em 2019, terão uma retração de 22% (R$ 1,34 bilhão) a 32% (R$ 1,92 bilhão). Isso as fará regredirem para o patamar de receitas de 2016.

A empresa analisou resultados financeiros de América-MG, Athletico, Atlético-GO, Atlético-MG, Bahia, Botafogo, Ceará, Corinthians, Cruzeiro, Flamengo, Fluminense, Fortaleza, Goiás, Grêmio, Internacional, Palmeiras, Santos, São Paulo, Sport e Vasco.

As equipes deverão ser afetadas principalmente no recuo da arrecadação com a venda dos direitos de televisionamento e o chamado "matchday" (ganhos com bilheteria, sócio-torcedor, camarotes e cadeiras cativas, além da comercialização de alimentos e bebidas no dia de jogo).

“A crise afeta o poder de consumo da população, todos os setores terão perdas, e a parcela que mais vai impactar é a redução de receita com pay-per-view”, afirma Pedro Daniel, gerente de esportes da EY.

A consultoria projeta que, com a queda na base de assinantes, os clubes serão atingidos com uma redução de 40% nesse item. O valor da assinatura do pay-per-view começa em R$ 79 (pacote streaming) ou R$ 115 (operadoras de TV por assinatura).

Imagem feita do alto por um helicóptero mostra jogadores do Flamengo treinando em um campo do CT do Ninho do Urubu
Globocop flagra treino do Flamengo no CT do Ninho do Urubu durante pandemia de Covid-19 - 20 - mai.20/Reprodução

Desde o começo da pandemia, o Premiere, serviço do Grupo Globo, perdeu aproximadamente 400 mil assinaturas. A empresa repassa 38% do valor obtido com as vendas do pay-per-view, aproximadamente R$ 550 milhões em 2019, aos times da Série A.

O dinheiro é dividido de acordo com a pesquisa de torcedores assinantes do serviço, realizada pela emissora.

Principal fonte de dinheiro para os times, a cessão dos direitos de transmissão, que inclui, além do pay-per-view, a venda para televisão aberta e fechada, responde atualmente por 39% de todas as receitas das agremiações.

Em 2019, rendeu aos 20 clubes pesquisados R$ 2,3 bilhões. Segundo o estudo, deverá cair para R$ 2 bilhões ao longo de 2020.

As transferências de jogadores representam a segunda maior fonte de renda dos clubes brasileiros. A baixa estimada em 40% nesse tipo de negócio irá gerar retração, de R$ 1,6 bilhão, em 2019, para R$ 973 milhões, em 2020.

O relatório, porém, ressalta que a desvalorização do real poderá mitigar parte dessas perdas, já que os valores de transferência para o exterior são fixados em dólares ou euros. Outro possível trunfo é que as equipes estrangeiras, com limitações de investimentos, poderão direcionar suas negociações para os mercados emergentes, como o brasileiro.

Sobre os ganhos com patrocinadores, royalties de produtos licenciados e vendas de camisas, a EY estima que haverá um recuo de até 30%, de R$ 712 milhões em 2019 para R$ 481 milhões em 2020.

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