Descrição de chapéu Tóquio 2020

Atletas aproveitam pandemia para expurgar dores antigas

Nomes que miram Olimpíada passaram por cirurgias ou tratamentos nos últimos meses

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São Paulo

Com a suspensão de competições esportivas e o adiamento dos Jogos de Tóquio para 2021 por causa da pandemia de Covid-19, atletas aproveitaram a quarentena para encarar cirurgias e se livrar de lesões ou dores crônicas.

A levantadora Roberta, 30, que defende o Osasco (SP) e costuma ser convocada para a seleção brasileira de vôlei, aproveitou o encerramento precoce da Superliga e a ausência de calendário internacional para se livrar de dores no pé direito.

Roberta Ratzke, jogadora de vôlei do Osasco e da seleção brasileira. - Marcio Rodrigues/ACE/Divulgação

O ginasta Arthur Nory, 26, medalhista olímpico em 2016 e campeão mundial no ano passado, passou por uma cirurgia no ombro esquerdo.

Já o tenista João Menezes, 23, classificado para Tóquio pelo título nos Jogos Pan-Americanos de 2019, se submeteu a tratamento para amenizar os efeitos de uma tendinite na mão direita.

Na temporada de 2017/2018, Roberta, então atleta do Rio de Janeiro, foi diagnosticada com uma fascite plantar no pé direito (inflamação no tecido entre o calcanhar e os dedos).

“Tive picos de dor, a ponto de não conseguir pisar no chão”, ela recorda. “Com o tempo, não sabia se havia melhorado ou aprendido a lidar com aquela dor.”

O problema, que parecia superado, voltou a incomodar em 2019, atingindo principalmente o dedão. A atleta fez fisioterapia e encomendou palmilha especial para seus calçados, mas temia um diagnostico de cirurgia a poucos meses da Olimpíada de Tóquio.

Em abril, ela procurou por um médico em São Paulo e, após ressonância e novos exames, descobriu que aquela inflamação na planta do pé direito havia evoluído para uma ruptura parcial no tecido entre o calcanhar e os dedos. Também estava com um joanete (inchaço ósseo) no dedão.

“Isso vinha me atrapalhando e me limitava muito como levantadora, não conseguia atingir 100% no treino ou no jogo”, diz Roberta.

A princípio, o médico não descartou uma cirurgia. O procedimento, embora simples, exigiria uma recuperação de dois meses sem pisar no chão, o que deixou a levantadora atordoada. “Tenho medo de tomar anestesia e ficar apagada, imaginei um milhão de coisas”, conta.

Com a necessidade da intervenção afastada, ela deu início ao tratamento em meados de maio, com fisioterapia e onda de choque, aparelho que é aplicado sobre a área da lesão e ajuda a cicatrizá-la.

Nesse período, Roberta aproveitou para curtir a família em Curitiba, principalmente as sobrinhas Débora, 4, e Gabriele, 1 ano e quatro meses, e ler o livro que desejava: "O Poder do Hábito", de Charles Duhigg. Também comemorou o fato de renovar contrato com o Osasco em um momento de incertezas do vôlei nacional, com várias equipes em crise antes mesmo dos reflexos da pandemia da Covid-19.

O tenista João Menezes voltou a treinar no mês passado, em Santa Catarina, e logo sofreu com dores na mão direita por conta de uma tendinite. Com o adiamento dos torneios de tênis, o problema não impactou sua preparação.

“Lesionei devido ao tempo parado, mas agora já estou curado”, diz. A volta do circuito internacional está prevista para o meio de agosto. Atualmente, ele é o 185º colocado no ranking da ATP (Associação dos Tenistas Profissionais)

“Acredito que quem souber fazer a melhor preparação até a retomada do esporte ou até mesmo quem tiver melhores condições de treinamento vai conseguir fazer da pandemia uma coisa positiva”, afirma Menezes, que treina na ADK Tennis no Itamirim Clube de Campo, na cidade de Itajaí (SC).

O nadador Guilherme Pereira da Costa, 21, conhecido como Cachorrão, que ainda persegue a sua vaga nos Jogos de Tóquio-2020, estava sendo incomodado por uma dor de dente no período que antecederia a classificação olímpica do Brasil, prevista para abril.

Com o adiamento dos eventos, ele fez a cirurgia para a retirada de dois dentes do siso já em março. O atleta ficou uma semana sem poder fazer esforço físico, seja na academia ou na piscina, o que num momento normal poderia ter sido crucial para alguém que nada em média 100 quilômetros durante dez treinos por semana.

Cachorrão voltou a praticar no mês passado e está ansioso para brigar por sua vaga no ano que vem. “Eu estava muito bem no ano passado e tinha índices para três provas. Ganhando um ano a mais de preparação, é hora de brigar por coisas maiores do que já almejava”, projeta o nadador do Minas Tênis Clube.

Guilherme Pereira da Costa, o Cachorrão, recebe a medalha
Guilherme Pereira da Costa, o Cachorrão, aproveitou a pandemia para extrair dentes do siso - Wander Roberto/COB
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