Descrição de chapéu The New York Times

'Bolha' da NBA terá telefone para denúncias e diversão controlada

Manual com 113 páginas define regras para tênis de mesa, golfe e jogos de cartas

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Sopan Deb Scott Cacciola
The New York Times

Uma linha telefônica para denúncias anônimas sobre violações das regras. Aprovação prévia requerida para visitas a campos de golfe. Protocolos sobre como desinfetar devidamente uma bola de basquete. O tênis de mesa é permitido, mas só partidas de simples, não de duplas.

Na noite de terça-feira (16), a NBA detalhou seu complicado plano para a retomada dos jogos da liga, no terceiro trimestre, enviando aos times um manual com 113 páginas de regras, e ênfase pesada em protocolos de saúde e segurança, como parte dos esforços da organização para salvar sua temporada em meio à pandemia do coronavírus.

A temporada, que foi suspensa em março, deve ser retomada no dia 30 de julho no ESPN Wide World of Sports Complex —parte do Walt Disney World—, perto de Orlando, Flórida, onde os jogadores e o pessoal dos times estarão sujeitos a exames de saúde rigorosos e ficarão em geral isolados do resto do mundo, ao longo dos playoffs.

No entanto, a tentativa de retorno da NBA é ambiciosa e está exposta a potenciais riscos. A Flórida, que esteve entre os primeiros estados a relaxar as regras de distanciamento social, ressurgiu como foco do coronavírus.

Na quarta-feira (17), o estado reportou 2.783 casos novos, um recorde, e a média de contágios continua a crescer, nos mais recentes períodos de sete dias, de acordo com o banco de dados de rastreamento do coronavírus do The New York Times. O condado de Orange, que abriga o Disney World, também registrou uma alta recente no número de casos.

O manual da NBA, uma cópia do qual foi obtida pelo The New York Times, é abrangente, e detalha as seis fases da retomada dos jogos, a primeira das quais já está em curso: treinos voluntários à medida que os jogadores retornam aos centros de preparação de seus times.

A partir de 7 de julho, os times devem começar a chegar ao Disney World, “em escala alternada”, de acordo com o manual. Quando chegarem, os jogadores e funcionários dos times devem ficar de quarentena até que sejam examinados duas vezes em busca do coronavírus, a intervalos de pelo menos 24 horas, e com resultados negativos.

Jogadores, funcionários e quaisquer outras pessoas que estejam dentro da chamada “bolha” serão examinados a cada dia.

Depois disso, os times começarão suas atividades em grupo —quase como uma preparação de pré-temporada.

O elaborado ecossistema da NBA no Disney World também envolverá seis escalões diferentes de pessoal, começando pelo escalão 1: jogadores, comissões técnicas, funcionários encarregados de equipamentos e árbitros. Essas pessoas terão acesso às áreas mais restritas do complexo, incluindo vestiários, quadras de treino e jogo, salas de musculação e salas de repouso dos jogadores.

O escalão 2 incluirá os seguranças dos times, os dirigentes, o pessoal de comunicações das equipes, profissionais selecionados de mídia, convidados dos jogadores (quando estes começarem a ser admitidos) e até mesmo alguns barbeiros e manicures, que devem ser aprovados previamente pela liga.

O pessoal dos demais escalões —variando de trabalhadores de limpeza e alimentação a donos de times e o pessoal do “complexo de mídia”— não terá autorização para manter contato próximo com as pessoas dos dois primeiros escalões, já que a liga está buscando minimizar os riscos.

O desrespeito aos protocolos, o guia adverte, pode resultar em advertência, multa, suspensão ou exclusão do complexo. Os convidados dos jogadores também estarão sujeitos a expulsão.

Adam Silver, comissário da NBA, que pretende retomar sua temporada no fim de julho
Adam Silver, comissário da NBA, que pretende retomar sua temporada no fim de julho - Stacy Revere - 15.fev.20/AFP

Outros itens do protocolos da NBA

- O comissário Adam Silver sugeriu a ideia de restringir os membros da comissão técnica autorizados a sentar no banco de reservas, se referindo em particular aos treinadores mais velhos e expostos a mais riscos diante do coronavírus. Ele recuou dessa declaração, logo em seguida. Parece não haver restrições sobre as pessoas que terão direito de viajar a Orlando, a menos que o jogador ou treinador seja apanhado como portador do vírus nas fases anteriores à viagem, ou que ele viva com alguém que “tenha tido Covid-19 ou sintomas associados à Covid-19 recentemente”.

- Todos os jogadores e o pessoal dos times terão de usar máscaras durante todo o tempo que permanecerem no complexo. Bem, mais ou menos. Se os jogadores estiverem fazendo alguma coisa que os mantenha a mais de dois metros de distância da pessoa mais próxima, as máscaras não são obrigatórias. A lista menciona como exemplos caminhar, nadar, “relaxar ao ar livre” e “assistir a um filme no iPad”.

- Os jogadores não poderão tomar banho nas arenas ou instalações do complexo da ESPN. Isso significa que deverão ficar sem banho, depois dos jogos, até chegarem ao hotel.

- Membros da equipe da Disney que não estiverem hospedados no complexo não precisarão se submeter ao regime de testes da liga. Mas a Disney exigirá que usem máscaras e respeitem o distanciamento social. O objetivo da liga será evitar contato entre o pessoal da Disney e o pessoal envolvido na retomada da temporada da NBA a não ser quando necessário.

- O guia determina que “ninguém será impedido de sair do complexo”, mas acrescenta que jogadores e funcionários não devem fazê-lo a menos que haja “circunstâncias atenuantes”. Entre os lugares que os jogadores poderão visitar estão “instalações auxiliares” –dentro do complexo da Disney ou fora dele– que contem com proteção da NBA ou tenham sido aprovadas pela NBA para uso por jogadores e por pessoal dos times (por exemplo um campo de golfe).

- Se um jogador sair do complexo sem permissão e tentar retornar, terá de passar pelo menos 10 dias em quarentena.

- Os jogadores não poderão conviver em grupos nos seus quartos de hotel.

- Toalhas, roupas ou desodorantes não devem ser compartilhados. E os jogadores serão instruídos a não mexer em seus protetores bucais.

- Outros detalhes, no departamento da higiene: a liga quer que os jogadores evitem os “high fives”, os soquinhos congratulatórios e os abraços. E que mantenham uma distância de pelo menos dois metros uns dos outros, ao menos fora da quadra.

- A liga informa que oferecerá atividades recreativas que respeitem o distanciamento social, para os atletas. Segundo o manual, “essas atividades devem incluir a provisão de uma sala de jogo ou sala de repouso em cada hotel (com, por exemplo, tênis de mesa, o jogo ‘NBA2K’, bilhar, dominó, etc.), golfe, natação, pesca, possivelmente outros esportes aquáticos, exibições de filmes, shows, trilhas para corridas, passeios de bicicleta e outras excursões”.

- Porque o distanciamento social é difícil durante jogos de cartas, a NBA instrui os jogadores especificamente a usarem máscaras caso escolham, por exemplo, jogar pôquer. O baralho deve ser jogado no lixo depois do uso.

- Não haverá caddies na pista de golfe.

- Visores e snorkels não poderão ser compartilhados nas piscinas.

- Os times que sobreviverem à primeira rodada dos playoffs receberão uma espécie de prêmio: o direito de trazer convidados. Cada equipe que passe para as semifinais de conferência poderá reservar até 17 quartos adicionais de hotel para convidados, e qualquer pessoa pode receber um convite –cônjuges, filhos, amigos, massagistas–, desde que eles cumpram toda a lista de “requisitos de participação”, que variam de assinar termos de isenção que absolvam a NBA de responsabilidade judicial por qualquer problema a respeitar protocolos de teste rigorosos. Os convidados também deverão passar por quarentena antes e depois de chegar ao complexo.

- E há a linha telefônica para denúncias. A liga diz que vai encorajar todos os presentes a denunciar anonimamente violações de qualquer dos protocolos. Os jogadores também poderão reportar violações por intermédio de seus times ou da associação de jogadores. Violações, é claro, são fortemente desencorajadas e poderão levar a medidas disciplinares.

Tradução de Paulo Migliacci

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