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Barcelona busca indenização da Nike por camisas defeituosas

Clube adia a venda de uniformes novos depois que problemas foram detectados

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Murad Ahmed Sara Germano
Financial Times

O FC Barcelona pretende recorrer à Nike em busca de indenização, depois de descobrir defeitos nos novos uniformes de futebol produzidos pela fabricante americana de materiais esportivos, o que resultou na perda de um período crucial de vendas pelo clube espanhol, no final da temporada de futebol.

Os jogos da La Liga espanhola, adiados por conta da pandemia, foram retomados no mês passado, e a esperança dos dirigentes do Barcelona era a de que jogadores como Lionel Messi e Antoine Griezmann voltassem aos gramados usando o mais recente modelo da camisa azul e grená do clube.

Mas o Barcelona suspendeu a venda do modelo de uniforme número um para uso de torcedores (que é diferente do usado pelos jogadores) antes que ele fosse lançado, depois de descobrir um defeito de produção que levava as cores a desbotar quando a camisa é molhada, disseram pessoas informadas sobre o assunto.

Uma pessoa familiarizada com a situação disse que o clube está se preparando para solicitar de 15 milhões (R$ 90 milhões) a 20 milhões (R$ 120 milhões) de euros a fim de compensar as vendas perdidas.

No entanto, outra pessoa informada sobre as conversações disse que era cedo para dizer que valor o clube solicitaria. O defeito ainda não foi corrigido, e portanto não se sabe ao certo quando as camisas estarão à venda.

A esperança é que o problema seja resolvido em tempo para as rodadas finais da Champions League, a principal, competição interclubes da Europa, que será retomada em agosto. O torneio é visto como oportunidade crucial para divulgar as novas camisas para milhões de torcedores em todo o mundo.

A questão é especialmente custosa para o Barcelona comparado com outras equipes do continente. Em 2018, o clube iniciou um contrato de fornecimento de material esportivo de 10 anos de duração com a Nike, em valor anual de entre 150 milhões (R$ 903 milhões) e 155 milhões de euros (R$ 933 milhões), um dos maiores contratos de fornecimento de material no mundo do esporte.

No mesmo ano, o clube criou a subsidiária Barça Licensing and Merchandising, na prática assumindo o controle sobre áreas como as lojas do clube e a venda de camisas em todo o mundo. A maioria dos demais clubes de futebol recorre a parceiros e terceiriza as tarefas de varejo.

A decisão ajudou o Barcelona a faturar 840,8 milhões (pouco mais de R$ 5 bilhões na cotação atual) de euros na temporada 2018-2019, cerca de 150 milhões de euros (R$ 906 milhões) a mais do que na temporada anterior, um avanço que fez do Barcelona o clube de maior faturamento no planeta.

O clube se recusou a comentar.

A Nike declarou que “identificamos a necessidade de uma mudança estética no uniforme número um do FCB para torcedores, modelo 2020-2021. Assim que isso for resolvido, será anunciada a data em que a nova camisa estará disponível”.

Nas últimas semanas, a Inter de Milão, da Itália, e o Chelsea, da Inglaterra, que também têm contratos com a Nike, exibiram seus novos modelos de camisa, e aparentemente não enfrentaram problemas de produção.

Defeitos em produtos não são incomuns no esporte profissional.

Lionel Messi em campo pelo Barcelona, na partida contra o Espanyol, no Camp Nou
Lionel Messi em campo pelo Barcelona, na partida contra o Espanyol, no Camp Nou - Albert Gea - 8.jul.20/Reuters

Em 2017, nas primeiras semanas do contrato vigente da Nike para fornecer uniformes para a NBA, diversos dos jogadores mais conhecidos da liga, entre os quais LeBron James, sofreram rasgões em seus uniformes em jogadas de contato físico normal.

O corredor Eliud Kipchoge deixou de bater um recorde mundial na Maratona de Berlim em 2015 quando as palmilhas de sua sapatilha de corrida da Nike se soltaram. Calçados para basquete da Nike e da Adidas também se desmantelaram em quadra.

A Nike, de sua parte, está passando por mudanças drásticas. A maior fabricante mundial de roupas e calçados está enfrentando sérios prejuízos com a pandemia. O fechamento generalizado de lojas em todo o mundo, no pico do surto do coronavírus, forçou a companhia a ajustar seus pedidos e estoques para o restante do ano, disseram executivos da Nike em conversa telefônica com analistas no mês passado.

A Nike registrou prejuízos de US$ 790 milhões nos três meses encerrados em maio.

O presidente-executivo da empresa, John Donahoe, que assumiu o posto em janeiro, disse aos empregados duas semanas atrás que haveria demissões escalonadas no quarto trimestre, com a aceleração na restruturação da empresa, disseram pessoas informadas sobre o assunto.

A companhia deve realinhar a maneira pela qual desenha, cria e vende produtos, dividindo suas atividades em segmentos masculino, feminino e infantil, em lugar de por categorias esportivas, como por exemplo futebol e corrida, disseram essas fontes.

Tradução de Paulo Migliacci

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