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Há milhares de George Floyds no Brasil, diz Juninho Pernambucano

Dirigente do Lyon afirma que perdeu contato com familiares por divergências sobre Bolsonaro

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São Paulo

O ex-jogador de futebol Juninho Pernambucano, 45, deu uma entrevista ao jornal britânico The Guardian publicada nesta terça-feira (7) em que abordou temas da política e sociedade brasileiras.

Hoje dirigente do Lyon, ele também falou sobre a morte do americano George Floyd, homem negro sufocado por um policial branco em maio, criticou o presidente brasileiro Jair Bolsonaro (sem partido) e também a gestão de carreira de Neymar.

“Há milhares de George Floyds no Brasil e outros milhares que sofreram em silêncio e nós não sabemos", afirmou o ex-meio-campista, heptacampeão francês como atleta do Lyon.

"É desumano dizer que não temos George Floyds no Brasil. Tiroteios acontecem todos os dias. Gays são perseguidos também e essa é uma das coisas que mais me deixam nervoso com as pessoas que apoiam o Bolsonaro. Mas ninguém pode vencer o tempo. Algum dia todos descobrirão quem realmente são", disse.

As críticas de Juninho ao governo Bolsonaro não são novidade. Em suas redes sociais, o ex-jogador do Vasco adotou uma postura de oposição às políticas e ações do presidente.

O dirigente, inclusive, diz que perdeu contato com "80% ou 90%" dos familiares, por discordâncias com relação a Bolsonaro. Recentemente, sua principal foco crítico está na administração federal da crise sanitária que assola o país com a pandemia da Covid-19.

Nesta segunda-feira (6), o Brasil ultrapassou a marca de 65 mil mortes, com 1.626.071 de pessoas infectadas pela doença.

"Quando você tira a Dilma de maneira tão desprezível, você quebra uma jovem democracia. [A vitória de] Bolsonaro é resultado de um juiz orgulhoso como o [Sergio] Moro no caso Lula, uma cultura de ódio contra o Partido dos Trabalhadores e fake news. Bolsonaro é filho do WhatsApp e das fake news", afirmou Juninho.

"As pessoas ricas dizem que devemos investir em educação. Mas como? Nós precisamos lutar contra a fome, que é o que o [ex-presidente] Lula fez. Imagine um pai ou uma mãe que não conseguem prover três refeições por dia aos seus filhos. Mas mais importante do que educação é dignidade. Dignidade humana é um direito que todos devemos ter. Desculpa, isso me deixa emocionado", disse o dirigente à reportagem do Guardian.

Juninho Pernambucano se tornou ídolo no Lyon participando do período mais vitorioso da história do clube francês, que conquistou sete edições consecutivas da Ligue 1, algo que nem o rico Paris Saint-Germain conseguiu ainda.

Ex-jogador do Lyon, Juninho Pernambucano é o diretor esportivo do clube francês
Ex-jogador do Lyon, Juninho Pernambucano é o diretor esportivo do clube francês - Philippe Desmazes - 3.jul.2019/AFP

Para o ex-meio-campista, sua experiência na Europa o ajudou a enxergar a carreira de maneira diferente. Segundo ele, no Brasil, as pessoas são ensinadas a se importar apenas com o dinheiro.

"Veja o Neymar. Ele foi para o PSG por causa de dinheiro. O PSG deu tudo a ele, tudo o que ele queria, e agora ele quer sair antes do fim do contrato. Mas agora é a hora de ele dar retorno, de mostrar gratidão. É uma troca. O problema é que o establishment no Brasil tem uma cultura de ganância e sempre quer mais dinheiro", disse.

"Eu preciso diferenciar entre Neymar como jogador e Neymar como pessoa. Como jogador, ele está no top 3 do mundo, no mesmo nível de Cristiano Ronaldo e Leo Messi. Mas como pessoa, acho que ele é culpado, porque ele precisa se questionar e crescer. No momento, porém, ele está fazendo apenas o que vida ensinou ele a fazer", completou Juninho.

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