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Pilotos se dividem em protesto antirracista na F-1

Seis deles não se ajoelharam antes do GP da Áustria, vencido por Valtteri Bottas

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São Paulo

Nos minutos que antecederam o início do GP da Áustria neste domingo (5), na abertura da temporada da F-1, os pilotos se uniram em protesto pedindo o fim do racismo. No entanto, 6 dos 20 competidores não se ajoelharam durante a execução do hino antes do GP vencido depois por Valtteri Bottas.

O gesto tem se repetido em várias manifestações pelo mundo desencadeadas após a morte do americano George Floyd, um homem negro que morreu após um policial branco se ajoelhar sobre o seu pescoço, em Minneapolis, nos EUA, no dia 25 de maio.

Na véspera da corrida, em uma reunião entre os pilotos, não houve consenso sobre a realização do ato, fato que incomodou Lewis Hamilton, 35, o único negro no grid da F-1 e atual campeão mundial.

"Eu descrevi o cenário em que o silêncio é geralmente cúmplice. Mas acho que faz parte de um diálogo, de pessoas tentando entender, porque ainda existem pessoas que não entendem completamente o que está acontecendo e qual é a razão desses protestos", afirmou o hexacampeão.

O holandês Max Verstappen, da Red Bull, e o monegasco Charles Leclerc, da Ferrari, dois dos seis pilotos que não se ajoelharam, justificaram suas posições neste domingo. Além deles, o italiano Antonio Giovinazzi (Alfa Romeo), o espanhol Carlos Sainz (McLaren), o finlandês Kimi Raikkonen (Alfa Romeo) e o russo Daniil Kvyat (AlphaTauri) não fizeram o gesto, que também ficou notabilizado quando o quarterback Colin Kaepernick iniciou atos antirracismo na NFL em 2016.

O holandês afirmou que está comprometido com a luta contra o racismo, mas acredita "que todos têm o direito de se expressar de cada vez e da maneira que lhes convém".

Já o monegasco disse que "o que importa são fatos e comportamentos em nossas vidas em vez de gestos formais que poderiam ser vistos como controversos em alguns países".

Em sua página oficial no Twitter, a F-1 divulgou vídeo com o momento do protesto e escreveu que "como indivíduos, escolhemos nossa própria maneira de apoiar a causa. Como um grupo de pilotos e uma família F-1 mais ampla, estamos unidos em seu objetivo".

​Apesar de não se ajoelharem, todos os pilotos usaram uma camisa com a inscrição "Fim ao Racismo". A única exceção foi Hamilton, que usou a frase "Vidas negras importam".

O inglês, que nesta temporada busca o seu sétimo titulo na F-1 para igualar o recorde do ex-piloto alemão Michael Schumacher, tem cobrado ações para que a principal competição do automobilismo mundial seja mais inclusiva.

A pedido dele, a Mercedes adotou a cor preta em seus carros em vez do prata, tradicionalmente usado pela escuderia alemã, como parte da campanha antirracista liderada por Hamilton na categoria.

Após pressão do britânico, a F-1 também anunciou nos últimos dias a criação do programa "We Race as One" ("Nós Corremos como Um"), com ações voltadas para a inclusão de pessoas de diferentes etnias, gênero e orientação sexual nas pistas e também no quadro de funcionários das equipes.

O domínio do hexacampeão o ajudou a se engajar cada vez mais na luta contra o racismo e protagonizar cenas como a vista em Londres no mês passado, quando ele participou de manifestações desencadeadas pela morte de George Floyd.

"Estou confiante de que a mudança virá, mas não podemos parar agora", escreveu o piloto em suas redes sociais após marchar pelas ruas da capital inglesa.

Na abertura da temporada que marca os 70 anos da F-1, o atual campeão terminou o GP da Áustria em segundo, atrás de seu companheiro na equipe Mercedes, Valtteri Bottas. Punido com a perda de 5 segundos por um toque em Alexander Albon, o inglês acabou caindo para o quarto lugar.

A punição ainda durante a corrida foi a segunda que o britânico sofreu neste fim de semana. Após uma reclamação da Red Bull, ele foi penalizado por ignorar uma bandeira amarela na parte do final do treino classificatório, no sábado (4). Com isso, ele perdeu a segunda posição no grid e largou em quinto.

Com Hamilton punido, Charles Leclerc, da Ferrari, ficou com o segundo lugar da corrida, e Lando Norris, da McLaren, chegou entre os três primeiros pela primeira vez em sua carreira.

Devido à pandemia do novo coronavírus, não houve a presença de público no autódromo Red Bull Ring, em Spielberg, na Áustria.

Os organizadores da F-1 implementaram um rígido esquema de segurança para evitar a disseminação do vírus. O número de profissionais envolvidos na realização da prova foi reduzido em cerca de 75%, incluindo funcionários das escuderias e as equipes de imprensa.

Ao fim da etapa, os três primeiros colocados subiram em um pequeno pódio, improvisado na própria pista. Ainda no circuito, à frente de seus carros, Bottas, Leclerc e Norris deram breves entrevistas, com a presença de um único repórter no local e todos respeitando um distanciamento de no mínimo dois metros.

Mesmo assim, eles ainda fizeram a tradicional chuva de champagne. Enquanto o trio fazia festa, outros nove pilotos tiveram um início de temporada frustrante, pois nem sequer completaram a corrida, entre eles Max Verstappen, da Red Bull, o primeiro a deixar a pista, após 12 voltas, quando estava em segundo.

A próxima etapa da categoria será novamente na Áustria, no dia 12. A dobradinha em solo austríaco faz parte de uma estratégia da F-1 para minimizar os impactos causados pela pandemia no calendário da categoria.

Com seu início adiado em quase quatro meses, além de algumas etapas canceladas, a temporada deste ano será mais curta, mas ainda não esta definido o número exato de provas que serão realizadas.

Após os dois GPs na Áustria, o campeonato vai passar por Hungria, Inglaterra (duas provas), Espanha, Bélgica e Itália. O Brasil, por enquanto, não está confirmado no calendário da F-1 deste ano.

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