O tenista sérvio Novak Djokovic, atual líder do ranking mundial, renunciou ao cargo de presidente do conselho de jogadores da ATP (Associação dos Profissionais do Tênis) e anunciou na noite deste sábado (29), em sua conta no Instagram, a criação de uma nova entidade para representar os atletas.
"Após uma reunião de sucesso hoje, temos o prazer de anunciar o início da Associação de Jogadores de Tênis Profissional (PTPA). A primeira associação exclusiva de jogadores de tênis desde 1972", disse o tenista na postagem.
A foto foi republicada por vários tenistas, entre eles o canadense Vasek Pospisil, que também pediu renúncia do conselho da ATP, e o sérvio Filip Krajinović.
O anúncio aconteceu a dois dias do início do US Open, na próxima segunda (31), e logo após a final do torneio de Cincinnati, vencido por Djokovic na tarde deste sábado. O sérvio ganhou do canadense Milos Raonic por 2 sets a 1.
Djokovic e outros jogadores estariam frustrados com a falta de influência que teriam nos campeonatos, segundo o jornal The New York Times.
O sérvio e Pospisil distribuíram um documento aos tenistas neste sábado que dá detalhes da ideia e pede a assinatura dos atletas —muitos estão isolados em Nova York para o início do US Open.
Pospisil anunciou no Twitter na noite desta sexta (28) que renunciava ao seu cargo na ATP. Na mensagem, ele disse que, dentro da estrutura atual do tênis masculino, “é muito difícil, senão impossível, ter impacto significativo em qualquer grande decisão tomada”.
A proposta da nova entidade é representar os 500 melhores do mundo no ranking masculino de simples e jogadores de duplas ranqueados entre os 200 melhores. O britânico Andy Murray criticou a falta de união com o circuito feminino.
"A ATP e essa associação de jogadores, se conseguirmos formalizá-la, podem coexistir e devem coexistir a princípio", afirmou Djokovic após a conquista do Masters 1.000 de Cincinnati. "Onde isso nos levará, o tempo dirá."
Neste sábado, antes do anúncio de Djokovic no Instagram, a ATP e outras duas entidades internacionais do esporte —ITF (federação internacional) e WTA (associação de tênis feminino)—, além das organizações dos quatro Grand Slams, publicaram um comunicado conjunto.
O texto diz que o tênis vive um momento delicado e que foi necessária união para que a modalidade retornasse durante a pandemia.
"Agora, mais do que nunca, precisamos de colaborações e relações fortes, e apoiamos inteiramente a ATP em seu papel de representar os melhores interesses dos tenistas neste processo."
"É tempo de uma colaboração ainda maior, não de divisão; um tempo para considerar e agir pensando nos melhores interesses do esporte agora e no futuro. Quando trabalhamos juntos, somos um esporte mais forte", diz o comunicado.
Também neste sábado, Rafael Nadal publicou em seu Twitter que o momento é de união, não de separação. "O mundo vive uma situação difícil e complicada. Eu pessoalmente acredito que estes são tempos para ter calma e trabalhar todos nós juntos na mesma direção", escreveu o espanhol, que foi apoiado pelo suíço Roger Federer.
"Concordo com Rafael Nadal. Esses são tempos incertos e desafiadores, mas acredito que é fundamental para nós permanecermos unidos como jogadores, e como um esporte, para pavimentar o caminho a diante", escreveu Federer em resposta à mensagem do espanhol.
Djokovic disse que gostaria de contar com o apoio do dos dois astros do esporte, mas que entende o posicionamento deles, apesar de discordar. "Entendo que alguns [jogadores] tenham opiniões diferentes e não acreditam que seja o momento adequado. De novo, eu sim acredito que seja o momento adequado."
Ele também negou que pretenda usar a nova organização para boicotar torneios de por outras entidades.
“Isso não é um sindicato. É uma associação de jogadores. Assim, não estamos propondo boicotes, estamos formando círculos paralelos", destacou. "Legalmente, estamos 100% seguros e estamos autorizados a formar a associação."
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