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Brasil celebra 50 anos da primeira vitória em momento difícil na F-1

Fittipaldi venceu em 1970, abrindo caminho que agora encontra obstáculos

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São Paulo

Quando Emerson Fittipaldi conquistou uma vitória considerada muito improvável, no circuito de Watkins Glen, nos Estados Unidos, há 50 anos, abriu caminho para uma trajetória vitoriosa do Brasil na F-1.

O próprio Emerson seria bicampeão mundial nos anos 1970. Nelson Piquet e Ayrton Senna, entre os anos 1980 e 1990, foram tri. E, da estreia de Fittipaldi em 1970 até o fim da temporada 2017, o país sempre teve pilotos no grid, com maior ou menor grau de sucesso.

Emerson posa, em 2010, com réplica da Lotus que guiou em 1970 - Mateus Bruxel - 2.nov.10/Folhapress

No momento em que celebra o cinquentenário de seu primeiro triunfo, porém, o Brasil vive uma fase difícil na categoria. Não há representantes entre os corredores titulares desde 2018; o país não receberá um GP em 2020 devido à pandemia e não tem contrato firmado a partir de 2021; e existe uma incerteza até em relação às transmissões da televisão para o ano que vem.

Exibindo as provas desde o tempo de Fittipaldi e detentora exclusiva dos direitos desde a década de 1980, a Globo decidiu não renovar o contrato para o próximo ano. Um consórcio adquiriu os direitos e negocia com diferentes emissoras, porém ainda não se chegou a uma definição.

Também não há a perspectiva imediata de que o campeonato volte a ter brasileiros ao volante. Sergio Sette Câmara e Pietro Fittipaldi são pilotos de testes da AlphaTauri e da Haas, respectivamente, e esperam sua vez, mas a concorrência é grande de jovens abraçados por patrocinadores fortes.

O que pode ser celebrado agora é o aniversário da primeira vitória do avô de Pietro. Emerson, em 4 de outubro de 1970, cruzou a linha de chegada à frente de todos os oponentes, uma jornada que ele guarda com carinho como uma das mais emocionantes de sua carreira.

Aquela corrida em Watkins Glen, nas cercanias de Nova York, acabou decidindo o título. Como foi o brasileiro o vencedor, e não o belga Jacky Ickx, da Ferrari, o campeonato acabou sendo conquistado pelo companheiro de Fittipaldi na Lotus, o alemão radicado na Áustria Jochen Rindt.

O detalhe é que Rindt havia morrido em um acidente no circuito de Monza, na Itália, enquanto liderava a disputa com folga. Ickx era o único capaz de alcançá-lo na corrida dos Estados Unidos, porém não teve um dia feliz e viu Emerson surpreender, assegurando o título póstumo do amigo.

Foi uma surpresa não porque faltasse talento ao brasileiro, mas porque ele havia estreado na F-1 no meio da temporada e era um jovem de 23 anos ainda tentando entender aquele mundo. Mas o chefe da Lotus, Colin Chapman, viu nele capacidade e nele apostou para ocupar a vaga de Rindt.

De qualquer maneira, naquele momento, ninguém esperava uma vitória de Fittipaldi, tornada ainda mais improvável por uma forte gripe. O brasileiro, no entanto, conseguiu o terceiro lugar no grid e ganhou confiança de que poderia fazer uma boa prova.

Se a largada abalou essa confiança, com a queda para a oitava colocação, pouco a pouco Emerson sentiu firmeza no carro e passou a forçar o ritmo. Ele contou também com a sorte para ganhar posições, com alguns dos adversários sofrendo com problemas técnicos.

Sua satisfação já era enorme com a segunda posição, a oito voltas do final, quando o paulista completou mais um giro no circuito e viu a placa “P1”, indicando que ele estava na primeira posição. O mexicano Pedro Rodríguez, que liderava com folga, precisou parar para um reabastecimento.

Fittipaldi, então, conduziu sua Lotus com todo o cuidado, no que chamou várias vezes de “as oito voltas mais longas da vida”. Venceu, tomou gosto pela bandeira quadriculada, conquistou o título da F-1 em 1972 e 1974, abriu caminho para uma série de conquistas brasileiras e agora torce para revê-las, sobretudo na figura do neto Pietro.

Piloto Pietro Fittipaldi
Pietro Fittipaldi, neto de Emerson, é candidato a suceder o avô - Divulgação/IndyCar
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