Contratação de Robinho faz Santos perder patrocinador

Rede de franquias de ortodontia diz que decisão foi tomada em respeito às mulheres

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São Paulo

A contratação de Robinho fez o Santos perder, nesta quarta -feira (14), o patrocínio da Orthopride, rede de franquias de ortodontia e estética. O clube recebia cerca de R$ 2 milhões anuais da empresa, com a qual tinha acordo desde 2018.

A companhia decidiu romper o contrato para não associar sua imagem à do atacante, que assinou com o clube no final da semana passada.

Robinho foi condenado em primeira instância na Itália em 2017 a nove anos de prisão por violência sexual. Ele é acusado de ter estuprado uma mulher de origem albanesa junto com cinco outros homens no final de 2013, quando atuava pelo Milan.

Robinho nega as acusações e apresentou recurso. Uma audiência da segunda instância está marcada para dezembro, em Milão. Se a condenação for confirmada, ele ainda terá mais uma possibilidade de apelação na Justiça italiana.

Em entrevista ao GE Richard Adam, diretor de operações da Orthopride, disse que a decisão de romper o contrato foi tomada por respeito às mulheres.

"Nós temos enorme respeito pela história do Santos. Mas neste momento decidimos pelo rompimento do contrato de patrocínio. Nosso público é majoritariamente feminino e, em respeito às mulheres que consomem nossos produtos, tivemos que tomar essa decisão", afirmou Adam.

Nesta quarta, após a notícia da saída da patrocinadora, o Santos publicou sua primeira nota oficial sobre o assunto.

"O clube não pode entrar no mérito da acusação, pois o processo corre em segredo de Justiça na Itália e sobretudo o Santos FC orgulha-se de, em sua história, sempre respeitar as garantias fundamentais do ser humano, dentre as quais, a presunção da inocência e o respeito ao devido processo legal", afirma a nota.

"Não será o Santos FC que lhe dará uma sentença antecipada, prejulgando e o impedindo de exercer sua profissão", continua a agremiação. "Infelizmente vivemos na era dos cancelamentos, da cultura dos tribunais da internet e dos julgamentos tão precipitados quanto definitivos, porém há a certeza que o torcedor do Santos FC entenderá que compete exclusivamente à Justiça realizar o julgamento."

O clube diz ainda que não há mudanças em seu posicionamento nas campanhas de combate à violência contra a mulher: "São valores irrenunciáveis e que fazem parte da história do legado Alvinegro".

O acordo entre Robinho e Santos foi oficializado no último sábado (10), no CT Rei Pelé, com duração de cinco meses, até o fim do Campeonato Brasileiro, em fevereiro de 2021.

O salário, segundo o clube, será simbólico de R$ 1.500, mas envolve também outros ativos de performance, prevendo bônus de R$ 300 mil após dez partidas jogadas e outros R$ 300 mil depois de 15 jogos. Os valores, no entanto, só serão pagos no próximo ano.

Robinho durante treino no CT Rei Pelé, do Santos, nesta terça (13)
Robinho durante treino no CT Rei Pelé, do Santos, nesta terça (13) - Ivan Storti-13.out.20/Santos FC

Leia a nota do Santos na íntegra

O Santos FC, em seus 108 anos de história, sempre se caracterizou por ser uma instituição inclusiva e socialmente responsável. Referência no combate ao racismo, contra qualquer tipo de violência, especialmente contra a mulher, referência no investimento no futebol feminino e engajamento em diversas causas. Estes são pilares e valores que formam a identidade do Clube brasileiro mais conhecido no Mundo e motivo de raro orgulho por todas as suas contribuições para o desporto nacional. A agremiação também reconhecida pela excelência na formação de atletas, relação próxima e respeitosa por todos aqueles que em campo ajudaram a construir nossa história.

Com relação ao processo do atleta Robson de Souza, o Clube não pode entrar no mérito da acusação, pois o processo corre em segredo de Justiça na Itália e sobretudo o Santos FC orgulha-se de, em sua história, sempre respeitar as garantias fundamentais do ser humano, dentre as quais, a presunção da inocência e o respeito ao devido processo legal.

Ressalta-se ainda que não há condenação definitiva e o atleta responde em liberdade e não será o Santos FC que lhe dará uma sentença antecipada, prejulgando e o impedindo de exercer sua profissão.

Como Clube formador, onde o atleta viveu seus melhores momentos, em que teve diversas conquistas, não seria a nossa coletividade a lhe dar as costas e decretar juízo final de valor em um processo com recursos em andamento.

Não há mudança no posicionamento do Clube em relação ao combate à violência contra a mulher ou outras campanhas que sempre participou neste sentido. São valores irrenunciáveis e que fazem parte da história do legado Alvinegro.

Infelizmente vivemos na era dos cancelamentos, da cultura dos tribunais da internet e dos julgamentos tão precipitados quanto definitivos, porém há a certeza que o torcedor do Santos FC entenderá que compete exclusivamente a Justiça realizar o julgamento.

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