Um dos primeiros atos de Orlando Rollo, novo presidente do Santos, foi subir a serra e ir à sede da FPF (Federação Paulista de Futebol), em São Paulo. Durante reunião com o presidente da entidade, Reinaldo Carneiro Bastos, pediu ajuda política e, principalmente, financeira.
Disse que a situação do Santos é dramática e que o clube corre o risco de perder seis pontos no Campeonato Brasileiro ou até ser rebaixado, por determinação da Fifa. Saiu do encontro com a promessa de que a FPF vai liberar cerca de R$ 1,5 milhão na próxima semana.
É um dinheiro a que o clube tem direito, referente a patrocinadores do Estadual deste ano. O pagamento seria feito apenas em dezembro, mas será antecipado.
Nos próximos dias, Rollo vai à CBF falar com o presidente Rogério Caboclo. Em seguida, viajará ao Paraguai para conversar com o mandatário da Conmebol, Alejandro Domínguez. O discurso será repetido: o Santos precisa de ajuda.
"Eu fui e vou pedir ajuda para todo mundo. O Santos chegou no fundo do poço. Estamos de chapéu na mão", afirma ele à Folha.
Rollo assumiu o cargo na última segunda-feira (28), quando o então presidente José Carlos Peres foi afastado pelo conselho deliberativo por gestão temerária. Suas contas referentes a 2019 acabaram reprovadas. Ele tenta voltar ao poder por meio de uma liminar judicial, negada até o momento.
Em até 60 dias, uma assembleia de sócios terá de confirmar o afastamento do presidente ou reconduzi-lo ao poder. Se a votação não acontecer nesse prazo, Peres terá o direito de retornar, mas por pouco tempo, porque o clube ainda terá novas eleições neste ano.
Rollo foi eleito como vice-presidente no final de 2017, mas brigou com Peres no segundo mês de gestão e se afastou do clube de forma oficial. "O que a gente combinou quando ganhou a eleição, vou tentar fazer agora. Serão 3 anos em 3 meses", afirma.
Segundo ele, o Santos precisa de R$ 53 milhões até 31 de dezembro para pagar as dívidas com Huachipato (CHI), Hamburgo (ALE) e Atlético Nacional (COL) que impedem o clube de inscrever atletas e podem gerar novas sanções. As pendências são pelas contratações de Soteldo, Cleber Reis e Vladimir Hernandez. O dinheiro também serviria para quitar a folha de pagamentos até o final do ano.
"Até para vender a gente está prejudicado. O estatuto diz que três meses antes de acabar a gestão você não pode nem vender jogador nem antecipar cota ou receita do próximo mandato, a não ser que tenha autorização do conselho deliberativo", diz.
Se aparecer uma oferta concreta por algum atleta, ele pretende pedir a convocação de uma reunião de emergência do conselho deliberativo para aprovar a negociação. A maior aposta é pela saída do zagueiro Lucas Veríssimo.
Para ganhar a confiança do elenco, Rollo diz ter arranjado dinheiro para adiantar o pagamento da folha de outubro do elenco profissional e também as premiações pelas vitórias contra Ceará e Atlético-MG.
Quando declara querer fazer 3 anos em 3 meses, se trata de um slogan para resgatar as promessas da chapa eleita em 2017: tornar o Santos mais transparente e unir diferentes correntes políticas.
O novo comitê de gestão foi montado com aliados dos oito candidatos a presidente nas eleições marcadas para dezembro.
A ideia é que o próximo eleito não precise fazer uma transição no poder e que já sente na cadeira, em 1º de janeiro, sabedor do quadro financeiro real do Santos. Quando apresentou as contas do clube, Rollo chamou até integrantes de torcidas organizadas. Ele foi um dos fundadores da Torcida Jovem na Baixada Santista.
Também nomeou um superintendente administrativo e financeiro e Filipe Ximenes para ser superintendente de esportes.
"Ser presidente é um sonho. Eu me preparei a vida toda para isso. Mas não nessas condições", finaliza.
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