Lakers desafiam NBA moderna e transitam entre eras do basquete

Campeão aposta em estatura no garrafão, como os times antigos, e sufoca os rivais longe dele

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São Paulo

O Los Angeles Lakers conquistou o título da NBA, neste domingo (11), mostrando ser capaz de enfrentar todo tipo de adversário. Com estatura no garrafão para incomodar os rivais e agilidade para caçar jogadores longe dele, o time teve a força de um basquete que parecia fora de moda sem deixar de se ajustar aos aspectos mais modernos do jogo.

Em uma era na qual os pivôs tradicionais estão em extinção, o time dirigido por Frank Vogel revezou JaVale McGee, de 2,13 m, Dwight Howard, de 2,11 m, e Anthony Davis, de 2,08 m, na posição. Com isso, protegeu a própria cesta e levou vantagem nos rebotes sobre todas as equipes enfrentadas nos playoffs.

Invertendo a lógica de uma liga cada vez mais voltada ao perímetro, os Lakers construíram sua superioridade sobre Portland Trail Blazers, Houston Rockets, Denver Nuggets e Miami Heat –com 16 vitórias em 21 jogos nos mata-matas– pontuando no garrafão. Isso não significou abrir mão do arremesso de três pontos, mas era notória a diferença de estilos.

“Nós queremos ser o time mais físico da quadra toda noite, não importa quem esteja do outro lado”, afirmou Vogel, durante o duelo com os Nuggets, repetindo uma mensagem que passou desde a pré-temporada.

Na final, a equipe de Los Angeles enfrentou um Miami cujo pivô titular tinha 2,06 m, Bam Adebayo. É a mesma altura de LeBron James, que estava atuando nos Lakers como armador, tradicionalmente a posição com os atletas mais baixos. Diante dessa diferença, nenhuma estratégia dos oponentes teve sucesso duradouro.

O técnico Frank Vogel cobrou imposição física de seus atletas desde a preparação para a vitoriosa temporada - Kevin C. Cox - 2.out.20/AFP

O Portland procurou igualar a questão jogando com dois pivôs. O Houston atuou com nenhum. Denver usou um pivô passador, que se alternava entre o garrafão e a linha de três. Miami tentou uma marcação por zona –que havia funcionado na final do Leste, contra o Boston Celtics– e logo desistiu. Nada funcionou.

O Heat ainda lançou mão de uma formação de menor estatura na esperança de levar vantagem na velocidade. A lógica era: se eles são maiores, eu posso ser mais ágil. O problema é que os Lakers não eram apenas mais altos; eles eram mais altos, mais fortes e também mais rápidos, capazes de frustrar diferentes apostas.

Na série contra os Rockets, por exemplo, Frank Vogel fez ajustes para encarar um time de formação incomum, que atuava sem ninguém no garrafão ofensivo e apostava no volume de arremessos de três. O treinador acabou abrindo mão de McGee e Howard, que tinham dificuldade para marcar longe da cesta, mas manteve uma presença massiva perto do garrafão, Davis. Ficou fácil.

A chave está justamente na versatilidade de Davis e também na de LeBron, tanto na defesa quanto no ataque. Davis era um armador que cresceu tardiamente e carregou os macetes da posição quando se tornou pivô. LeBron é um fenômeno da natureza, capaz, perto de completar 36 anos, de se impor fisicamente sobre os rivais em todas as partes da quadra.

Assim, mesmo nas situações em que precisou abrir mão de um pouco de sua estatura por circunstâncias dos jogos, os Lakers continuaram um time alto, forte e veloz, sempre com vantagem nos rebotes e nos contra-ataques. Com as estrelas mais maleáveis da liga, conseguiram fazer valer sua força e frustraram equipes com elencos teoricamente mais adaptados ao jogo moderno.

“Desenhamos um plano que nos deu flexibilidade. Poderíamos enfrentar times menores com o Anthony na posição 5 [pivô] ou resolver jogar com uma formação grande, com dois pivôs”, explicou Vogel, que voltou a diminuir a estatura da equipe no duelo final.

O ataque roxo e amarelo chegou a engasgar em algumas oportunidades, sobretudo quando não conseguiu resolver logo as jogadas e precisou adotar um jogo metódico, de meia quadra. Mas, sempre que precisaram, os campeões apertaram sua defesa –Davis foi espetacular nessa parte– no que acabou sendo um caminho relativamente tranquilo nos playoffs.

Lakers usaram sua força no garrafão para intimidar Jamal Murray, do Denver Nuggets, e todos os demais adversários nos playoffs - Kim Klement - 18.set.20/USA Today Sports

Essa caminhada teve ainda a participação importante e improvável de veteranos que não eram queridos pelos torcedores. O armador Rajon Rondo era um velho rival, membro do Boston Celtics que bateu os Lakers na final de 2008 e foi derrotado na de 2010. Dwight Howard tinha passado pelo time na temporada 2012/13, sem deixar saudade.

Ambos acabaram tendo momentos cruciais no mata-mata, assim como o ala-armador Kentavious Caldwell-Pope, que era bastante contestado no início do ano e se tornou uma peça-chave. Agora, os questionamentos ficaram para trás.

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