Descrição de chapéu Maradona (1960-2020)

Inspirador até em aquecimento, Maradona conquistou fãs com amor pelo jogo

Cena antes de triunfo do Napoli na Copa da Uefa é uma das marcantes do craque

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São Paulo

A comoção pela morte de Diego Maradona trouxe à memória alguns de seus lances mais espetaculares. Houve também quem tenha logo se lembrado da figura carismática do craque fora do campo, torcendo pelo Boca Juniors ou abraçando Fidel Castro. E teve muita gente que recordou um trabalho de aquecimento.

Uma das cenas marcantes da trajetória do argentino é sua movimentação no gramado do estádio Olímpico de Munique, em 19 de abril de 1989. Na ocasião, ele se preparava para defender o Napoli contra o Bayern e colocar o time italiano na decisão da Copa da Uefa –outra vitória, com o título conquistado sobre o Stuttgart.

A imagem não é a de um jogador tenso nos instantes anteriores a uma partida importante. É a de um menino se divertindo com a bola, despreocupado, com as chuteiras desamarradas, sorrindo e passando o tempo com seu brinquedo favorito.

Entre embaixadinhas e malabarismos, Maradona foi ajustando o ritmo de seu corpo à música que era tocada nos alto-falantes da arena, o hit “Live is Life”, da banda austríaca Opus. O público passou a reagir, e aí o menino despreocupado se juntou ao homem exibicionista que adorava um aplauso.

O resultado foi o que ficou conhecido como “o maior aquecimento de todos os tempos”. A alegria demonstrada pelo camisa 10 naquele momento e seu amor pela bola arrebataram muitos fãs pelo mundo e foram recordados no adeus do jogador, que morreu aos 60 anos.

“Vejo muito e me inspira o vídeo em que ele está no meio do campo, a dar toques e a desfrutar da música 'Live is Life', uma daquelas de que mais gosto. O que faz com a bola é espetacular”, disse o técnico português Abel Ferreira, que fez questão de iniciar sua entrevista após a vitória do Palmeiras sobre o Delfín, na quarta, recordando a famosa cena de Munique.

Quando a bola rolou para valer, Maradona continuou tratando a bola com o carinho que demonstrara minutos antes. Com dois passes precisos para o brasileiro Careca, foi decisivo no empate por 2 a 2 que classificou o Napoli à decisão –o jogo de ida fora vencido pelos italianos por 2 a 0.

Mas as assistências daquela noite, mais duas em uma carreira repleta de toques de categoria, são menos lembradas pelos adoradores do craque do que o malabarismo prévio. Quando aquela jornada completou 30 anos, em 2019, o argentino a recordou nas redes sociais. E não foram os passes para Careca o que ele exibiu.

“Vejo e me faz lembrar o tempo de Argentinos Juniors, quando éramos os Cebollitas”, escreveu o ex-jogador, referindo-se à camisa que defendia nas categorias de base e o nome pelo qual eram chamados os garotos do clube. “Vocês já devem estar cansados de vê-lo, mas este é o vídeo preferido do meu neto Benjamín.”

Maradona é ainda idolatrado pela torcida do Napoli - Ciro de Luca - 10.abr.16/Reuters

Rememorar a cena fez parte das homenagens a Maradona nesta semana. A própria banda Opus voltou a publicar o vídeo, e a canção “Live is Life”, que atingira o topo das paradas em 1985, voltou a ser tocada nos estádios.

“Somos muito orgulhosos e muito gratos por esse vídeo. Ele mostra não apenas a categoria sem igual do Maradona nas embaixadinhas mas também sua diversão e seu contentamento com a vida, o que é perfeitamente apropriado à nossa música”, afirmou à Folha Ewald "Sunny" Pfleger, compositor da música.

“A ideia básica da canção era que tocar nossa música ao vivo é a nossa vida. E jogar futebol era a vida dele”, acrescentou o guitarrista da Opus.

Na quarta, o sistema de som da Johan Cruijff Arena, em Amsterdã, executou a obra antes da partida entre Ajax e Midtjylland, pela Liga dos Campeões. O lateral argentino Tagliafico, do Ajax, procurou recriar a descontração exibida pelo ídolo há mais de três décadas.

“Live is Life” apareceu novamente nesta quinta, no primeiro jogo do Napoli desde a morte de seu grande craque. A imagem do camisa 10 apareceu no telão do antigo estádio San Paolo, rebatizado como Diego Armando Maradona.

A homenagem foi completada com uma vitória por 2 a 0 sobre o Rijeka, pela Liga Europa. É assim que agora é chamada a velha Copa da Uefa, conquistada pelo clube em 1989, sob a regência de seu maestro sorridente.

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