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Maradona se recupera após cirurgia para tratar hematoma na cabeça

Médico e equipe do jogador afirmam que operação em Buenos Aires foi um sucesso

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Buenos Aires

Submetido a uma operação após ter sido descoberto um hematoma no lado esquerdo da sua cabeça, Diego Maradona se recupera bem, segundo informações divulgadas por seu médico na noite desta terça-feira (3).

O ex-jogador de 60 anos entrou na sala de cirurgia numa clínica em Olivos, em Buenos Aires, por volta das 21h15. "Durou uma hora e 20 minutos, e conseguimos evacuar o hematoma subdural crônico com sucesso", afirmou Leopoldo Luque ao deixar a clínica.

O procedimento também foi comemorado pelo assessor de imprensa de Maradona, Sebastian Sanchi, que informou por meio das redes sociais que "Diego está bem em seu quarto, descansando".

A movimentação de fãs era intensa nas imediações da clínica. Muitos cantavam músicas e traziam faixas de apoio ao ex-jogador.

Ignacio Saenz, 32, vive em Vicente Lopez e decidiu levar “boas energias” ao seu ídolo. Usando uma camiseta da seleção argentina, o torcedor do Boca afirmou que “Maradona não tem culpa das coisas que acontecem com ele".

"As pessoas do seu entorno deveriam cuidar dele, não deixar ele beber. Nós torcedores temos que cuidar de Diego, porque Diego é a Argentina", disse.

Na manhã desta quarta, o advogado de Maradona, Matías Morla, falou com a imprensa na entrada da clínica: "Obrigada a todos os que se comunicaram para saber da saúde de Diego, desde o presidente da nação [Alberto Fernández], a vice-presidente Cristina Kirchner. Também Evo Morales [ex-presidente da Bolívia] e todos os mandatários da América Latina que estão preocupados com sua saúde".

Perguntado sobre uma possível ida do ex-jogador a Cuba para continuar o tratamento, Morla declarou: "Diego ama Cuba, ontem [terça] falei com o filho de Fidel Castro. Tanto Venezuela como Cuba são países amigos para que Diego esteja. Mas sua cabeça está agora no Gimnasia, ele quer continuar sendo técnico do Gimnasia".

Maradona foi levado de La Plata, onde trabalha atualmente como técnico do Gimnasia y Esgrima, para Buenos Aires na tarde de terça. Horas antes de afirmar que a cirurgia seria necessária, Leopoldo Luque havia dito que seu paciente estava bem, apenas “anêmico e um pouco desidratado”. A mudança de discurso surpreendeu fãs e jornalistas do lado de fora da clínica.

O ex-jogador argentino havia passado mal na segunda-feira. A informação, então, era de que faria alguns exames de rotina. Ele tem um histórico de vício em cocaína, é cardíaco e toma medicação psiquiátrica, às vezes por conta própria.

A detecção do hematoma subdural (acúmulo de sangue entre o cérebro e seu revestimento externo) ocorreu depois da realização de uma tomografia por volta das 12h de terça. Segundo o médico, a lesão tinha de 10 a 14 dias e foi a causa do quadro de anemia constatado inicialmente.

Luque disse que o hematoma poderia ter sido causado por uma queda do banco do Gimnasia, durante um treino, que ocorreu recentemente, ou praticando boxe, um de seus passatempos atuais. Ou, ainda, que ele poderia ter levado uma bolada na cabeça muito forte há meses e que só agora tivesse se transformado num problema.

Maradona como técnico do Gimnasia y La Plata durante partida contra o Boca Juniors
Maradona como técnico do Gimnasia y La Plata durante partida contra o Boca Juniors - Alejandro Pagni - 7.mar.20/AFP

"A partir desse traumatismo, gerou-se um derramamento de líquido que foi se acumulando", afirmou Luque. Durante o dia, o médico tentou tranquilizar os fãs e jornalistas, afirmando que era difícil que a operação deixasse sequelas e que era "um procedimento de rotina".

Acrescentou, ainda, que o ex-jogador estava consciente e que lhe foi explicada a situação. "Diego está de acordo com a cirurgia", afirmou. Quando foi questionado por que havia dado informações bem diferentes na manhã de terça, o médico apenas saiu caminhando rápido e esquivando-se dos repórteres.

Na homenagem que foi feita quando completou 60 anos, na sexta-feira passada (30), Maradona apareceu no estádio do Gimnasia La Plata visivelmente abatido. Mancando e balbuciando, foi amparado até o local onde havia um bolo e lhe entregaram uma placa.

Devido à pandemia do coronavírus, não havia público, e foi feita apenas uma comemoração com fogos de artifício. Maradona havia dito que queria uma festa com seus filhos presentes. Há relatos de pessoas próximas de que ele andava deprimido por conta do isolamento da quarentena.

Seu time, naquele dia, jogou contra a equipe do Patronato, mas Maradona, que não se sentia bem, deixou o campo.

Bandeira com imagem de Diego Maradona em frente a clínica em La Plata
Bandeira com imagem de Diego Maradona em frente a clínica em La Plata - Matias Baglietto/Reuters

Suas filhas Dalma e Gianinna se manifestaram nas redes sociais, apontando que há mais de um ano vêm alertando de que Diego não está bem e que vem sendo "usado" pelas pessoas que o rodeiam.

Gianinna lembrou que, há um ano, havia afirmado que seu pai "não está morrendo porque seu corpo assim o decide e sim o estão matando por dentro sem que ele possa perceber". "Rezem por ele", disse ela, que acompanhou Diego na ambulância entre La Plata e Buenos Aires.

Segundo Gianinna publicou em sua conta no Instagram, o ex-jogador é mantido "sob uso de remédios, só para que se tirem fotos dele".

Já Dalma Maradona foi ainda mais explícita: "Quando minha irmã disse que me pai não estava bem, mandaram um jornalista na casa dela para falar mal dela e a amedrontar. E agora? Bom, não estávamos tão loucas, não é?".

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