Flamengo diz que laudo aponta injúria racial de Ramírez contra Bruno Henrique

Clube contratou especialistas em leitura labial para analisar imagens de partida contra o Bahia

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São Paulo

O vice-presidente geral e jurídico do Flamengo, Rodrigo Dunshee, afirmou nesta terça-feira (22) que especialistas em leitura labial identificaram uma injúria racial do colombiano Juan Ramírez, do Bahia, proferida a Bruno Henrique, do Flamengo.

Os dois discutiram no mesmo jogo em que Gerson acusa Ramírez de ter-lhe dito "cala a boca, negro".

Os especialistas que analisaram as imagens são do Instituto de Educação de Surdos (Ines). O laudo será encaminhado pelo Flamengo ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) e à polícia fluminense. A filmagem que mostra o bate-boca entre Ramírez e Bruno Henrique viralizou nas redes sociais nesta terça.

Bruno Henrique e Ramírez discutem durante partida entre Flamengo e Bahia
Bruno Henrique e Ramírez discutem durante partida entre Flamengo e Bahia - Sérgio Moraes/Reuters

"O Flamengo encomendou a especialistas do Ines uma leitura labial da situação do Ramírez com o Bruno Henrique momentos antes do que se passou com o Gerson. A prova revelou que teria havido a ofensa, vamos apresentar ao STJD e entregar à polícia", escreveu Dunshee em sua conta no Twitter.

Luis Felipe Ramos Barroso, Felipe Oliver e Mikel Vidal, especialistas em leitura labial consultados pelo GloboEsporte.com, afirmam que Ramírez diz a Bruno Henrique o seguinte: "Está falando muito, seu negro".

Vidal é filho de colombianos e tem experiência em perícia na língua espanhola. Todos os especialistas ouvidos pelo site trabalham como tradutores no Ines, e Barroso acrescenta que Bruno Henrique também ofende Ramírez, chamando-o de "gringo de merda" na discussão.

A assessoria de Bruno Henrique afirma que o atacante não ouviu Ramírez chamá-lo de "negro".

Em entrevista à Folha Guilherme Bellintani, presidente do Bahia, afirmou que, se as supostas injúrias raciais forem comprovadas, o episódio se tornará uma mancha na história do clube, que promove iniciativas contra o racismo.

A estratégia do Flamengo para o desdobramento do caso foi verificar todos os registros de áudio coletados durante a partida após a denúncia de Gerson, no domingo. Não há evidência no material de ofensas dirigidas a Gerson.

Na manhã desta terça, o meio-campista do Flamengo foi à delegacia prestar depoimento sobre a suposta injúria cometida por Ramírez contra ele.

"Estou aqui na delegacia, vim falar sobre o ocorrido. Quero deixar bem claro que não vim aqui só para falar por mim, mas também para falar por minha filha, que é negra, meus sobrinhos, que são negros, meu pai, minha mãe, amigos também, e a todos os negros que têm no mundo", declarou o meio-campista em trecho de vídeo divulgado pelo Flamengo.

Em nota divulgada na noite de terça, o Bahia informou que não teve acesso a nenhum laudo produzido sobre o tema e que contratou uma perícia própria para apurar os episódios envolvendo Ramíres, Gerson e Bruno Henrique.

"Além disso, [o clube] lamenta que um jogo de futebol tenha transcorrido em clima tão agressivo de todas as partes, que, além da denúncia de racismo, protagonizaram desrespeitos mútuos, agressividades e xenofobia”, diz a equipe nordestina em trecho final do comunicado.

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