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Preocupação com segurança marca atípico GP de Sakhir da F1

Prova no Bahrein tem traçado inusual, Russell no lugar de Hamilton e estreia de Pietro

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São Paulo

Com o campeonato já definido, o GP de Sakhir da F1, no domingo (6), poderia servir apenas para cumprir o calendário. Mas uma série de fatores o transformou num dos mais aguardados da temporada.

A prova no Bahrein será disputada num traçado com o qual a categoria não está acostumada; terá o desfalque por Covid-19 do heptacampeão Lewis Hamilton, substituído em sua Mercedes por George Russell, um promissor piloto da Williams; e ainda será marcado pelo retorno do Brasil ao grid após três anos, com Pietro Fittipaldi na Haas.

Tudo isso uma semana após o tumultuado GP do Bahrein, realizado no mesmo autódromo, quando o impressionante acidente com o francês Romain Grosjean paralisou a prova por quase uma hora e meia.

O SporTV 2 transmite a prova às 14h10 (de Brasília) e o treino de classificação neste sábado (5), às 14h.

No novo desenho da pista, as voltas serão mais curtas, com tempo médio estimado de 55 segundos. No formato original, a volta mais rápida durante o GP do último fim de semana foi 1min32s014, de Max Verstappen, da Red Bull.

O traçado com uso do anel externo do circuito já estava definido desde a divulgação das alterações no calendário, em agosto, por causa da pandemia de Covid-19. Assim, o Bahrein passou a receber duas corridas em fins de semana consecutivos.

A mudança não tem relação com o acidente de Grosjean, que bateu no guard rail e viu sua Haas se partir ao meio após uma explosão, mas aumenta a tensão por trazer um elemento novo (e mais veloz) para a categoria logo após seu principal susto nos últimos anos.

A batida a mais de 200 km/h ocorreu na saída da curva 3, local mantido no novo traçado. Para o GP de Sakhir, além da reconstrução do guard rail, foram adicionadas filas de barreira de pneus para aumentar a segurança dos pilotos. A FIA (Federação Internacional de Automobilismo) ainda investiga a causa do acidente.

"A barreira na curva 9 será estendida, e serão acrescentadas mais quatro fileiras de pneus. A zebra direita nas curvas 8 e 9 será removida para diminuir o risco de o carro ser catapultado enquanto o anel externo estiver sendo usado", informou a entidade em comunicado.

Apesar da violência do impacto, Grosjean escapou com ferimentos leves. Ele teve queimaduras nas duas mãos e ficou internado por três dias. Teve alta na quarta-feira (2) e, na quinta, visitou o circuito.

Carro pegando fogo no autódromo
Acidente com Grosjean assustou a F1 no último domingo - Tolga Bozoglu - 29.nov.20/AFP

"Para mim não foram 28 segundos. Pareceram 30 minutos", ele disse nesta sexta (4), sobre o tempo que levou para conseguir sair do carro e escapar do incêndio.

O francês deu mais detalhes sobre o que sentiu no momento. "Estou em paz, estou morrendo. Comecei a me perguntar se o fogo queimaria minha sapatilha, meu pé, minha mão, se aquilo iria doer, por onde iria começar. Aquilo pareceu ter durado alguns segundos, mas acho que foram milésimos. Aí eu pensei nos meus filhos e disse: ‘Eles não podem perder o pai deles hoje'."

Grosjean não terá condições de atuar neste fim de semana. Apesar de desejar, também dificilmente poderá participar do GP de Abu Dhabi, no dia 13 de dezembro, última prova da temporada.

Em Sakhir, o francês foi substituído por Pietro Fittipaldi, 24. O neto do bicampeão Emerson (1972 e 1974) se tornará o 32ª brasileiro na história da F1.

Ele, que já participou dos treinos livres nesta sexta, ficou em 19º na primeira sessão e em 18º na segunda, entre os 20 participantes —posição esperada e a 0s3 do companheiro Kevin Magnussen.

Pietro Fittipaldi em sua Haas nos treinos livres do GP de Sakhir
Pietro Fittipaldi em sua Haas nos treinos livres do GP de Sakhir - Bryn Lennon/AFP

Na Haas desde novembro de 2018, quando chegou à equipe como piloto de testes, Pietro disse que espera uma estreia desgastante devido ao formato do circuito. "É mais curto, com retas longas, menos curvas e mais zonas de frenagem pesadas. A velocidade e o ritmo provavelmente serão as partes mais difíceis", afirmou.

O último brasileiro a disputar uma prova da F1 foi Felipe Massa, na temporada de 2017.

O piloto reserva da Haas, contudo, tem poucas chances de seguir na F1 no ano que vem. A equipe já confirmou que o alemão Mick Schumacher, filho do heptacampeão Michael, e o russo Nikita Mazepin formarão a dupla após as saídas de Grosjean e Magnussen no fim do ano.

Enquanto Fittipaldi estreará, o heptacampeão por antecipação Lewis Hamilton será a grande ausência do GP de Sakhir. Na terça-feira (2), a Mercedes informou que o inglês está com Covid-19 e em isolamento.

"Ele não está muito bem. Quero dizer, Covid-19 não é algo que você deve encarar de forma tranquila e ele está em boas mãos, o mais importante, mas esses primeiros dias não têm sido tão bons", disse o chefe da Mercedes, Toto Wolff.

A baixa de Hamilton provocou outra situação inusitada, já que o escolhido para substituí-lo foi um piloto de outra equipe, o inglês George Russell, 22, da Williams, que já começou com os melhores tempos desta sexta.

O jovem tem boa relação com Wolff, desde sua passagem pela escuderia alemã como piloto reserva, em 2018. No ano passado, ele foi liberado para correr pela Williams, com um contrato de três anos.

Wolff avalia Russell como um bom nome para o futuro e por isso buscou acordo com o time britânico, que o liberou. O anglo-sul-coreano Jack Aitken, 25, que disputa a F2, está na Williams neste fim de semana.

Para pilotar a Mercedes de Hamilton, o jovem inglês teve de usar sapatilhas com tamanho 42, menor que o seu usual, para caber no carro. Normalmente, ele usa tamanho 43, e o heptacampeão, 41.

Pete Bonnington, engenheiro da Mercedes, brincou que teria de fazer mudanças no corpo do piloto para entrar no carro. "Falei com Bono [Pete] e ele me disse: 'certamente podemos fazer algumas modificações no seu corpo'. Eu ri, sem saber do que ele estava falando, mas está tudo bem", contou Russell.

Quem não ficou contente com a situação foi Stoffel Vandoorne, piloto belga de 28 anos, reserva da equipe alemã e que acabou preterido. "Estou desapontado", escreveu no Twitter. "Depois de passar o ano viajando para todas as corridas de F1 e me dedicando tanto tempo a este programa... dói!".

A principal disputa ainda em aberto na F1 é pelo vice-campeonato. Valteri Bottas, companheiro de equipe de Hamilton, aparece na segunda posição, mas tem o holandês Max Verstappen na sua cola, com uma diferença de apenas 12 pontos.

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