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Aos 43, Tom Brady está a um jogo do primeiro Super Bowl em nova casa

Astro obtém sucesso com Tampa Bay Buccaneers, mas é zebra contra o Green Bay Packers

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São Paulo

A maior parceria da história da NFL terminou em março do ano passado, quando o quarterback Tom Brady anunciou a saída do New England Patriots depois de 20 anos. Era o fim da sua associação com o técnico Bill Belichick.

Juntos, os dois venceram seis Super Bowls (o título da NFL, liga profissional de futebol americano), ganharam 30 jogos de playoffs, nove troféus da AFC (American Football Conference, a conferência que leva o seu campeão para o Super Bowl) e 17 títulos AFC East, a divisão em que estão os Patriots.

Neste domingo (24), às 17h05 de Brasília (com transmissão da ESPN), Brady estará mais uma vez em uma final de conferência, a 60 minutos de chegar ao nono Super Bowl da carreira.

Ele vai comandar o ataque do Tampa Bay Buccaneers, fora de casa, contra o Green Bay Packers do também veterano quarterback Aaron Rodgers, 37, pela decisão da NFC (National Football Conference).

Se o time da Flórida ganhar, será o primeiro da história a decidir o título em seu estádio. O Super Bowl, que é realizado em locais pré-definidos, está marcado para o Raymond James, em Tampa, no dia 7 de fevereiro.

Em seu primeiro ano sem Tom Brady em duas décadas, os Patriots de Belichick terminaram a temporada regular com sete vitórias, nove derrotas e fora dos playoffs. Para substituí-lo, o time contratou Cam Newton, conhecido por ser melhor ao correr com a bola do que ao passá-la e por causar problemas no vestiário.

Brady, 43, se tornou o mais velho quarterback da história da NFL a fazer um lançamento para touchdown nos playoffs. Isso aconteceu no wild card (como é chamado a primeira rodada da pós-temporada), diante do Washington Football Team.

Ele é dono de vários recordes. Será o primeiro nome da posição a atuar como titular em finais de conferência em três décadas diferentes. É ainda o quarto lançador, desde a fusão das ligas NFL e AFL, em 1960, a chegar à decisão tanto na NFC quanto na AFC. Os outros foram Craig Morton (Dallas Cowboys e Denver Broncos), Jay Schroeder (o então Washington Redskins e Los Angeles Raiders) e Joe Montana (San Francisco 49ers e Kansas City Chiefs).

Brady tem mais jogos de playoffs na carreira (32) do que 28 equipes da NFL desde 1960. As exceções são Dallas Cowboys, Green Bay Packers, New England Patriots e Pittsburgh Steelers.

Neste domingo, os Buccaneers entrarão em campo como azarões no frio de Wisconsin, mas isso já havia acontecido na última semana, quando eliminaram o New Orleans Saints do quarterback Drew Brees, 42.

Atleta de futebol americano ergue os dedos e sorri
Tom Brady comemora na vitória que levou o Tampa Bay Buccaneers à final de conferência - Chris Graythen - 17.jan.21/AFP

Os recordes de Brady vieram de sua aliança com Belichick, um treinador centralizador, autoritário e vencedor. Quando o elenco dos Patriots se reunia às segundas-feiras para ver os vídeos da partida anterior, ele costumava criticar seu quarterback e assinalar diante de todos os erros cometidos nos passes.

O expediente tinha o objetivo de mostrar que, se o técnico reclamava daquela forma do astro da equipe, ninguém estava imune. Nos primeiros anos, Brady aceitou e entendeu. Mas o desgaste se acelerou com o passar do tempo.

"A relação de Brady com os Patriots vai acabar muito mal", previu em 2018 o pai do atleta, também chamado Tom Brady.

O relacionamento virou uma disputa de poder. Em 2018, Belichick acreditava haver chegado o momento de se livrar do camisa 12. Seria a hora de dar chance a Jimmy Garoppolo​, escolhido no draft (a seleção dos atletas que saem da universidade) em 2014 e preparado para ser o sucessor de Brady. O dono da franquia, Robert Kraft, ordenou que o treinador negociasse Garoppolo com outro time e seguisse com seu astro.

O candidato a substituto foi mandado para o San Francisco 49ers a preço de banana —trocado por uma escolha na segunda rodada do draft seguinte— e chegou ao último Super Bowl.

Outro motivo de discórdia foi a associação de Brady com o argentino Alex Guerrero, entusiasta da medicina alternativa. Ele desenvolveu um método que, entre outras coisas, prega que o consumo cavalar de frutas e água evita qualquer tipo de lesão, independentemente do esforço. Guerrero ficou tão próximo do quarterback que se tornou padrinho de um dos seus filhos.

Seu acesso irrestrito às instalações dos Patriots, incluindo vestiário e banco de reservas em dias de partidas, foi cortado por Belichick. O treinador percebeu que, para agradar Brady, os jogadores procuravam o argentino quando tinham problemas, não mais os médicos da franquia.

O quarterback pôs na cabeça que poderia jogar pelo menos até os 45 anos. Aquilo não estava nos planos do técnico, que planejava havia muito tempo como seria a sua sucessão.

A escolha de Brady por Tampa Bay como nova casa causou surpresa, mas os analistas da NFL logo perceberam a lógica. Ele decidira ir para um time com bons recebedores (também levou à Flórida seu grande parceiro nos Patriots, Rob Gronkowski), defesa forte e, principalmente, linha ofensiva (que protege o quarterback) capaz de lhe dar tempo para fazer lançamentos sem receber tantas trombadas em seu corpo de 43 anos.

Se vencer neste domingo, Tom Brady poderá protagonizar um histórico encontro de gerações no Super Bowl de Tampa. Na final da AFC, às 20h40 (também com transmissão da ESPN), o Buffalo Bills visita o atual campeão, Kansas City Chiefs, que tem Patrick Mahomes, 25, como seu quarterback.

A presença de Mahomes em campo para a partida estava em xeque até esta sexta-feira (22), quando ele foi liberado pelos médicos para jogar. O lançador havia sofrido uma pancada na cabeça na vitória sobre o Cleveland Browns, no último jogo, e vinha sendo observado.

Erramos: o texto foi alterado

Tom Brady e o técnico Bill Belichick conquistaram, juntos, nove troféus da AFC (American Football Conference). Versão anterior deste texto contabilizava oito títulos da dupla na conferência.

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