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Tóquio 2020

Judô brasileiro falha em grande competição na abertura do ano olímpico

Dos 18 atletas do país no Masters de Doha, 3 ganharam lutas e nenhum foi ao pódio

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Curitiba

Se o ano de 2020 terminou com a manutenção da suspensão por doping de Rafaela Silva e a confirmação de que ela não poderá participar da Olimpíada de Tóquio, 2021 começou tão desanimador quanto para o judô brasileiro.

Na primeira grande competição do ano (e uma das mais importantes na preparação olímpica), o Masters de Doha, encerrado nesta quarta-feira (13), os atletas do país ficaram bem abaixo das expectativas. Dos 18 enviados para a disputa, apenas 3 ganharam ao menos uma luta. Nenhum deles chegou ao pódio.

"Reconhecemos que os resultados e o desempenho nessa competição foram aquém do que esses atletas podem entregar", disse Ney Wilson, gestor de alto rendimento da CBJ (Confederação Brasileira de Judô).

Além da ausência de Rafaela Silva, o time brasileiro esteve desfalcado de sua principal aposta de medalha no Japão. A bicampeã mundial e duas vezes medalhista olímpica Mayra Aguiar, quinta colocada no ranking da categoria até 78 kg, sofreu lesão no joelho em setembro, passou por cirurgia e ainda se recupera.

Sem as duas, o Brasil contava principalmente com seus quatro representantes dos pesados —Maria Suelen Altheman, Beatriz Ferreira, Rafael Silva e David Moura, todos entre os dez primeiros do ranking mundial—, dos quais somente um em cada gênero poderá estar em Tóquio.

No Qatar, David (nono colocado) e Bia (sexta), atrás na corrida olímpica, obtiveram os melhores resultados. Ao menos foram à repescagem para tentar disputar o bronze, mas acabaram eliminados. Rafael (sexto) e Maria Suelen (segunda) caíram em suas estreias.

Quem também avançou uma rodada foi Daniel Cargnin, sexto colocado do ranking mundial até 66 kg e superado pelo coreano An Baul, campeão do evento.

O Masters, que vale 1.800 pontos e reúne até 36 atletas mais bem colocados no ranking de cada categoria, normalmente ocorre no fim do ano.

Arena onde foi realizado o Masters de Doha de judô
Arena onde foi realizado o Masters de Doha de judô - Karim Jaafar - 11.jan.21/AFP

Com protocolo de testagens e uso obrigatório de máscaras fora dos tatames, as competições internacionais de judô voltaram no segundo semestre de 2020, após a paralisação causada pela pandemia de Covid-19.

Os esportes de contato estiveram entre os principais afetados pelos riscos de contaminação, o que esvaziou o calendário nos últimos meses. O COB (Comitê Olímpico do Brasil) bancou a ida de judocas a Portugal, dentro da chamada Missão Europa, numa tentativa de facilitar as condições de treinamento.

Já para este primeiro semestre, mesmo com a aceleração da pandemia em muitos países, a federação internacional anunciou uma agenda cheia. Haverá até um Campeonato Mundial em junho (2.000 pontos em disputa). Os rankings olímpicos fecham em 28 de junho, e os Jogos estão previstos para começar em 23 de julho.

Atualmente, o Brasil tem judocas dentro da faixa de classificação olímpica em 13 das 14 categorias —com exceção da até 57 kg feminina, em que contava com Rafaela Silva. Ketelyn Nascimento e Jéssica Pereira correm atrás de pontos para a vaga.

Obter vitórias é de fundamental importância para todos, seja para se manter dentro desse grupo ou, preferencialmente, ficar entre os oito primeiros e se garantir como cabeça de chave no Japão.

O desempenho ruim no Qatar, porém, reforça a preocupação com a preparação do Brasil no ciclo olímpico. Após ganhar cinco medalhas no Mundial de 2017, na soma das edições de 2018 e 2019 o país obteve três bronzes, com Erika Miranda (já aposentada), Mayra Aguiar e por equipes.

Outra medalha de bronze na última edição, de Rafaela Silva, foi retirada por causa da suspensão da campeã olímpica.

O caminho nos próximos meses, se não houver novos cancelamentos de eventos, pelo menos dará possibilidades de evolução, com a realização de cinco Grand Slams (cada um com 1.000 pontos em disputa) e do Mundial de Budapeste.

"É um momento de reflexão para todos nós, de identificar as dificuldades e atacá-las. Teremos uma sequência de competições muito duras neste ano e 190 dias de muito trabalho até Tóquio. Já vivemos situações piores. Não será fácil, mas tenho confiança de que conseguiremos mudar esse jogo", afirmou Ney Wilson.

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