Descrição de chapéu Copa Libertadores 2020

Palmeiras perde do River em jogo dramático, mas volta à final da Libertadores após 20 anos

Equipe alviverde desmorona e vê VAR ser fundamental na classificação

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São Paulo

A espera de 20 anos do torcedor palmeirense acabou. Em um jogo dramático, com três intervenções do VAR, o Palmeiras foi dominado no Allianz Parque, perdeu para o River Plate por 2 a 0, mas está de volta a uma final de Libertadores.

O time alviverde quase fez com que a vantagem de 3 a 0 construída na semana passada, em Avellaneda, desmoronasse nesta terça-feira (12). A derrota para os argentinos, no entanto, com atuação desastrosa do sistema defensivo, não impediu a equipe de Abel Ferreira de ir à decisão.

Além do susto no placar, o Palmeiras foi salvo em duas oportunidades pelo VAR. O assistente de vídeo ajudou a anular um gol do River, por impedimento, e um pênalti inicialmente marcado pelo árbitro uruguaio Esteban Ostojich. Ao rever a jogada no monitor, o juiz entendeu que Matías Suárez se jogou antes de receber o contato.

Um terceiro lance, no fim do jogo, foi revisado, mas a marcação de uma suposta penalidade em Borré acabou descartada após consulta às imagens da disputa. O atacante estava em posição irregular.

Eliminar o River, que esteve em quatro semifinais consecutivas do torneio, é a coroação não da atuação em São Paulo, mas da ótima campanha do Palmeiras na Libertadores.

Havia a dúvida se o bom desempenho e os resultados expressivos contra times menores, como as goleadas por 5 a 0 contra Bolívar (BOL), Tigre (ARG) e Delfín (PAR), seriam apenas ilusórios e insuficientes na hora de enfrentar um gigante do continente.

A partida de ida contra o River Plate de Marcelo Gallardo, bicampeão sob o comando do técnico, mostrou que não.

Em Avellaneda, uma equipe praticamente liderada por garotos mostrou a maturidade dos grandes times. Gabriel Menino, Patrick de Paula e Danilo encararam o River como se estivessem disputando a décima Libertadores na carreira. Eles estão apenas na primeira.

Quando o Palmeiras foi campeão continental, em 1999, nenhum dos três havia nascido. No ano seguinte, quando o clube alviverde retornou à decisão, Patrick de Paula tinha somente pouco mais de dois meses de vida.

O 3 a 0 na Argentina, construído depois que Rony abriu o placar e desmoronou a estrutura tática do adversário, encaminhou a classificação palmeirense. Que apesar das restrições impostas pela pandemia, viu torcedores se aglomerarem do lado de fora do estádio para receberem com festa o ônibus alviverde.

A aposta nos jovens, protagonistas da campanha, mostra uma mudança de perfil na formação da equipe, reforçada em peso nos últimos anos para atender à obsessão das arquibancadas por um novo título da Libertadores.

Para a campanha de 2017, por exemplo, a parceira Crefisa investiu aproximadamente R$ 100 milhões no elenco, trazendo ao clube nomes como Bruno Henrique, Borja, Deyverson e Guerra. O Palmeiras caiu nas oitavas de final, para o Barcelona de Guayaquil (EQU).

Nesta temporada, somente Rony chegou após grande investimento. A diretoria desembolsou R$ 27 milhões na contratação do atacante, que depois de um período de desconfiança e atuações irregulares com Vanderlei Luxemburgo, passou a dar retorno técnico sob o comando de Abel Ferreira.

Mas da mesma forma que a juventude foi protagonista no jogo de ida, talvez tenha faltado à equipe alviverde experiência para lidar com a partida desta terça diante de um adversário forte como o River de Gallardo, e com uma vantagem que não foi administrada com o nível de atenção que pede essa instância da competição.

Rony teve a oportunidade de aumentar a boa vantagem trazida da Argentina logo no início do jogo, mas não conseguiu driblar o goleiro Armani, que desarmou o atacante.

Ainda no primeiro tempo, o River, que achou espaços pelo lado direito do ataque, balançou as redes de Weverton duas vezes. Primeiro com Rojas, aos 28 minutos, de cabeça, após escanteio cobrado por De La Cruz pela direita.

A partir do gol, o roteiro do jogo lembrou bastante o da última semana, em Avellaneda, mas com os personagens em papéis invertidos.

Sem Gustavo Gómez, que deixou o campo lesionado, o Palmeiras perdeu o comando de sua defesa, incapaz de segurar o River Plate. Minutos depois da saída do paraguaio, os argentinos descontaram novamente, aos 43, com Rafael Santos Borré, que aproveitou cruzamento de De La Cruz da direita e cabeceou na segunda trave.

Alan Empereur se ajoelha e aponta para o céu após o apito final do jogo contra o River; no detalhe, o lateral Viña desaba aliviado no gramado
Alan Empereur se ajoelha e aponta para o céu após o apito final do jogo contra o River; no detalhe, o zagueiro Luan desaba aliviado no gramado - Amand Perobelli/Reuters

Na etapa final, o Palmeiras adiantou um pouco suas linhas e passou a ficar mais com a bola, tirando o ímpeto do River, cansado depois da pressão no primeiro tempo.

A missão palmeirense foi facilitada pela expulsão de Rojas, que recebeu o segundo amarelo aos 27 minutos e deixou o time de Gallardo com um a menos.

Os sustos, porém, não acabaram com a saída do paraguaio. Depois de ter gol anulado por impedimento após revisão no VAR, a tecnologia entrou em campo a serviço do Palmeiras outra vez, de forma correta. O árbitro marcou pênalti de Empereur em Matías Suárez, mas reviu a jogada no monitor e entendeu que o argentino se jogou antes do contato.

Nos minutos finais, já nos acréscimos, o árbitro voltou a visualizar um lance no VAR de possível pênalti para os argentinos. Contudo, a imagem mostrou impedimento de Borré.

Classificado para a quinta final de sua história (1961, 1968, 1999, 2000 e 2020), o Palmeiras agora espera pelo vencedor da outra semifinal, entre Santos e Boca Juniors.

Se a equipe de Cuca confirmar uma vaga, será a terceira decisão de Libertadores com times brasileiros, a primeira decidida entre paulistas.

Mas se o Boca chegar à decisão, repetirá um duelo que traz boas lembranças aos argentinos. Em 2000, liderado por Juan Román Riquelme, a equipe se sagrou campeã ao superar o Palmeiras nos pênaltis, no Morumbi.

Ambos se reencontraram nas semifinais de 2001 e 2018, e o Boca saiu vitorioso dos dois confrontos.

A última conquista dos argentinos na Copa Libertadores aconteceu em 2007, com mais um rival brasileiro pela frente. Na final, enfrentaram o Grêmio, e com duas vitórias levantaram o troféu. Miguel Ángel Russo, atual treinador do Boca Juniors, também era o técnico boquense naquela ocasião.

Já o português Abel Ferreira vai em busca de sua primeira Libertadores e poderá repetir o feito de seu compatriota Jorge Jesus, campeão da última edição, a de 2019, quando levou o Flamengo ao título.

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