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Ídolo e nome de estádio do Real, Di Stéfano jogou amistosos pelo Barcelona

Equipes se enfrentam pela primeira vez no acanhado campo do centro de treinamentos madridista

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São Paulo

Palco do clássico deste sábado (10) entre Real Madrid e Barcelona, pela 30ª rodada de LaLiga, o estádio Alfredo Di Stéfano receberá o primeiro duelo entre as equipes na sua história.

O jogo, que começa às 16h (de Brasília, com transmissão da ESPN Brasil), pode valer a liderança para os catalães: com 65 pontos na segunda colocação, têm um a menos que o líder Atlético –o Real, terceiro colocado, tem 63 e pode dar passo importante na disputa pela ponta.

Outro atrativo é a possibilidade de ser o último clássico de Messi, já que sua permanência na Catalunha é incerta ao fim da temporada.

Apesar de bem menos grandioso que o Santiago Bernabéu, atualmente passando por reformas, o acanhado campo localizado no centro de treinamentos madridista tem o seu simbolismo por homenagear aquele que possivelmente foi o maior jogador do clube, um personagem central no acirramento da rivalidade de Real e Barça.

Real Madrid tem utilizado o Alfredo Di Stéfano enquanto o Bernabéu passa por reformas
Real Madrid tem utilizado o Alfredo Di Stéfano enquanto o Bernabéu passa por reformas - Gabriel Bouys - 21.out.2020/AFP

No início da década de 1950, ambas as diretorias mostraram interesse pela contratação do atacante, que à época jogava na liga pirata da Colômbia (não filiada à Fifa), após deixar a Argentina em meio a uma greve de jogadores no país.

O Barcelona acertou a negociação com o River Plate, dono do passe de Di Stéfano, que chegou a treinar com o time catalão em sua chegada à Espanha. Já o Real Madrid negociou diretamente com o Millonarios, o clube colombiano que o atleta então defendia.

No livro "El caso Di Stéfano" (O caso Di Stéfano, em espanhol), os jornalistas Xavier Luque e Jordi Finestres realizam um trabalho de pesquisa e investigação que relata, com documentos oficiais e registros da imprensa espanhola, como autoridades do esporte e da política do país –incluindo a participação de figuras de peso do regime de Francisco Franco– atuaram em favor do Real.

A Fifa, na tentativa de agradar a ambos, sugeriu que Alfredo Di Stéfano jogasse alternadamente pelos dois clubes durante quatro anos. Uma temporada com o Barça, outra com o Real, em um pingue-pongue que duraria de 1953 a 1957.

Descontente com a medida, o Barcelona não aceitou o acordo e abriu mão da negociação. O Real Madrid pagou aos catalães o valor correspondente à transferência feita ao River Plate pela compra do atacante, enfim reforço madridista.

Sua história no futebol a partir daí já é muito mais conhecida. Como jogador do Real, clube que defendeu de 1953 a 1964, Di Stéfano conquistou cinco taças da Champions League (na época Copa da Europa) e oito Campeonatos Espanhóis, marcando 418 gols em 510 partidas. Foi o símbolo daquele grande Real Madrid, que passou a ser não apenas o time espanhol mais vitorioso, mas sinônimo de conquistas europeias.

O curioso é que, mesmo depois do imbróglio entre os clubes e suas diretorias, o argentino vestiria duas vezes a camisa do Barcelona em partidas festivas.

A primeira delas foi em um amistoso contra o Vasco da Gama, no dia 12 de junho de 1955, na Espanha. Com Di Stéfano atuando ao lado de Luis Suárez, atacante da seleção espanhola e ídolo do Barça, os catalães venceram os cariocas por 1 a 0, gol de Isidre Flotats, aos 35 minutos do primeiro tempo.

"O grêmio cruzmaltino perdeu para um dos melhores quadros da Europa. Valeu mais para o cartel internacional do Vasco a derrota por 1 a 0, do que a vitória sobre o La Coruña por 6 a 1", escreveu a Folha na edição do dia seguinte ao amistoso.

"Embora o Barcelona tenha lutado bem, empregando-se com entusiasmo e cerrando a defesa quando percebeu que poderia ganhar com aquele goal único, o fato é que o Vasco poderia ter conseguido um resultado melhor, um empate ou até mesmo a vitória, se tivesse contado com um ataque mais positivo", publicou o jornal O Globo, em sua edição de 13 de junho.

"A equipe do Barcelona jogou reforçada do excelente centro-avante argentino Di Stéfano, o qual tem atuado em todos os matches da temporada vascaína em gramados espanhóis", completou o jornal carioca.

Além dos já citados duelos com o La Coruña e com o Barcelona, o clube de São Januário também enfrentou na turnê espanhola o Valencia, outro time que contou com a presença de Alfredo Di Stéfano, cedido pelo Real Madrid. A partida com os valencianos terminou empatada em 3 a 3, e o argentino anotou um dos gols.

Alfredo Di Stéfano (esq.) em jogo homenagem para Ladislao Kubala (centro), ídolo do Barcelona, em 1961; Puskás foi outro jogador do Real emprestado para o evento
Alfredo Di Stéfano (esq.) em jogo homenagem para Ladislao Kubala (centro), ídolo do Barcelona, em 1961; Puskás foi outro jogador do Real emprestado para o evento - Reprodução/Puskas.com

A segunda e última partida de Alfredo Di Stéfano pelo Barcelona ocorreu em 30 de agosto de 1961, no Camp Nou. O atacante foi um dos convidados para participar da despedida do húngaro e ídolo barcelonista Ladislao Kubala, em amistoso contra o francês Stade de Reims.

Além do argentino, o Real Madrid também cedeu para o jogo festivo Ferenc Puskás, compatriota de Kubala.

Com o trio de craques na equipe titular, o Barça venceu a partida por 4 a 3. Di Stéfano, com menos cabelos do que em 1955, porém com o talento intacto, marcou duas vezes, e Vergés e Benítez fecharam a conta para os catalães.

Goleiro da equipe na vitória sobre os franceses, Antoni Ramallets também estava em campo no amistoso de seis anos antes, o primeiro de Alfredo Di Stéfano com a camisa do Barcelona. Provavelmente, dois jogos inesquecíveis para Ramallets, que ao menos nessas duas partidas não precisou se preocupar com a ameaça do atacante.

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