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Flamengo e São Paulo decidem o NBB; saiba o que esperar das finais

Decisão entre times de camisa opõe os dois melhores trabalhos do basquete nacional

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Gustavinho Lima

Foi jogador profissional de basquete por 17 anos, de 2002 a 2019. No NBB, passou por clubes como Pinheiros, Mogi das Cruzes, Caxias do Sul, Basquete Cearense e Corinthians. Atualmente é supervisor do time sub 19 do Corinthians e apresentador do Diquinta Podcast

São Paulo

Flamengo e São Paulo iniciam a disputa pelo título do NBB (Novo Basquete Brasil) neste sábado (22), às 16h, com transmissão da TV Cultura, ESPN, DAZN e Twitch.

A final vai ser disputada em uma série de melhor de cinco jogos. Em função da pandemia, todos os confrontos serão em sede única, no Maracanãzinho, já que os cariocas tiveram a melhor campanha da competição.

Jogador do São Paulo carrega a bola e tenta passar pelo atleta do Flamengo
Georginho, do São Paulo, e Léo Demétrio, do Flamengo, são dois dos destaques dos finalistas do NBB - João Pires/LNB

O time rubro negro, que tenta abocanhar seu sétimo troféu de campeão do NBB, vem jogando o basquete mais moderno do país e atingiu a incrível marca de 28 vitórias em 30 jogos na liga nacional. Teve a melhor defesa e o segundo melhor ataque do campeonato.

O elenco estrelado não apaga o brilho do trabalho realizado pelo vitorioso treinador Gustavo de Conti.
Seus times são conhecidos pela disciplina tática, mas não engessados. De Conti sabe se adaptar e explorar bem as características de seus comandados. Estudioso, ele propõe um estilo de jogo levando em conta as principais tendencias do basquetebol mundial.

Com dez jogadores de nível de seleção nesta temporada, o Flamengo atuou em altíssima velocidade e arremessando muitas bolas de três pontos (líder em acertos, com 13,2 por jogo).

Apesar de ter sofrido com lesões durante toda a temporada, mostrou a força de seu elenco e foi campeão da Basketball Champions League Americas sem três titulares.

O motor do time é o “monstrinho” Yago, armador de 22 anos chamado carinhosamente pelos companheiros de Ney —qualquer semelhança com o craque do Paris Saint Germain não é mera coincidência.

Rápido e habilidoso, causa estragos nas defesas adversárias. Agressivo em relação à cesta, é capaz de romper tanto para pontuar como para dar assistências. Tem uma confiança para arremessar as bolas nas horas decisivas que impressiona pela personalidade.

Yago vinha do banco até a metade da temporada, porém, com a lesão do ótimo armador argentino Franco Balbi, ganhou junto com a titularidade a chave do time e vem sabendo acionar as melhores peças na hora correta.

Há quem diga que para ser campeão do NBB é necessário ter a dupla Marquinhos e Olivinha. Juntos desde o NBB 1, quando atuavam pelo Pinheiros, já se vão 13 anos. Parceria de sucesso que culminou com dezenas de títulos, cinco do NBB, dois da Liga das Americas, um Mundial Interclubes, duas Copas Super 8, um Campeonato Paulista e muitos Campeonatos Cariocas. Uma dose certa entre técnica e disposição.

Marquinhos e Olivinha posam com troféus e sorriem
Marquinhos e Olivinha, dupla do Flamengo com cinco títulos do NBB - João Pires/LNB

Do alto dos seus 2,07 m de altura, Marquinhos, 36, é capaz de arremessar a partir do drible, cair no poste baixo, matar bola de longe. Uma espécie de Kevin Durant brasileiro.

Já Olivinha, 38, é competidor nato, briga por todas, o maior reboteiro de todos os tempos no NBB. Caiu nas graças da torcida rubro-negra e ganhou o apelido de “Deus da raça”.

A dupla é bem conhecida do treinador do adversário. Sob a batuta do experiente Claudio Mortari, 73, já levantaram juntos o troféu de campeão paulista em 2011, quando todos faziam parte do Pinheiros.

Mortari vem colecionando títulos há algumas décadas, entre eles o Mundial de Clubes pelo Sírio em 1979 e a Liga das Americas com o Pinheiros em 2013. Assim como o São Paulo, ainda não teve o sabor de triunfar no Novo Basquete Brasil.

Seu maior mérito é a habilidade de gestão de grupo. Prefere trabalhar com os grandes nomes e tem uma das virtudes mais importantes em um líder: arrancar o melhor de seus liderados.

Em seu período de montagem, o basquete são-paulino foi visto com desconfiança por críticos e treinadores. Seriam muitas estrelas juntas e faltaria bola, avisavam os especialistas.

O que viu foi um time movendo extremante bem a bola e com poder de fogo (segundo melhor em bolas de três, com 11,6 por jogo). O melhor ataque e a terceira melhor defesa do campeonato levaram a 23 vitórias em 30 jogos, fechando a primeira fase na terceira posição.

O São Paulo é uma franquia jovem. Está apenas na sua segunda temporada no NBB —a primeira de que participou não teve fim em função da pandemia—, porém já é uma realidade em território nacional.

Jogadores se abraçam em quadra
Jogadores do São Paulo comemoram classificação às finais do NBB - Bruno Lorenzo/LNB

Dois jogadores explodiram jogando no Morumbi e roubaram a cena. O armador Georginho e o pivô Lucas Mariano estão em um nível físico descomunal e não podem ser parados na defesa de um contra um.

Sem dúvida, são dois dos melhores jogadores em atividade no Brasil. Concorrem ao premio de MVP da liga e com muito mérito foram lembrados na ultima convocação de Aleksandar Petrovic para a seleção brasileira.

Aliados a esses dois talentos, a consistência do norte-americano Cordero Bennett foi um dos pontos altos da equipe tricolor. Bennett é um pitbull na defesa e corre muito bem a quadra na parte ofensiva. A defesa em cima do Yago pode ser um dos caminhos para a vitória tricolor.

Pelo lado do Flamengo, a possibilidade de escalar um time gigante, com três dos melhores pivôs do Brasil (Rafael Hettsheimer, 2,11 m, Rafael Mineiro, 2,08 m ou Léo Demétrio, 2,09 m) mais Olivinha (2,02 m) e Marquinhos juntos, tornam muito difícil a vida do time paulista, pois possibilitam trocas defensivas a todo o momento e agressividade no rebote ofensivo.

A baixa da final é ausência do veterano Shamell no São Paulo. O maior cestinha da história, mas que nunca foi campeão do NBB e que, aos 40 anos, fazia mais uma temporada muito sólida, com médias de 14,6 pontos por jogo. O americano sofreu uma lesão do tendão do tríceps no último jogo da semifinal e desfalca a equipe.

Na temporada regular, o retrospecto entre os dois finalistas tem uma vitória para cada lado. Na final da Copa Super 8 (torneio realizado ao término do primeiro turno entre os oito primeiros colocados), o Flamengo bateu o São Paulo de virada.

O equilíbrio é imenso. Dois times de camisa numa série melhor de cinco jogos. Para o brasileiro que sofre com a retranca do futebol, o basquete traz a garantia, e por que não a alegria, de um espetáculo para frente.

Com tantos craques em quadra, mesmo que um esfrie, outro logo pode esquentar e ter a coragem necessária para decidir o campeonato. É o que o nosso basquete espera deles.

Finais do NBB - Flamengo x São Paulo

Local: Maracanãzinho, Rio de Janeiro

22/05 (Sábado) – 16h – ESPN, TV Cultura, DAZN e Twitch

24/05 (Segunda-feira) – 20h – ESPN, DAZN e Twitch

27/05 (Quinta-feira) – 18h30 – ESPN, TV Cultura e DAZN

29/05 (Sábado) – horário a definir – ESPN, TV Cultura e DAZN

31/05 (Segunda-feira) – horário a definir – ESPN, TV Cultura e DAZN

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