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Adriana Behar

Trilhando um novo caminho: o amadurecimento da gestão do voleibol brasileiro

Ex-atleta comenta seus primeiros 100 dias à frente da confederação brasileira da modalidade

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Adriana Behar

Ex-jogadora e medalhista olímpica no vôlei de praia. Primeira mulher a assumir o cargo de diretora-executiva da Confederação Brasileira de Voleibol

O mês de junho é sempre muito especial porque no dia 27 celebramos o Dia Nacional do Voleibol. Este ano, particularmente para mim, junho tem um significado singular porque completo 100 dias como CEO da CBV (Confederação Brasileira de Voleibol).

Ser a primeira mulher a ocupar um cargo de CEO na CBV é mais um dos grandes desafios na minha vida. Assumi essa missão e vejo nela uma chance de fazer do vôlei e da Confederação um ambiente ainda melhor. Acredito que seja uma grande oportunidade de tentar fazer algo maior para uma comunidade inteira. Pode parecer clichê, mas esses primeiros 100 dias parecem que se multiplicaram em anos. Muita coisa já aconteceu e os Jogos Olímpicos de Tóquio ainda nem começaram.

O vôlei é um dos esportes mais praticados no país. O público brasileiro acompanha a modalidade e coloca nas quadras e praias a esperança de se ver representado no pódio. Desde a Geração de Prata; com Bernard, Renan, Montanaro e tantos outros craques, o Brasil passou a enxergar o vôlei com outros olhos.

Duas mulheres com coroa de louro na cabeça beijam medalhas de prata
Adriana Behar (à esq.) e Shelda com a medalha de prata que conquistaram no vôlei de praia na Olimpíada de Atenas - Washington Alves-24.ago.2004/COB/Divulgação

O status que o vôlei brasileiro alcançou depois que as portas foram abertas nos anos 1980 e com as sucessivas conquistas, dentre elas as primeiras medalhas femininas do Brasil em toda a história das Olimpíadas, conquistadas nas areias por Jacqueline Silva e Sandra Pires e por Adriana Samuel e Mônica Rodrigues, em Atlanta 1996, nos colocam em evidência e legitimam a potência da nossa camisa no cenário do esporte mundial.

Qual o caminho a ser trilhado para que o vôlei do Brasil, em todas as suas modalidades, continue em evidência e figurando no topo do mundo? O desejo é sempre o mesmo: vencer. Já o caminho para se manter vencendo é novo: o amadurecimento da gestão com foco nos resultados da organização. Essa novidade, que nem é tão nova assim no mundo corporativo, ainda é desconhecida em grande parte das instituições esportivas.

Como líder da maior entidade do voleibol nacional, posso afirmar que não foi apenas a minha paixão pelo esporte que me trouxe até aqui. A minha trajetória profissional tornou possível essa chegada à CBV. Depois que encerrei minha carreira como atleta, em 2008, eu já era formada em educação física e resolvi voltar para os estudos. Fiz primeiro uma pós-graduação em Gestão de Negócios e depois um MBA, também na mesma área.

Foram sete anos de trabalho no COB (Comitê Olímpico do Brasil), que me permitiram entender o outro lado do ambiente esportivo. Eu já vivenciei as duas faces do esporte, como atleta iniciante e atleta de alto rendimento, e também na área de gestão. Eu me preparei e me profissionalizei antes de aceitar o convite da CBV e acredito que este é o primeiro passo: se preparar para os desafios do negócio. Sim, as instituições esportivas podem ser vistas como empresas e o esporte como um negócio.

O modelo de liderança dos esportes, principalmente dos coletivos, tem sido adotado pelo mundo empresarial há muitos anos para alcançar o sucesso de suas equipes de trabalho e para projetar estratégias de liderança. Por que não inverter o processo e fazer com que as instituições esportivas sejam administradas e gerenciadas com uma visão empresarial, voltada aos negócios?

Todas as atividades esportivas são baseadas no trabalho em equipe. Mesmo para atletas dos chamados esportes individuais, a capacidade de trabalhar em grupo é uma qualidade essencial. Da mesma forma, toda a atividade empresarial é baseada no trabalho em equipe, já que a maior parte do tempo que passamos realizando nossas tarefas, contamos com a colaboração de outras pessoas.

A liderança é uma ferramenta fundamental para levar as equipes ao sucesso, seja no mundo dos negócios ou na área esportiva. O líder dentro de uma organização esportiva é mais um dentro de um todo, por isso, acredito que a abordagem da liderança não está relacionada com a competitividade que o esporte e mundo dos negócios nos apresentam.

Ao contrário, eu vejo que a liderança encontra sua razão de ser no trabalho em equipe: ‘Integrar para entregar’, este tem sido o meu lema nesses primeiros 100 dias na entidade.

Hoje, como líder na CBV, espero conseguir ser uma referência que leve o time a alcançar os objetivos e metas de forma conjunta. O sucesso de uma gestão eficiente, trabalhada com integridade, transparência e foco nos resultados, tem como consequência a redução de custos, o aumento de captação e o fortalecimento da imagem do voleibol brasileiro, dentre tantos outros indicadores.

É uma responsabilidade imensa, mas é também um privilégio poder contribuir novamente com o quadro de medalhas do Brasil em Jogos Olímpicos e competições internacionais. Ontem, eu estava nas areias lutando para representar o meu país e o meu esporte. Hoje, eu trabalho com uma equipe incansável para que o voleibol brasileiro continue no topo do mundo dos esportes.

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