Descrição de chapéu Tóquio 2020

Amargurados com corte em 2016, atletas do vôlei buscam redenção em Tóquio

Camila Brait, Tandara e Roberta, assim como Isac, ficaram de fora dos Jogos do Rio

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Tóquio

O corte às vésperas de uma Olimpíada é um grande baque na vida de um atleta.

Camila Brait, Tandara e Roberta, pela seleção feminina de vôlei, e Isac, pelo time masculino, chegaram bem perto de ir aos Jogos do Rio-2016. Ao longo daquele ciclo de preparação, participaram de amistosos e competições, mas não foram relacionados para a competição. No vôlei, apenas 12 atletas podem ser convocados, e a concorrência entre brasileiros, tidos como potência na modalidade, é bastante acirrada.

Por isso, a oposto Tandara e a líbero Brait, hoje pilares da equipe, tiveram de se reinventar e ganharam força com a maternidade. Titular em boa parte do ciclo de 2016, Brait, 32, perdeu a vaga para Léia, que se destacou no Grand Prix —torneio que deu lugar à Liga das Nações—, último torneio antes da Olimpíada.

Pior: ela já havia vivenciado o mesmo drama para Londres-2012. Na ocasião, foi desligada a três semanas de a competição começar na capital inglesa, e o técnico José Roberto Guimarães optou por Natália, que se recuperava de lesões. Frustrada, Brait chegou a anunciar a aposentadoria da seleção, aos 27 anos, mas retornou ao time em agosto de 2019 depois de ter recusado três convites do treinador.

“Depois que fui mãe, achei que a minha história na seleção tinha acabado, por ver os perrengues da Jaqueline, da Tandara. Imaginava que não teria suporte emocional [para deixar o filho e jogar]”, diz.

Brait deu à luz Alice em novembro de 2017 e, ao aceitar o quarto convite de Zé Roberto, resolveu voltar ao time para presentear a filha com uma medalha. “Imaginava que teria de abdicar de muitas coisas para ficar com a Alice. Com a ajuda dos meus pais, vou realizar meus sonhos, porque ela terá orgulho da mãe.”

Campeã olímpica nos Jogos de Londres-2012, Tandara Alves Caixeta, 32, é titular incontestável em Tóquio, assumindo a posição de Sheilla –medalha de ouro em Pequim-2008 e Londres. Em 2016, diz ela, não estava em sua melhor forma física. “Eu estava voltando da gestação da Maria Clara, fiquei praticamente cinco meses sem fazer atividades, tive que correr contra o tempo para recuperar a forma e o ritmo. Neste ano, a pandemia também atrapalhou um pouco, mas me sinto melhor e mais confiante”, disse a ponteira.

Maria Clara nasceu em de setembro de 2015. Assim como Brait, a ponteira experimentou mudanças após a maternidade. “Hoje, com a minha filha um pouco maior, a gente conversa muito, e ela entende melhor. Fizemos um teste agora com os 37 dias fora de casa, e ela traz uma força a mais”, afirma Tandara.

A curitibana Roberta Silva Ratzke, 31, por sua vez, vai para a sua primeira Olimpíada. Em 2016, a levantadora foi campeã da Superliga e estava em seu segundo ano de seleção. No final, perdeu a concorrência para a experiente Fabíola. “A disputa me ajudou muito a participar deste ciclo, foram cinco anos de altos e baixos, e ser convocada, saber que poderia brigar por uma vaga, me fez acreditar”, diz.

A levantadora Roberta, depois de ficar de fora dos Jogos do Rio, é convocada para Tóquio - Marcio Rodrigues/ACE

Na Liga das Nações em Rimini, na Itália, ela ficou na reserva, enquanto Macris se consolidava como titular, o que gerou a expectativa de uma nova frustração. A seleção terminou o torneio em segundo lugar, derrotada pelos EUA na decisão. Na semifinal, a equipe brasileira passou pelo Japão, e com boa atuação de Roberta, que saiu do banco de reservas no momento em que as adversárias reagiam na partida.

Ela, então, venceu a disputa com Dani Lins por uma vaga. “Sempre estive sedenta para entrar no jogo. Lógico que foi uma entrada importante, mas não senti que aquilo tinha me garantido. Fiquei até o último minuto esperando a decisão do Zé Roberto”, disse. “A Dani também fez boas partidas, não sei o que ele levou em consideração, fico feliz pela forma como me entreguei nesta Liga das Nações.”

Na seleção masculina, o central Isac Viana Santos, 30, vive a sua melhor fase. Em 2016, ele sofreu com dores lombares e com a concorrência de Maurício Souza, eleito o melhor da Liga Mundial e escolhido por Bernardinho. Lucão e Eder fecharam o trio de centrais.

Agora, sob o comando de Renan Dal Zotto, o Brasil contará com Maurício Souza e Lucão, além de Isac.

“Posso dizer que o que eu mais evoluí foi na minha postura dentro de quadra. Cada vez mais entendi que posso fazer a diferença e que erros e acertos vão existir sempre”, disse. “A postura que adotei, mostrando que posso, sim, fazer a diferença e ajudar a equipe em vários fundamentos foi o principal.”

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