Descrição de chapéu Tóquio 2020 handebol

Após denúncias de corrupção e assédio sexual, handebol tenta limpar imagem a partir de Tóquio

Nas quadras, times masculino e feminino chegam sem grandes perspectivas de medalha

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Tóquio

Entre os Jogos do Rio-2016 e a estreia em Tóquio, o handebol brasileiro viveu crise política, esteve nas páginas do noticiário policial e perdeu receitas milionárias com a debandada de patrocinadores.

Manoel Luiz de Oliveira presidia a Confederação Brasileira de Handebol (CBHd) desde 1989 e, em 2018, foi afastado por determinação judicial, sob acusação de irregularidades em convênios firmados entre a entidade e o Ministério do Esporte —atualmente, pasta subordinada ao Ministério da Cidadania.

Zé Toledo (centro) no primeiro treino da seleção masculina de handebol em Tóquio
Zé Toledo (centro) no primeiro treino da seleção masculina de handebol em Tóquio - 14.jul.2021/Míriam Jeske/COB/Divulgação

Parceiros desde 2012 e 2013, respectivamente, o Banco do Brasil e os Correios deixaram de patrocinar o esporte, uma perda de quase R$ 15 milhões por ano. O vice de Oliveira, Ricardo Souza assumiu a presidência e, em vez de solucionar os problemas, abalou ainda mais a imagem do esporte.

Souza foi acusado de assédio moral e sexual contra uma funcionária da confederação durante os Jogos Pan-Americanos de Lima, em 2019. Ainda assim, permaneceu no cargo até que, em outubro do ano passado, o Comitê Olímpico do Brasil (COB) avisou que, enquanto não elegesse outro presidente, deixaria de apoiar os projetos da entidade —cabe ao COB receber as verbas oriundas das loterias (Lei Agnelo/Piva) da Caixa Econômica Federal e distribuir às confederações segundo critérios administrativos e esportivos.

Neste ano, a CBHd deverá ter direito a R$ 3,6 milhões, principal fonte de recursos da confederação hoje.

Em meio à queda de braço entre COB e Souza, a seleção ficou de fora de um período de treinamentos da delegação brasileira, no ano passado, em Portugal. A chamada missão Europa era uma maneira de manter atletas em atividade num país em que a pandemia passava por um momento de arrefecimento.

Acuado, Souza renunciou em dezembro e, em fevereiro deste ano, o pernambucano Felipe Rego Barros foi eleito para presidir à CBHd. “Temos uma dívida, hoje, acima de R$ 11 milhões. A nossa única receita hoje é a do COB [recursos da loteria], para gerenciarmos infraestrutura de todas as seleções, passagens aéreas, diárias, hospedagem e salários das comissões técnicas”, afirma o cartola, conhecido como Casão.

Em busca de verbas, a nova diretoria fez um acordo com uma marca de uniforme esportivo e colocou no ar, em maio, um site para vendas online. Também passou a investir em produção de conteúdo nas redes sociais para interagir com torcedores e veicular produtos oficiais. “Estamos trabalhando a imagem do handebol. A logomarca é nova, porque a manchete era sempre negativa”, afirma Casão.

Entre as medidas, a atleta ou integrante da comissão técnica que tiver sido convocada até nove meses antes do início de uma gestação receberá as diárias que teria direito durante o período de gravidez e por mais um ano, com acréscimo de um bônus de 50%. Quem adotar uma criança também terá o direito, e nesse caso será levado em conta os nove meses anteriores à obtenção da guarda.

Após o retorno da jogadora em quadra, caso ela não passe mais a ser convocada, a comissão técnica deverá emitir um parecer com justificativas por motivos técnicos.

Também ficou determinado que a licença maternidade, para funcionárias e diretoras remuneradas da CBHd, será de seis meses, e não mais de quatro meses, conforme a lei.

Em Tóquio, as seleções tentarão, ao menos, passar da fase de classificação —há seis equipes em cada uma das duas chaves, e um total de oito avança para as quartas de final.

Campeã mundial em 2013, a equipe feminina não conseguiu renovar o time e terminou em 17º lugar nos Mundiais de 2017 e 2019 —a vaga nas Olimpíadas veio por meio da medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de Lima, em 2019. No Grupo B, o Brasil terá pela frente a Rússia, atual campeã olímpica, a França, campeã europeia em 2018, e a Espanha, vice-campeã mundial em 2019, além de Suécia e Hungria.

Já o time masculino, que no Mundial no Egito, em janeiro, teve o seu pior desempenho nos últimos cinco anos (18º colocado), terá pela frente, na fase de grupos, as potências europeias Alemanha, Espanha, França e Noruega, além da Argentina, campeã no Pan-Americano de Lima.

“Fizemos boas campanhas, ganhamos um Mundial inédito, mas os nossos times foram mal trabalhados. Não houve continuidade e faltou estruturar melhor a modalidade”, diz Casão.

Erramos: o texto foi alterado

De acordo com o regulamento do torneio olímpico de handebol, oito equipes avançam à fase final, não seis. O texto foi corrigido.

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