Descrição de chapéu Tóquio 2020

Brasil marca 4 na Alemanha no futebol e poderia ter devolvido goleada de 2014

Equipe de André Jardine perde pênalti e chances claras, mas ganha com facilidade

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Yokohama

Quando alguém quiser entender o significado da expressão “placar enganoso” no futebol, basta assistir aos 90 minutos de Brasil e Alemanha, pelo torneio olímpico de futebol masculino, nesta quinta-feira (22).

A seleção comandada por André Jardine estreou com vitória por 4 a 2, mas poderia ter feito mais gols. Muito mais, na verdade. Seria a chance para devolver os 7 a 1 aplicados pelos alemães na semifinal da Copa do Mundo de 2014, no Mineirão.

Richarlison (à esq.) abraça Antony após o primeiro gol do Brasil contra a Alemanha
Richarlison (à esq.) abraça Antony após o primeiro gol do Brasil contra a Alemanha - Phil Noble/Reuters

A partida de sete anos atrás, claro, foi muito mais importante e histórica, mas conseguir uma goleada expressiva contra os germânicos massagearia o ego do torcedor brasileiro. Com o resultado, o Brasil começa na liderança no grupo D dos Jogos de Tóquio. No outro jogo da chave, a Costa do Marfim derrotou a Arábia Saudita, mas com um gol a menos de saldo: 2 a 1.

O confronto aconteceu no Yokohama International Stadium, onde, em 2002, Brasil e Alemanha se enfrentaram na decisão do Mundial e Ronaldo anotou duas vezes para selar o título do elenco que ficou conhecido como “família Felipão”, em alusão ao treinador Luiz Felipe Scolari. O mesmo do 7 a 1.

O Brasil fez três no primeiro tempo nesta quinta e não foi ameaçado em nenhum momento pela Alemanha. Dominou a partida e, se abriu o placar aos sete minutos, poderia tê-lo feito antes.

Antony cortou a defesa adversária com um único passe e encontrou Richarlison, que seria em 2021 uma mistura de Thomas Muller e Miroslav Klose de 2014. O atacante do Everton (ING) fez o primeiro. Ele foi para o vestiário 38 minutos depois com mais dois na bagagem. Aos 22, completou cruzamento de Guilherme Arana. Oito minutos mais tarde, chutou cruzado após assistência de Matheus Cunha.

Várias vezes na etapa inicial o Brasil chegou como quis à área do adversário. Em algum lugar da Alemanha, a versão teutônica de Galvão Bueno deve ter gritado: “Lá vêm eles de novo! Olha só que absurdo!”, como o original fez há sete anos.

Matheus Cunha até desperdiçou um pênalti pouco antes do intervalo, defendido por Florian Mueller.

Foi a oitava vitória em 14 estreias olímpicas do futebol masculino brasileiro. Algo que não aconteceu na Rio-2016, por exemplo. No torneio em que a seleção terminou com a medalha de ouro, na primeira rodada empatou em 0 a 0 com a África do Sul.

Ao comemorar gol, Paulinho, atleta do Bayer Leverkusen (ALE), faz gesto de arco e flecha em referência ao ofá de Oxóssi, orixá do candomblé
Ao comemorar gol, Paulinho, atleta do Bayer Leverkusen (ALE), faz gesto de arco e flecha em referência ao ofá de Oxóssi, orixá do candomblé - Daniel Leal-Olivas/AFP

Nem mesmo diminuindo o ritmo e a velocidade do jogo na etapa final o time de Jardine deixou de criar chances. Matheus Cunha perdeu uma, e Claudinho desperdiçou outra. Antony foi pelo mesmo caminho. A Alemanha descontou aos 11 com um chute fraco do meia Amiri. O goleiro Santos falhou.

Se a partida já estava definida desde o momento em que Richarlison abriu o placar, isso ficou mais claro ainda aos 17, quando o capitão Arnold foi expulso. A Alemanha convocada pelo técnico Stefan Kuntz não tem nenhum nome do Bayern de Munique (ALE), o clube mais importante do país. Se o jogador mais experiente brasileiro é Daniel Alves, 38, um dos personagens mais vencedores da história do futebol mundial, o seu correspondente no adversário era Max Kruse, 33, do modesto Union Berlin (ALE).

Mesmo com todas essas diferenças técnicas, de fama dos elencos e de 11 contra 10 em campo, a Alemanha voltou a marcar. Aos 37, o atacante reserva Ache cabeceou sozinho.

A diferença mínima poderia passar a imagem de que o jogo foi difícil. Não foi. Para evitar isso, Paulinho selou o 4 a 2 nos acréscimos. Na comemoração, o atacante do Bayer Leverkusen imitou um arco e flecha. O gesto representa o ofá de Oxóssi, orixá que o protege no candomblé.

Recentemente, ele falou sobre sua ligação com a religião de matriz africana para o site The Players' Tribune. "Como assentado e praticante, vou ao meu pai de santo sempre que estou no Brasil e peço proteção aos orixás, principalmente ao meu Pai Oxóssi e à minha Mãe Iemanjá", contou.

O Brasil estreou com vitória, mas poderia ter obtido uma goleada incontestável em Yokohama.

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