Descrição de chapéu Tóquio 2020

COI indica o que fazer com as disputas quando surgirem casos de Covid

Documento produzido por entidade e federações esportivas prevê principais cenários

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São Paulo

O COI (Comitê Olímpico Internacional) preparou um plano de contingenciamento que prevê o que fazer em caso de atletas com Covid-19 na Olimpíada. O que de fato vai acontecer, porém, só as competições dirão. Em última instância, cada esporte pode se apoiar em sua própria legislação e conveniência.

Em parceria com as federações, os responsáveis pelos Jogos de Tóquio-2020, respondem a (quase) tudo que pode ser contornado sobre o tema no documento batizado de Sport-Specific Regulations (SSR, ou Regulamentações Esportivas Específicas), publicado em 10 de julho e disponível aqui.

Homem com máscara em frente ao logo dos Jogos Olímpicos de Tóquio, na capital japonesa
Homem com máscara em frente ao logo dos Jogos Olímpicos de Tóquio, na capital japonesa - Thomas Peter - 16.jul.21/Reuters

Em um dos três pontos norteadores do documento, o Comitê avisa que quem receber resultado positivo no teste diário de detecção da Covid não será rotulado como "desclassificado". Em vez disso, será descrito pela sigla "DNS", de "did not start", que designa quem "não começou [a prova]".

Algumas modalidades preferiram outros termos para classificar a não participação de atleta ou equipe. O badminton usou "withdrawn" (retirado), e o judô, "bye" (tchau), parecido com o "walk over" do tênis (o popular WO). Há, ainda, o sincero "did not come" (não compareceu) da vela.

O segundo e o terceiro pontos das regulamentações indicam que quem receber o resultado positivo do teste para Covid-19 antes de competir estará fora da disputa, e os resultados alcançados até aquele momento serão preservados. Como essas regras gerais serão implementadas depende das características de cada competição e modalidade.

O documento deixa explícito, em dois trechos na introdução, que busca evitar atrasos. Nas linhas finais, reforça que "o objetivo é que todas as competições sigam em frente, como planejado no cronograma".

O vôlei, por exemplo, prevê que, caso duas equipes estejam comprometidas e não possam medir forças, os outros dois semifinalistas fazem a decisão. Em modalidades individuais e por equipes, geralmente aquele que está melhor posicionado é convocado para seguir na competição ou a disputa fica com um a menos.

Simples, mas não tanto

O atletismo tem o cenário perfeito para o que as SSR preveem. Nas modalidades definidas em apenas uma prova e num único dia, como os 10.000 m, a maratona e as provas de marcha (20 km e 50 km), a largada simplesmente fica com um atleta a menos do que o previsto.

Algo parecido ocorre em modalidades de luta, como judô, caratê e taekwondo, que resolvem a situação de cada categoria em 24h, mas em períodos diferentes. Por se tratarem de duelos, geralmente realizam as eliminatórias pela manhã e repescagem e finais à tarde ou à noite.

Com dois ou mais dias entre a primeira e a última participação do atleta, imagina-se que haja tempo hábil para detectar e substituir (ou carimbar o DNS e seus equivalentes).

Em provas de velocidade do atletismo, como os 100 m e 200 m rasos, homens e mulheres realizam as rodadas preliminares na manhã de 31 de julho e a primeira rodada pela noite.

Retornam à pista no dia seguinte para as semifinais, às 19h15. Quem se classificar para a grande decisão, compete às 21h50. A chance de perder a briga por um pódio, mesmo classificado, é o teste diário, antes de entrar no Estádio Olímpico de Tóquio. Não há sinalização, por enquanto, de testes nos intervalos.

Outros casos

Na natação, o reserva é quem cai na água nas provas de revezamento. Como eliminatórias e finais não ocorrem sempre no mesmo dia, há tempo para saber o resultado do teste e preparar o substituto.

No boxe, com combates se estendendo por 15 dias, as lutas não terão nem início, e o rival do competidor infectado segue para a próxima fase. Em uma eventual final, o atleta que receber resultado positivo para Covid-19 contenta-se com a prata.

Já na prova de saltos do hipismo, a final contaria com menos equipes, sem preencher a vaga que for aberta. Se algum país com competidor contaminado não puder atuar, nenhum outro o substituirá.

Processo diferente ocorre nas provas da ginástica artística. Na disputa por equipes, caso um ginasta não possa participar da final, ele poderá ser trocado por um reserva. Se não houver substituto, a delegação ficará fora da disputa. A ginástica, porém, prevê que o país que ficou na posição seguinte no qualificatório ocupará essa vaga. Nas competições individuais geral ou em aparelhos, os reservas ganham uma chance.

Na ginástica rítmica, se uma atleta não puder disputar a final, ela será substituída pela reserva. Caso não haja ginastas suficientes para completar o grupo, o país estará fora da disputa. Assim como na ginástica artística, a substituição acontece de acordo com o país que obteve melhor posição no qualificatório.

Ciclismo de mountain bike, esgrima e triatlo resolvem as disputas em um único dia e apenas excluem o atleta. Escalada esportiva, skate e surfe, que duram mais tempo, chamam o melhor ranqueado a seguir.

No tênis de mesa, o país eliminado volta à disputa caso outra delegação não possa continuar no torneio, seja na categoria simples, de duplas ou por equipes. Os resultados conquistados pelo país atingido pela Covid-19, no entanto, serão mantidos para efeito de ranking.

O tênis, por sua vez, tem regra diferente. Quem estreou, mas não puder continuar no torneio devido à doença, estará eliminado por WO. O adversário do atleta infectado segue adiante e não haverá substituto.

Fifa com menção 'especial'

Protagonista de uma disputa histórica com o COI devido ao futebol olímpico, a Fifa é a única entidade esportiva citada textualmente no documento.

A despeito da indicação geral na introdução de que, se nada der certo, as federações esportivas ainda podem se ancorar nas próprias regras e regulamentações, o texto sobre o futebol vai além.

Em quatro linhas, há espaço para dizer que, se um time não puder competir, a Fifa "irá decidir a questão por critério próprio e tomará a decisão necessária". Nenhuma outra federação tem uma regra parecida, nem a citação da sigla ou nome de quem comanda o respectivo esporte.

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