Descrição de chapéu Tóquio 2020

'Coração do boxe no Brasil', Bahia coloca dois pugilistas na final das Olimpíadas

Bia Ferreira e Hebert Conceição garantiram vaga na decisão e brigarão pelo ouro

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Júlia Belas
São Paulo

Da mesma terra de onde veio Robson Conceição, o primeiro ouro olímpico do boxe brasileiro, vem Beatriz Ferreira, favorita para a posição mais alta do pódio nas Olimpíadas de Tóquio, e também Hebert Conceição, outro baiano que buscará a medalha dourada na final dos Jogos.

Na madrugada desta quinta-feira (5), ambos garantiram vaga na decisão do boxe olímpico. Bia superou a finlandesa Mira Potkonen nas semifinais da categoria até 60 kg. Já Herbert venceu o russo Gleb Bakshi na categoria até 75 kg para confirmar um lugar na final.

"Tamo junto, Salvador! Bahia!", celebrou o pugilista após vencer seu combate com Bakshi.

A Bahia deu ao país mais da metade dos convocados da modalidade para os últimos quatro Jogos Olímpicos –Rio-2016, Londres-2012, Pequim-2008 e Atenas-2004. Dois desses atletas garantiram medalha: Robson, ouro no Rio, e Adriana Araújo, bronze em Londres.

Nesta edição dos Jogos, foram três representantes do estado na seleção titular. Além de Bia e Hebert, ambos de Salvador, Keno Marley (de Sapeaçu, no interior) também integrou a delegação em Tóquio.

Completam a “seleção baiana” dois dos sparrings, Isaías Filho e Joel Silva, e um treinador, Amônio Lima.

“A Bahia é, para mim, o coração do boxe no Brasil”, afirma o ex-campeão mundial Luiz Dórea, fundador da Academia Champions e treinador de Hebert. Ele acredita que os baianos têm uma aptidão às artes marciais e que, por isso, o boxe eleva o nome do estado nos Jogos.

A Champions, localizada no bairro de Cidade Nova, na capital, é a principal formadora dessa trupe.

Comandada por Dórea, a academia funciona também como projeto social e já atendeu mais de 8.000 crianças em 31 anos de atividade. Foi de lá, inclusive, que saiu Hebert.

“Hebert foi para a Champions com 15 anos e hoje é uma das nossas grandes revelações do boxe. Quando ele nos procurou, na verdade, tinha um sonho de lutar MMA. Eu falei que era para ele primeiro se especializar no boxe e só depois, quando ficasse maior de idade, decidir se iria para o MMA ou não”, conta Dórea à Folha.

O ex-pugilista também treinou Raimundo Oliveira, o Sergipe, pai e treinador de Bia Ferreira. Cria da Champions, ele se mudou para Juiz de Fora (MG), onde a filha cresceu e se tornou uma das melhores lutadoras do mundo.

“Sergipe treinava comigo e Bia ia para a Champions acompanhar o pai. Ele sempre treinou ela, sempre cuidou. Quando o pai partia para treinar, ela, pequenininha, ia junto, ficava batendo no saco, acompanhando o pai”, diz Dórea.

O ex-campeão mundial é considerado um Midas por revelar boxeadores olímpicos. O primeiro deles foi Joílson Santana, ex-parceiro de treino que disputou os Jogos de Seul, em 1988. O fundador da Champions ainda burilou o time olímpico nos Jogos de Atenas e Pequim.

O estado também se destaca no boxe profissional. Robson Conceição anunciou na última terça-feira (20) que vai disputar o título mundial do WBC (Conselho Mundial de Boxe, na sigla em inglês) contra o atual campeão, Oscar Valdez, no dia 10 de setembro, nos Estados Unidos.

Caso vença, será o terceiro baiano a conquistar um título mundial entre profissionais do ramo, ao lado de Acelino "Popó" Freitas e Valdemir "Sertão" Pereira.

Além do boxe, Dórea também treina astros do MMA. Ele trabalha há anos com os gêmeos Rodrigo Minotauro e Rogério Minotouro, de Vitória da Conquista (BA), além de Junior Cigano e Anderson Silva.

Dórea aposta que a Bahia, celeiro de lutadores e técnicos, ainda tem muito a oferecer. “A seleção brasileira tem atletas muito jovens, porém com experiência muito grande, e a gente fica muito feliz que a Bahia continua contribuindo.”

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