Descrição de chapéu Tóquio 2020 Judô

Em sua melhor forma, Rafael Buzacarini se vê pronto para buscar medalha no judô

Paulista usa experiência adquirida nos Jogos de 2016 para subir ao pódio em Tóquio

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Tóquio

O sonho da medalha olímpica fez Rafael Buzacarini deixar de ser Bolo Cru, o apelido que recebeu ao chegar a São Caetano do Sul, em 2010. Loiro, branco e pesando quase 120 quilos, ele parecia, segundo os amigos, uma massa antes de ir ao forno.

“Eu estou na melhor forma e na melhor fase da minha vida. Estou sacrificando tudo por essa medalha. É tudo para mim”, afirma o judoca, que luta na categoria até 100 kg.

Entre a noite desta terça-feira (27) e o início da madrugada de quarta (28), no horário de Brasília, ele estreia nas Olimpíadas de Tóquio contra o belga Toma Nikiforov. A programação do judô começa às 23h (de Brasília) de terça, e a luta do brasileiro é a 11ª da lista.

O pensamento de Buzacarini é que deve haver uma explicação, mesmo que não seja racional, para sua trajetória e o destino vai levá-lo ao pódio. Ele praticou várias lutas quando era criança. Fez capoeira, jiu-jítsu e caratê. Poderia ter seguido em qualquer desses esportes.

“Não sei explicar a minha escolha. Algo me empurrou para o judô. Acho que tinha de ser”, completa.

Mas o fatalismo não bastaria para levá-lo a Tóquio, ele sabe. Foi sua mãe Irani quem percebeu que os torneios na região de Barra Bonita, no interior de São Paulo, eram muito pouco para o filho. Se ele quisesse ser alguém na modalidade, teria de ir para a capital. Ela quase o empurrou para ir fazer o teste em São Caetano, onde depois receberia o apelido de Bolo Cru.

No dia da peneira, Buzacarini sofreu uma lesão no joelho e teve de operá-lo. Entrar na nova equipe se tornou algo fora de cogitação. Outras contusões que o assustaram já haviam ocorrido, como cair de cabeça e desmaiar. A cirurgia no joelho aos 18 anos foi a pior. Quando se recuperou, tentou de novo e entrou no time da Prefeitura de São Caetano.

Tóquio não é a primeira experiência olímpica do judoca. Aos 24 anos, ele também se classificou para os Jogos do Rio, em 2016. Ganhou na primeira fase do uruguaio Pablo Aprahamian antes de perder para o japonês Ryunosuke Haga, que era o campeão mundial e seria medalhista de bronze.

Nos Jogos de 2016, Buzacarani foi superado por Ryunosuke Haga - Toru Hanai - 11.ago.16/Reuters

“Eu tinha 24 anos, era um garoto, e hoje vejo o que poderia ter feito de maneira diferente. Estou mais maduro, e essa experiência de já ter participado dos Jogos pode fazer a diferença. Sou outro judoca, tanto no físico quanto na habilidade e na mentalidade. Evoluí bastante nos últimos cinco anos”, afirma, lembrando que sua categoria é muito mais equilibrada atualmente do que foi em 2016. Isso significa que o número de atletas que podem ganhar medalhas é maior.

Atleta do Clube Paineiras do Morumby, em São Paulo, Buzacarini ligou para a mãe assim que recebeu a confirmação de sua convocação. Disse apenas que o sonho deles estava se tornando realidade.

“Foi mais alívio, porque há muitos judocas bons que ficam pelo caminho e não vão aos Jogos. A peneira é muito grande. Por isso que, embora já imaginasse que viajaria, só fiquei calmo quando saiu a lista e vi meu nome nela.” Buzacarini diz que ainda não pensou em como será a competição no Nippon Budokan.

É um dos erros que cometeu em 2016 e não quer repetir: pensar demais nos possíveis adversários quando o mais importante é seu próprio treino. O judoca tem uma cartilha que quer seguir. Tudo será diferente, até alguns aspectos que gostaria ver iguais aos observados nos Jogos do Rio. Como a Vila Olímpica, por exemplo. Devido às restrições provocadas pela pandemia da Covid-19, ela tem um rodízio maior de atletas. Depois da competição, eles devem ir embora logo.

Se todas as mudanças significarem também um resultado diferente no tatame, não será ele a se queixar.

“Eu estou pronto para a medalha. Não importa a cor. Você trabalha a vida toda por isso”, lembra ele, que começou aos quatro anos e tem 25 no judô.

Recuperada de lesão, Mayra Aguiar tenta terceira medalha e recorde

Recuperada de uma cirurgia no joelho e de volta ao judô após ficar 16 meses sem lutar, Mayra Aguiar vai tentar sua primeira final olímpica. Na madrugada desta quarta, a judoca entra direto nas oitavas de final na categoria até 78 kg, o que significa que a caminhada até a medalha de ouro pode ter apenas quatro lutas, e não cinco, como ocorre normalmente. A brasileira pulou a necessidade de disputar a primeira fase devido à sua colocação no ranking. A adversária ainda não está definida.

Tóquio marca a quarta edição olímpica da carreira de Aguiar. Bronze em Londres-2012 e Rio-2016, ela pode se tornar agora a maior medalhista da história do judô brasileiro, um feito bem maior do que poderia esperar no ano passado, quando uma lesão no joelho colocou em dúvida sua participação em Tóquio.

Para poder treinar, a judoca teve de deixar Porto Alegre para ir ao Rio de Janeiro e ficar concentrada no complexo Maria Lenk, fugindo assim das restrições provocadas pela pandemia da Covid-19.

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