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Natália Kohatsu Quintilio

Jogos Olímpicos são oportunidade para o livre pensar

Tóquio-2020 é uma edição histórica e, por que não, fazê-la ser vivida não só no que diz respeito ao esporte?

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Natália Kohatsu Quintilio

doutora em ciências pela EEFE-USP, integra o Grupo de Estudos Olímpicos da USP

O esporte faz parte da minha formação humana. No entanto, só percebi sua potência quando adulta, afinal, quando criança, queria nadar, correr, dançar ou jogar pelo simples prazer de fazê-los. E como era bom sentir essa alegria.

Enquanto professora de educação física e entusiasta de competições escolares (como aluna ou professora), aprendi o quanto vivenciar o esporte na escola ou em competições pode vir a ser uma experiência significativa, ou seja, o quanto pode colaborar na formação das crianças que um dia serão aquilo que desejam ser. E, sendo o que desejam ser, que façam o melhor que puderem, pensando em si, no outro, em todos. Errando, acertando e, por que não, às vezes, desistindo. Afinal, tudo isso é ser humano.

Ao processo de ensino/aprendizagem/vivências pelo e do esporte podemos dar o nome de Educação Olímpica, a qual não tem o objetivo de formar atletas olímpicos, ainda que os estudantes possam ---e devam--- ser encorajados também a isso. Tanto que na minha jornada como professora torço pela concretização do sonho de ser olímpica de Marina Tuono, no bobsled, e me encho de orgulho da convocação de Ana Cristina, no vôlei.

A educação olímpica é uma plataforma pedagógica ancorada no Olimpismo, filosofia de vida que alia esporte, cultura e educação, exaltando e combinando as qualidades do corpo, da alma e da mente na busca de um modo de vida baseado no valor educacional do bom exemplo, na alegria do esforço e no respeito aos princípios éticos. Ela também nos apresenta valores, os quais não são bons nem ruins e, sim, aquilo que se faz deles.

Máxima de Parlebas feita ao esporte, cabe à competição, aos valores e a qualquer fenômeno humano. Amizade, coragem, determinação, excelência, igualdade, inspiração e respeito, ditos valores olímpicos e paralímpicos, são essencialmente humanos, pois a saudade da amizade cultivada na convivência dos times é tão valiosa para uma atleta olímpica ---como me contou Fabiana Diniz, a Dara, com quatro participações olímpicas no handebol--- como para os alunos que participavam dos jogos escolares.

Valores que não podem ser aprendidos na teoria. É imprescindível a vivência, a atribuição de sentido e a reflexão sobre eles para que se manifestem em ações, não só dentro das quadras/campos/ginásios/piscinas mas, também, no cotidiano. Isso faz do esporte educacional, bem como do brincar, vivências que devem fazer parte da vida de todos, assim como faz do professor um elo essencial para que as vivências sejam refletidas e venham a ser experiências significativas.

O mesmo pode ser dito ao fato de se assistir aos Jogos Olímpicos, evento que muitos alunos vivenciarão, neste ano, pela primeira vez. Tóquio-2020 já é, por si só, uma edição histórica e, por que não, fazê-la ser vivida, significada e refletida não só no que diz respeito ao esporte ou à competição em si, mas também sobre todas as coisas que a permeiam?

Qual o significado que os Jogos Olímpicos terão para os estudantes? Meu desejo é que a edição de Tóquio torne-se muito mais que disputas e medalhas, que seja uma oportunidade para exercitar o livre pensar, sentir e agir. E que o livre pensar, sentir e agir os acompanhe por toda a vida que desejarem ter e por quem quiserem ser. Que seja uma experiência significativa para levarem em suas histórias e contarem, já adultos, como ela faz parte de sua formação humana.

Acompanhe o Grupo de Estudos Olímpicos nas redes sociais: facebook.com/estudosolimpicos e twitter.com/geofeusp

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