Descrição de chapéu Tóquio 2020 Natação

Leo de Deus termina em 6º nos 200 m borboleta, mas coroa espera de 9 anos por final

Em Londres-2012 e Rio-2016, nadador brasileiro parou na semifinal; ouro em Tóquio ficou com húngaro Kristof Milak

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Tóquio

Ao descobrir que largaria na raia cinco, uma das melhores para uma prova de natação, a primeira coisa que Leo de Deus, 30, lembrou foi um episódio ocorrido quase uma década atrás.

Seu pai, Domingos, havia comprado um ingresso para a final dos 200 m borboleta das Olimpíadas de Londres-2012. Mas o filho não se classificou para a disputa de medalha. “Ele fez um vídeo para mim e me enviou. Dizia: ‘Sonhei desde quando você era pequeno que estaria em uma final olímpica. Você não está aqui hoje, mas este vídeo é para te motivar, porque você vai estar’. Demorou um pouquinho mas cheguei à final olímpica”, disse ele, que se definiu como o “titio Sukita” da equipe de natação, devido à idade.

Leo de Deus, de touca branca, durante final dos 200 m borboleta em Tóquio
Leo de Deus, de touca branca, durante final dos 200 m borboleta em Tóquio - Antonio Bronic/Reuters

Levou nove anos, mas o nadador compensou a espera do coronel aposentado da Força Aérea Brasileira que fez faculdade de marketing esportivo para ajudar na carreira do então atleta iniciante. Domingos não foi a Tóquio por causa das restrições e teve de acompanhar pela TV a tão esperada disputa da medalha.

"Estava sempre procurando minha final olímpica. A gente sempre quer medalha, saio daqui como vitorioso, mas sabendo que podemos entregar mais. O que tinha para Tóquio foi feito", analisou, ao sair da piscina.

O brasileiro terminou a final na sexta posição, com o tempo de 1min55s19, enquanto o ouro ficou com o favoritíssimo húngaro Kristof Milak, com 1min51s25. Em suas duas Olimpíadas anteriores, em Londres e no Rio, Leo de Deus havia parado na semifinal. Chegar ao menos à última prova se tornou uma obsessão.

“Isso coroa toda uma carreira de muito sucesso, muito jogo limpo, muita dedicação. Não só minha, da minha família, de todo o mundo que trabalha comigo”, festejou. Antes mesmo de cair na piscina, ele já estava confiante. Nesta segunda, ao se classificar para a prova final, ouviu que enfrentaria Milak, Federico Burdisso (Itália) e Leon Marchand (França) e não se abalou: “Mas vai ter Leo de Deus também".

O brasileiro não conseguiu o mesmo tempo da semifinal, quando bateu em 1min54s97. Durante os 200 metros na piscina nesta terça, brigou para tentar alcançar o sul-africano Chad Le Clos, que terminou com a quinta posição. Na virada dos 100 metros, ficou claro que alcançar a medalha seria difícil para Leo.

Mesmo assim, o resultado é uma redenção. Não devido ao que aconteceu em 2012 e 2016. Mas pelos problemas que passou para treinar durante a pandemia, quando teve de deixar o filho Theo, hoje com 11 meses, para treinar no Rio. Pela tensão da seletiva, quando enfim conseguiu o índice olímpico. Pelas conversas com Thiago Pereira, prata nos 400 m medley em Londres-2012, para quem Leo precisava ficar mais animado. Por perceber que a pressão estava forte demais e que precisava de ajuda psicológica.

Principalmente por causa da família. “Lógico que a relação com a minha família gera pressão. Eu vi meus pais fazendo de tudo, minha irmã abdicando de muita coisa para que eu pudesse fazer o que fiz hoje.”

A mãe Jeane era professora e fez faculdade de nutricionista para ajudá-lo. A irmã Deborah administra sua agenda. Leo de Deus também vê tudo o que aconteceu até agora com ele e com o time do país como um incentivo para a natação brasileira. No Rio-2016, em casa, nenhuma medalha foi conquistada.

“Dá um ânimo para a equipe, que sentiu no primeiro e no segundo dia, mas agora a gente caminha para excelentes resultados”, afirma. E o seu já era esperado havia nove anos.

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