Oleg Ostapenko, técnico histórico da ginástica brasileira, morre na Ucrânia

Treinador dirigiu Daiane dos Santos e Danielle Hypólito e ficou no país até 2015

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São Paulo

O técnico Oleg Ostapenko, que dirigiu a seleção brasileira de ginástica artística de 2001 a 2008 e de 2011 a 2015, morreu neste sábado (3) em Kiev, na Ucrânia, aos 76 anos.

Ostapenko estava hospitalizado desde o dia 6 de maio e enfrentava vários problemas de saúde. Exames tinham detectado a presença de coágulos nos pulmões, que necessitaram de duas cirurgias para tentar eliminá-los. Segundo o site International Gymnast Media, o treinador tinha apenas um rim e foi submetido a diálise. Ele também estava com inchaço no cérebro.

O técnico também dirigiu Rússia e Ucrânia.

Jade Barbosa é consolada pelo técnico Oleg Ostapenko
Jade Barbosa, em 2007, é consolada pelo técnico Oleg Ostapenko, que morreu neste sábado - Eduardo Knapp/Folhapress

A chegada de Ostapenko ao Brasil resultou em um dos períodos mais gloriosos da ginástica artística do país. Ele chegou em 2001 acompanhado da esposa, Nadija, que era professora de balé e se incumbia das coreografias, e pela treinadora Iryna Ilyashenko. Foi nesta época que Daiane dos Santos e Daniele Hypólito começaram a se destacar em etapas da Copa do Mundo e em Campeonatos Mundiais.

Sob o comando de Ostapenko, Daiane dos Santos se tornou a primeira brasileira campeã mundial de ginástica artística, em 2003. Na final do solo no Mundial de Anaheim, nos Estados Unidos, ela derrotou a romena Catalina Ponor e a espanhola Elena Gómez.

Na ocasião, executou o duplo twist carpado pela primeira vez. O movimento recebeu o nome de "Dos Santos" e foi desenvolvido junto com o treinador ucraniano. Sob o comando de Ostapenko, Daiane viveu o auge da carreira, com mais 14 medalhas em etapas da Copa do Mundo (nove ouros, uma prata e quatro bronzes).

O técnico Oleg Ostapenko, ao centro da foto, comanda treino da seleção brasileira de ginástica artística. Ao redor do treinador estão várias ginastas alongando as pernas
O técnico Oleg Ostapenko (centro) comanda treino da seleção brasileira em Curitiba - Theo Marques - 3.mai.13/Folhapress

Em 2007, sob o comando do treinador, Daniele Hypólito conquistou o bronze no individual geral no Mundial de Stuttgart, na Alemanha. Na mesma época, Laís Souza também se destacava.

Ostapenko deixou o Brasil pela primeira vez após a Olimpíada de Pequim, em 2008, quando foi ser técnico na Rússia. Ele retornou ao país em 2011, para trabalhar no Centro de Excelência de Ginástica, em Curitiba. O treinador deixou o país pela última vez em 2015 por não chegar a um acordo financeiro sobre seu salário com o COB (Comitê Olímpico do Brasil).

O técnico ucraniano Oleg Ostapenko e a ginasta Daiane dos Santos no Centro de treinamento da seleção brasileira de ginástica artística, em Curitiba
O técnico ucraniano Oleg Ostapenko e a ginasta Daiane dos Santos no Centro de treinamento da seleção brasileira de ginástica artística, em Curitiba - Guilherme Pupo - 15.set.03/Folhapress

Ostapenko já tinha um bom currículo internacional antes de chegar ao Brasil.

Antes de treinar a seleção brasileira, ele havia trabalhado com Tatyana Lyssenko, que conquistou dois ouros olímpicos em Barcelona-1992, e Tatiana Gutsu, ganhadora de dois ouros, uma prata e um bronze na mesma Olimpíada. Quatro anos depois, viu a pupila Lilian Podkopayeva levar duas medalhas douradas e outra prateada nos Jogos de Atlanta-1996.

Daiane foi uma das primeiras a se manifestar sobre a morte do treinador. Em sua conta no Instagram, a ginasta postou uma homenagem ao antigo mentor.

"Hoje o dia começou triste, com uma grande dor no coração. Nunca é fácil perder alguém que amamos. Oleg, você foi mais que um treinador, [foi] um segundo pai, um amigo leal, conselheiro para uma vida inteira... Em meu coração um mix de sentimentos, tristeza, saudade. Felicidade em ter aprendido com a sua sabedoria, gratidão a Deus por termos unidos os nossos caminhos", escreveu a ginasta.

"Obrigado mestre, que você descanse em paz, sua gargalhada fará muito falta", acrescentou.

A CBG (Confederação Brasileira de Ginástica) também se manifestou sobre a morte de Ostapenko. “É com muita tristeza que recebemos a notícia. Oleg acrescentou muito à ginástica brasileira, com seus conhecimentos e enorme carga de trabalho. Devemos parte de uma longa lista de conquistas a esse treinador, cuja influência se faz sentir até hoje no nosso esporte”, afirmou Luciene Resende, presidente da entidade.

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