Descrição de chapéu Tóquio 2020

Robert Scheidt usa experiência diante do inesperado em sua sétima edição olímpica

Velejador de 48 anos se mostra confiante para encarar rivais mais novos na classe laser

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Tóquio

Participante de Jogos Olímpicos desde 1996 e dono de cinco medalhas, o velejador Robert Scheidt teria bagagem suficiente para saber o que esperar em sua sétima participação. Isso numa situação normal.

Diante da pandemia de Covid-19, o desafio em Tóquio, mesmo para o atleta de 48 anos, será inédito de muitas maneiras. A preparação em Tórbole, na Itália, onde vive com a família, chegou a ser afetada pelo coronavírus, mas não por muito tempo. O adiamento dos Jogos se mostrou bem-vindo para Scheidt, que anunciou seu retorno à classe laser no início de 2019 e assim ganhou mais um ano de preparação.

Robert Scheidt posa ao lado do barco
Robert Scheidt em Enoshima, local de disputa da vela na Olimpíada de Tóquio - Daniel Varsano - 15.jul.21/COB

A categoria na qual ele faturou três de suas cinco medalhas e ficou na quarta posição em 2016 é considerada uma das mais exigentes fisicamente da vela olímpica —alguns dos principais rivais do brasileiro são cerca de duas décadas mais novos. Apesar dessas dificuldades, ele diz acreditar que a experiência possa ser seu trunfo na competição em Enoshima, a partir da madrugada deste domingo (25). A primeira regata está marcada para as 2h30, no horário de Brasília.

“A confiança nasce da certeza de que se fez a melhor preparação possível, apesar de algumas adaptações em função da pandemia. O fato de ter andado bem nas últimas competições também é importante e mostra que estou entre os velejadores com chances de brigar por uma medalha”, afirma ele à Folha. “O meu momento nestes últimos meses vem em uma crescente.”

A regata decisiva será realizada no dia 1º de agosto. Caso Scheidt conquiste uma medalha, ele se tornará o segundo brasileiro mais velho no pódio olímpico. Sebastião Wolf, do tiro esportivo, foi bronze em equipes na edição de 1920 aos 51 anos. O também velejador Torben Grael, que, assim como Scheidt, possui cinco medalhas, detém o recorde de mais velho a conquistar o ouro, em 2004, aos 44 anos.

Entre as novidades que Scheidt encontrou ao retornar para a categoria laser está a dificuldade maior para controlar o barco nos ventos fortes, devido a uma mudança no material do mastro. A vela passou a exigir mais contrapeso, o que fez com que o atleta tivesse de aumentar o seu com massa magra, de 80 kg para 84 kg.

“A técnica de velejar mudou um pouco, principalmente no vento em popa. Para ser bem sincero, demorei para me adaptar e tive dificuldade em performar no popa, que sempre foi meu forte. Mas com muito trabalho e 'horas de voo', comecei a melhorar minha técnica e estou cada vez mais confortável”, diz.

É esperado que a raia em Enoshima apresente variações, com ventos fortes e fracos, sem predominar uma das condições, algo que o veterano avalia como favorável. Antes dos últimos 12 dias, durante os quais ele pôde treinar no local de competição, ninguém teve a possibilidade de se adaptar com antecedência.

“Eu acredito que chegar em cima da hora, em um evento de grande pressão, pode ser um ponto a meu favor. Eu já passei por muitas situações em seis Olimpíadas. O lado mental e a tranquilidade em função de ter vivido muitas coisas podem me ajudar em um torneio em que esse reconhecimento do local da disputa não pôde ser explorado”, aposta.

Scheidt aponta como principais rivais o alemão Philipp Buhl, o australiano Matt Wearn, o neozelandês Sam Meech e o francês Jean-Baptiste Bernaz, seu companheiro de treino neste ciclo olímpico. Mas a conta de candidatos a medalhas chega a 12, incluindo, claro, ele mesmo.

“O que estou fazendo na laser ninguém nunca fez. Isso mostra para a juventude que os veteranos também têm muita lenha para queimar, que se cuidando e querendo muito dá para velejar por muito tempo. No meu caso, é isso, a chama, a paixão, a vontade de tentar de novo e lutar.”

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