Descrição de chapéu Tóquio 2020 taekwondo

Telespectadora em 2008, Titoneli agora faz família madrugar para vê-la nas Olimpíadas

Lutadora, esperança de medalha para o Brasil no taekwondo, estreia nos Jogos neste domingo (25)

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Tóquio

Em 2008, quando tinha 10 anos de idade, a paulistana Milena Titoneli programava o celular para acordar durante a madrugada e acompanhar as lutas de Natália Falavigna, medalhista de bronze naqueles Jogos de Pequim. Neste domingo (25), às 23h, é a vez de ela brigar por um lugar ao pódio no taekwondo.

Chances, para isso, existem. Na categoria até 67 kg, ela é a nona colocada do ranking e terminou em terceiro o último Campeonato Mundial, disputado em Manchester. Também entrou para história como a primeira brasileira a faturar o ouro na modalidade nos Jogos Pan-Americanos, em Lima-2019.

“Acordava de madrugada para assistir à Natália e, em 2016, fui todos os dias para ver as competições. Foi [no Rio] que entrei para seleção adulta e comecei a pensar mais forte que um dia eu gostaria de estar ali [no tatame]”, conta Milena à Folha.

No Makuhari Messe Hall, na capital japonesa, a paulistana vai lutar contra Julyana Al-Sadeq, da Jordânia.

Nessas Olimpíadas, cada categoria da modalidade reúne 16 lutadores, e a reta final para o pódio começa na fase de oitavas de final. Para garantir o ouro é preciso vencer os quatro duelos.

Essa é a primeira vez que o Brasil terá uma representante na classe até 67 kg. Milena entrou para o esporte a pedido da mãe, preocupada com o excesso de peso da filha, com 12 anos à época. Os pais, Rosemeri e Everaldo, queriam que a menina escolhesse basquete, handebol ou vôlei. Ela quis o tatame.

Me identifiquei com o taekwondo. De início, minha mãe ficou um pouco assustada. Eu chegava [em casa] com os braços roxos por me defender nos treinos.”

Retrato de Milena Titoneli (22), atleta que vai representar o Brasil nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020
Retrato de Milena Titoneli (22), atleta que vai representar o Brasil nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 - Bruno Santos/Folhapress

O que era para ajudar a perder peso, ganhou outro significado a partir de 2013, quando ela foi à primeira competição como faixa preta e, aos 15, conquistou uma vaga na seleção brasileira juvenil. "Na ocasião, a comissão me escolheu para os Jogos Olímpicos da Juventude. Depois dessa competição, fui vendo como era o taekwondo de verdade, e meus pais, como seria a realidade de uma atleta”, diz Milena.

Ainda assim, Everaldo prefere ficar longe quando a filha entra no tatame. “Meu pai não gosta de ver pessoalmente porque acha que vai me deixar nervosa. Na verdade, não. Contaram para mim que, quando ele vê de casa, quase tem um ataque do coração." Em Tóquio, Falavigna e Milena estão unidas no objetivo de chegar ao pódio. A medalhista de bronze em Pequim é a chefe da equipe brasileira e quem aconselha a atual esperança do país. Agora é a família Titoneli que precisará recorrer ao despertador do celular.

No masculino, o mineiro Icaro Miguel, 27, mede forças com o italiano Simone Alessio, às 22h15 (de Brasília), também neste domingo. Quando tinha seis anos de idade, Icaro sofreu um acidente doméstico e perdeu 90% da visão do olho direito. No Mundial, em Manchester, o lutador conquistou uma medalha de prata na categoria de 87 quilos, que não faz parte da programação olímpica.

Assim, na capital japonesa, ele compete em uma classe mais leve, a de 80 kg, pela qual conseguiu uma medalha de prata nos Jogos Pan-Americanos de Lima. Para se concentrar na preparação para as Olimpíadas no Japão, Icaro preferiu não conceder entrevistas.

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