Após desistir de quatro finais, Biles estuda se brigará por medalha na trave

Equipe dos EUA avalia saúde mental da ginasta diariamente, como faria com uma lesão física

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São Paulo

Fora de ação desde que abandonou a final feminina por equipes da ginástica artística, Simone Biles já desistiu de mais quatro decisões nos Jogos Olímpicos de Tóquio. Depois de abrir mão da disputa individual geral e da briga por medalhas no salto sobre a mesa e nas barras assimétricas, a norte-americana resolveu também não participar das apresentações derradeiras no exercício de solo.

A ginasta de 24 anos apontou razões de saúde mental para o seu afastamento e vem recebendo atenção médica diária. De acordo com a USA Gymnastics, a federação dos Estados Unidos da modalidade, o acompanhamento é semelhante ao que seria feito no caso de uma lesão física, com observação constante da evolução.

A ginasta americana Simone Biles em Tóquio - Mike Blake/Reuters

“Simone decidirá no decorrer da semana se atuará na trave”, informou a USA Gymnastics, em comunicado. “De qualquer maneira, estamos todos com você, Simone”, acrescentou a entidade, que substituiu Biles pela próxima atleta mais bem colocada em cada uma das provas em que houve desistência.

A final da trave será a última do programa feminino da ginástica artística em Tóquio. A disputa está marcada para a tarde japonesa de terça-feira (3), 5h50 de Brasília. A brasileira Flávia Saraiva, embora lute contra uma lesão no tornozelo, é uma das oito classificadas e tem esperança de conseguir uma medalha.

A trave é o aparelho menos acrobático da ginástica feminina. Os giros múltiplos no ar, que têm provocado uma sensação de desorientação em Biles, ocorrem apenas no momento da finalização, quando a atleta deixa a plataforma e se dirige ao chão. Por isso, são tidas como maiores as chances de ela participar.

“Não sei se está confirmado, ela decidirá, mas parece que sim”, afirmou MyKayla Skinner, companheira de Simone na equipe dos Estados Unidos. Foi ela quem substituiu a estrela na final do salto sobre a mesa e conseguiu um desempenho que lhe rendeu a medalha de prata, atrás da brasileira Rebeca Andrade.

Biles aplaudiu bastante a atuação da compatriota e também a da campeã. Ela não vem participando das finais, mas tem acompanhado e celebrado as apresentações. De acordo com a ginasta, o apoio recebido desde que divulgou seus problemas de saúde mental tem sido valioso.

“O amor e o suporte que ganhei me fizeram perceber que sou mais do que meus feitos na ginástica, algo em que eu nunca acreditei antes”, afirmou a norte-americana, antes de fazer um agradecimento às pessoas da USA Gymnastics que estão ao seu lado: “Eternamente grata por ter um sistema de apoio tão incrível”.

Simone Biles tinha se classificado para a final individual geral, com a primeira colocação, e avançado também para todas as decisões por aparelhos. Mas a sensação experimentada nos treinamentos e no salto que executou na final por equipes a fez colocar como prioridade sua saúde mental.

“Para os que dizem que desisti, eu não desisti. Minha mente e meu corpo simplesmente não estão em sincronia”, afirmou a ginasta, após a primeira desistência, há pouco menos de uma semana. De lá para cá, ela trabalha para reunir condições de voltar a competir –o que pode ocorrer na trave, mas só se sua cabeça estiver em um lugar confortável.

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