Descrição de chapéu Tóquio 2020 paralimpíadas

Brasil leva 2 ouros no lançamento do disco e chega a 99 em Paralimpíadas

Sexto dia dos Jogos de Tóquio teve ainda três pratas, duas no atletismo e uma no tênis de mesa

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São Paulo

O lançamento do disco deu dois ouros para o Brasil no sexto dia de Jogos Paralímpicos de Tóquio, o que levou o país à contagem de 99 medalhas douradas na história. O esperado título de número 100 teve que esperar mais um pouco.

Claudiney Batista dos Santos triunfou na classe F56 e se tornou bicampeão. Elizabeth Gomes, aos 56 anos, confirmou seu domínio, bateu o próprio recorde mundial e sagrou-se campeã pela primeira vez, na junção das classes F51, F52 e F53.

Beth na cadeira de rodas, apoiada por um ajudante, ao lado do placar indicando recorde mundial
Elizabeth Gomes, medalhista de ouro no lançamento do disco nas Paralimpíadas de Tóquio - Wander Roberto/CPB @wander_imagem

Vinícius Rodrigues levou a prata nos 100 m rasos classes T42/63, assim como Alessandro da Silva no arremesso do peso classe F11 e Bruna Alexandre no tênis de mesa, classe 10.

Foi o primeiro dia em que a natação passou em branco.

O Brasil soma 35 medalhas em Tóquio: 12 ouros, 8 pratas e 15 bronzes, na sexta posição do quadro geral.

Veja os destaques da campanha brasileira nesta segunda

Brasileiros dominam no disco

Com recorde mundial, Elizabeth Rodrigues Gomes, 56, conquistou o ouro no lançamento do disco classes F51/52/53 (atletas que competem sentados por comprometimento dos membros inferiores). Ela obteve a marca de 17,62 m para ganhar a prova.

"Parece que estou vivendo um sonho que se tornou realidade. Foram cinco anos esperando por esse grande feito, quando fiquei fora das Paralimpíadas do Rio por uma reclassificação funcional. Eu e minha treinadora Roseane Faria viemos galgando a cada treino, a cada suor derramado", afirmou Beth, emocionada, em entrevista ao SporTV.

Logo no primeiro lançamento, Beth já havia assumido a liderança da prova, com 15,68 m, e batido o recorde dos Jogos Paralímpicos. Ela melhorou a marca em seguida, com 16,35 m. Ainda quebraria o próprio recorde mundial duas vezes, com 17,33 m e 17,62 m.

Para se ter uma ideia do domínio, a medalhista de prata, a ucraniana Iana Lebiedeva, lançou o disco mais de dois metros atrás de Beth: 15,48 m. O bronze foi para outra ucraniana, Zoia Ovsii, com 14,37 m.

Conhecida como "Fênix" (a ave que ressurge das cinzas), apelido que ganhou de um dos seus técnicos por sempre conseguir se reinventar, Beth é a atleta mais velha da delegação brasileira.

Ela, que é natural de Santos, também já participou das Paralimpíadas no basquete em cadeira de rodas em Pequim-2008.

Em 2017, a atleta foi internada às pressas por causa de um surto de esclerose múltipla, doença autoimune que afeta o cérebro e a medula, descoberta por ela em 1993.

Após triunfar em Tóquio, ela lembrou que seu título veio em uma data especial. "Nada melhor do que hoje, dia 30 de agosto, Dia Nacional de Conscientização da Esclerose Múltipla. Quero dedicar o ouro a todas as pessoas que têm esclerose múltipla. Têm, não. Ela é nossa amiga. Anda do nosso lado", afirmou.

Também no lançamento do disco, Claudiney Batista dos Santos foi bicampeão. O atleta, que disputa a sua terceira edição de Paralimpíadas, quebrou o próprio recorde paralímpico com a marca de 45,59 m e conquistou o bicampeonato na classe F56 (também de atletas que competem sentados).

"Eu sempre entro nas provas para buscar o meu melhor e sempre respeitando os adversários. Quando a gente faz o que gosta, tem tudo para dar certo. Eu entrei na prova para atingir o recorde mundial", comentou após a conquista.

Esse índice, que também pertence a ele (46,68 m), não veio, mas Claudiney conseguiu a melhor marca paralímpica no seu último arremesso.

Ele teve quatro arremessos acima do medalhista de prata, o indiano Yogesh Kathuniya, com 44,38 m. Já a medalha de bronze ficou com o cubano Leonardo Aldana, com 43,36 m.

O brasileiro de 42 anos nasceu em Bocaiúva, no interior de Minas Gerais. Ele foi o campeão na mesma prova nos Jogos do Rio de Janeiro, em 2016.

A perna esquerda de Claudiney foi amputada após um acidente de moto em 2005. Ele, que era halterofilista antes do acidente, passou a praticar atletismo um ano depois e se identificou com as provas de campo. Desde então, tem três medalhas em três participações em Paralimpíadas.

Claudiney, com agasalho amarelo, leva a medalha ao olho direito enquanto segura um ramo de flores
Claudiney Batista dos Santos, medalhista de ouro no lançamento do disco classe F56 nas Paralimpíadas de Tóquio - Miriam Jeske/CPB

‘Gigante’ leva prata no peso

Alessandro da Silva, 37, conquistou a prata no arremesso do peso classe F11 (para pessoas com deficiência visual), sua segunda medalha em Jogos Paralímpicos, após o ouro no lançamento do disco em 2016.

O paulista nascido em Santo André e apelidado de "Gigante" pelo seu 1,90 m de altura arremessou o peso a 13,89 m. Ficou atrás apenas do iraniano Mahdi Olad, com 14,43 m. O italiano Oney Tapia levou o bronze (13,60 m).

Formado em química, ex-professor e alinhador de veículos, Alessandro começou a perder a visão por conta da toxoplasmose a partir dos 25 anos e ficou totalmente cego em 2013. Ele conheceu o esporte paralímpico por meio de um ex-professor que o apresentou à prova de arremesso.

No Mundial de 2019, o atleta foi ouro no disco e bronze no peso. Nos Jogos Pan-Americanos do mesmo ano, venceu as duas competições. A prova do disco em Tóquio será realizada na noite de quarta (1º).

Alessandro, com camisa azul e venda nos olhos, parcialmente coberto pela bandeira do Brasil
Alessandro da Silva, medalhista de prata no arremesso do peso classe F11 nas Paralimpíadas de Tóquio - Wander Roberto /CPB @wander_imagem

Velocista fica com a prata por um centésimo

O brasileiro Vinícius Rodrigues, 26, conquistou a prata nos 100 m classe T42/63 (atletas amputados e outras deficiências) com a marca de 12s05, apenas um centésimo atrás do primeiro colocado. O ouro foi para Anton Prokhorov, do Comitê Paralímpico Russo, com 12s04. Leon Schaefer, da Alemanha, levou o bronze, com 12s22.

Ele fez sua estreia nas Paralimpíadas e quebrou o próprio recorde paralímpico da classe T63, que havia estabelecido nas eliminatórias. Prokhorov, que não usa prótese, bateu o recorde mundial da classe T42.

"Lógico que, em todos os sonhos, a visualização que a gente faz é da [medalha] douradinha. Mas estou na minha primeira Paralimpíada. Vamos trabalhar firme que Paris está logo ali. Estou novinho", afirmou o brasileiro, em entrevista ao SporTV, referindo-se aos Jogos de 2024.

O atleta de Maringá (PR) teve a perna esquerda amputada acima do joelho após sofrer acidente de moto aos 19 anos.

Atletas lado a lado cruzando a linha; o brasileiro tem prótese na perna esquerda, e o russo, amputação no braço esquerdo
Anton Prokhorov e Vinícius Rodrigues cruzam a linha de chegada - Athit Perawongmetha/Reuters

Tênis de mesa tem inédita prata feminina

Bruna Alexandre, 26, ficou com a medalha de prata no tênis de mesa após perder a final da classe 10 para a australiana Qian Yang, por 3 a 1 (13/11, 6/11, 11/7 e 11/9).

Foi o melhor resultado de uma brasileira no esporte. O país agora soma três pratas e quatro bronzes na história dos Jogos, ainda em busca da sua primeira medalha dourada.

"Tive chance, queria trazer o ouro para o Brasil, mas ao mesmo tempo estou feliz por ter conseguido evoluir nos últimos anos", afirmou Bruna, bastante emocionada, ao SporTV. "A medalha vai me dar muita motivação para continuar em busca do ouro. Vou deixar na minha porta para lembrar todos os dias que valeu a pena o esforço."

Nascida em Criciúma (SC), Bruna começou no tênis de mesa quando tinha sete anos. Ela conquistou dois bronzes (individual e duplas) nas Paralimpíadas de 2016 e também disputou competições pelo Brasil na modalidade convencional.

Quando ela tinha três meses de vida, uma vacina mal aplicada atingiu um nervo, provocou necrose na região e forçou a amputação do seu braço direito.

Brasileira, de camiseta amarela, mira a bola com sua raquete; australiana está de costas para a foto do outro lado da mesa
Bruna Alexandre na final do tênis de mesa nas Paralimpíadas de Tóquio - Rogério Capela/CPB

Seleção de futebol de 5 goleia de novo

A seleção brasileira de futebol de 5 (para cegos), invicta em Jogos Paralímpicos, conquistou mais uma vitória em Tóquio-2020. A equipe goleou o Japão por 4 a 0 e assumiu a liderança do Grupo A.

Com o resultado, a seleção já se garantiu nas semifinais da competição. Os gols da partida foram marcados por Ricardinho (2), Tiago Paraná e Nonato.

Em busca do penta, enfrenta a França às 23h30 desta segunda-feira (30), horário de Brasília, para confirmar a primeira colocação no grupo.

Vaga confirmada no goalball

A seleção brasileira feminina de goalball conquistou a sua primeira vitória: bateu o Egito por 11 a 1 e, com o resultado, garantiu a vaga nas quartas de final.

O destaque da atuação brasileira foi a camisa 8 Jéssica, que marcou 8 dos 11 gols. Os outros foram marcados por Ana Carolina e Kátia (2).

Nas quartas, a seleção enfrenta a China, primeira colocada do Grupo C. O jogo será disputado à 1h15 da próxima quarta-feira (1º), horário de Brasília.

Derrota no vôlei sentado

A seleção brasileira masculina de vôlei sentado foi derrotada pelo Irã por 3 sets a 0 (25/19, 25/23 e 25/22), na segunda rodada do Grupo B.

Com uma vitória e uma derrota, o Brasil está na terceira posição, atrás de iranianos e chineses. Na terceira rodada, terá pela frente a Alemanha, às 2h desta terça (31), para decidir a classificação.

O maior pontuador do jogo foi o iraniano Morteza Mehrzad, de 2,46 m de altura, com 14 pontos.

Tenistas encerram participação

Com a derrota da brasileira Meirycoll Duval por 2 sets a 0 (duplo 6/0) para a japonesa Yui Kamiji, pela segunda rodada, os atletas do país encerram suas campanhas sem brigar por medalhas no tênis em cadeira de rodas.

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