Descrição de chapéu Tóquio 2020

Brasileiro vira referência contra fake news e a favor da vacina em cidade japonesa

Funcionário público auxilia estrangeiros em Soja e tenta quebrar resistência local a imunizantes

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Tóquio

Em meio a um ritmo lento de vacinação, o Japão tenta frear o aumento considerável de casos de Covid no país. Com campanhas na TV e na internet, o governo busca quebrar a resistência da população local.

Com o problema crescente da pandemia, um brasileiro se tornou referência para estrangeiros na atuação contra as fake news, o negacionismo e a favor da imunização. Morador de Soja, na província de Okayama, Shun Tan, 47, é funcionário público local e tem como função prestar auxílio a pessoas que vieram de fora.

Vacinação no Japão para a Covid-19 tem acontecido em ritmo lento
Vacinação no Japão para a Covid-19 tem acontecido em ritmo lento - Stanislav Kogiku - 2.ago.2021/Reuters

O Japão tenta acelerar a imunização, mas tem tido dificuldade para convencer a população. Embora reconheçam a gravidade do vírus, os nipônicos resistem, entre outras razões, por medo de efeitos colaterais.

Em geral, o argumento é o de que a vacina foi produzida muito rapidamente e, por isso, não é possível saber o impacto no corpo ao longo dos anos. Até agora, 28% dos japoneses tomaram as duas doses da vacina num país que registrou 15,2 mil mortos por Covid, além dos cerca de um milhão de casos.

“Tem muita desinformação. Muita mentira no Facebook. Postagens que não acrescentam nada. Eu sempre conto a escolha que fiz, que foi a de tomar a vacina. E falo que as pessoas devem ser sensatas. Eu me ofereço para ir ao médico junto, para tirar dúvidas eventuais, ir a qualquer lugar para ver se é possível acabar com o medo”, afirma Shun Tan, por telefone.

Ele ajuda os estrangeiros a preencher formulários, entender as informações e conversar com enfermeiros, por exemplo. O funcionário da prefeitura de Soja tenta agendar a aplicação das vacinas em brasileiros no mesmo dia, para assim conseguir auxiliar a todos.

Nascido na Liberdade, região central da capital paulista, Shun Tan foi para o Japão quando tinha 21 anos. O plano era ficar um ano trabalhando em uma fábrica. Permaneceu até hoje. Além dele, a mulher e os três filhos já estão vacinados com as duas doses.

O brasileiro conta que a campanha a favor da imunização feita em sua cidade tem ajudado a incentivar mais pessoas, ainda que exista resistência.

“A política fala muito alto. No Brasil, o presidente que deveria ajudar… Se ele é contra, eu acho que ele deveria se calar, sem dar opinião nenhuma, e cada um iria decidir”, diz Shun Tan.

Apesar de ser conhecido por ser um país tecnológico, o Japão exige muitos papéis no processo de vacinação, algo que assusta especialmente estrangeiros.

Os governos municipais são responsáveis por administrar imunizantes com a orientação do governo central. Em geral, as pessoas devem receber as doses nos locais de domicílio. Então, é feito um cadastro, e a prefeitura envia pelos correios os cupons de vacinação, com um questionário que deve ser entregue no dia da imunização.

Para marcar a data, é preciso ligar ou encontrar na internet os endereços das instituições médico-hospitalares que estão cadastradas —ou centros comunitários e ginásios esportivos. É possível checar as regiões pelo site ou por telefone, o que é uma das partes complicadas para estrangeiros que ainda não dominam a língua. Idosos também têm mais dificuldades.

Soja tem cerca de 60 mil habitantes, dos quais 2.000 são estrangeiros. “Até segurar a mão eu tenho segurado”, brinca Shun Tan.

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