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Comissão de Ética da CBF descarta assédio de Caboclo e abre chance de retorno do dirigente

Órgão da confederação sugere afastamento de 15 meses por 'conduta inapropriada'

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São Paulo

A Comissão de Ética da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) informou aos presidentes de federações estaduais ter acolhido denúncia contra o presidente Rogério Caboclo por conduta inapropriada, mas descartou crimes de assédio sexual e moral.

O órgão sugeriu nesta terça-feira (24) um afastamento de 15 meses do dirigente –a contar desde o último dia 6 de junho.

Isso significa que Caboclo poderia voltar ao cargo ainda durante o seu mandato, que termina apenas em abril de 2023. Ele foi afastado da presidência de maneira provisória por decisão da mesma Comissão de Ética, após uma funcionária da entidade tê-lo acusado de assédio sexual e moral.

A pena de 15 meses precisará ser ratificada em assembleia geral pelos representantes das 27 federações estaduais. Ou rejeitada, o que permitiria a Caboclo voltar ao cargo imediatamente.

A assembleia havia sido agendada para esta quarta-feira (25) na sede da confederação, no Rio de Janeiro.

Nesta terça, porém, o CBMA (Centro Brasileiro de Mediação e Arbitragem) acatou pedido da defesa de Caboclo para suspender a convocação.

A CBF ainda não se manifestou sobre a decisão do CBMA. Até a publicação deste texto, a entidade também não informou uma nova data para a assembleia. Nos bastidores, acredita-se que o encontro deva ser realizado na próxima semana.

O CBMA é uma câmara arbitral escolhida por entidades para resolver conflitos comerciais e eleitorais.

A árbitra de emergência Paula Forgioni acatou o pedido da defesa de Caboclo para suspender a reunião, em caráter liminar. Caboclo está afastado da entidade desde o dia 6 de junho.

O edital da assembleia geral convoca os 27 presidentes de federações estaduais para conhecer o parecer e confirmar ou não sanções sugeridas pela Comissão de Ética. Os dirigentes tiveram acesso à recomendação do grupo somente nesta terça.

De acordo com o estatuto da CBF, a assembleia geral deve ter quorum de pelo menos 21 representantes de federações estaduais para decidir se confirma ou não a sanção proposta pela Comissão de Ética.

Serão necessários 80% dos votos favoráveis para punir Caboclo. Em caso de 27 participantes, por exemplo, são necessários 22 cartolas a favor.

Defensores do presidente afastado acreditam que Caboclo possa reunir até 12 votos positivos.

Por outro lado, opositores do dirigente argumentam que, caso o presidente acusado de assédio sexual e moral seja mantido no cargo após conclusão da assembleia, a CBF poderá sofrer com uma debandada de seus patrocinadores.

Com a denúncia de assédio sexual afastada, Caboclo vê chance de receber uma punição mais branda do que sua destituição em definitivo, possibilidade ventilada antes desta terça. Porém, se os 15 meses de afastamento se confirmarem, ele perderá a chance de concorrer à reeleição. O seu mandato vai até abril de 2023, e o próximo pleito será em abril de 2022.

Em áudios gravados pela primeira funcionária a denunciar Caboclo, divulgados pelo Fantástico e que culminaram no seu afastamento, é possível ouvir o cartola questionando se ela se masturbava e se tinha um romance com outro empregado da instituição.

O mandatário também é investigado pela Comissão de Ética em outros dois processos. Um por assédio moral e sexual e outro por assédio moral.

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Caboclo acredita que sua retirada da presidência seja resultado de uma sequência de ações orquestradas por Marco Polo Del Nero nos bastidores. O ex-mandatário da entidade, banido do futebol após escândalo de corrupção em 2015, ainda é figura muito influente na CBF.

Caboclo disse, em nota, que a rejeição da acusação de assédio é correta, mas considerou o afastamento por mais 12 meses injusto e voltou a disparar contra Del Nero.

“Essa decisão mostra quão ilegal e açodada foi a decisão da mesma comissão de me afastar do cargo, antes de abrir espaço para que eu me defendesse”, afirmou Caboclo. “Trata-se de mais um capítulo da armação do ex-presidente Marco Polo Del Nero para me tirar da CBF e reassumir o controle da entidade por meio de seus aliados. Minha defesa recorrerá nas instâncias adequadas contra essa punição.”

Se Caboclo fosse banido, caberia a Antônio Carlos Nunes, 82, presidir a entidade por mais 30 dias por ser o mais velho entre os oito vice-presidentes. Nesse período, ele deveria convocar eleição para o complemento do mandato –até abril de 2023.

Somente os oito vices poderiam se candidatar para o pleito emergencial. Além do próprio coronel Nunes, são elegíveis também Antônio Aquino, Castellar Modesto Guimarães Neto, Ednaldo Rodrigues, Fernando Sarney, Francisco Novelletto, Gustavo Feijó e Marcus Vicente.

Venceria aquele que tivesse o maior número de votos em turno único. Em caso de empate, seria declarado eleito à presidência o vice mais idoso.

Nas eleições da entidade, votam os presidentes dos clubes das duas primeira divisões do Campeonato Brasileiro e os 27 representantes das federações estaduais.

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