Descrição de chapéu Tóquio 2020

'É uma causa', diz técnico pernambucano que treinou o 'quase amador' vôlei queniano

À frente da seleção feminina, brasileiro que trabalha no Osasco tenta desenvolver o esporte no país

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Tóquio

Com quatro jogos e quatro derrotas até aqui, a seleção feminina de vôlei do Quênia se despede dos Jogos de Tóquio nesta segunda-feira (2), às 9h45 (de Brasília), contra o invicto Brasil.

A equipe, última colocada em sua chave, talvez não "vá beliscar um set", como disse o seu técnico, o pernambucano Luizomar de Moura, 55. Mas o resultado é o que menos importa, avalia o treinador.

“Esse trabalho é muito mais uma causa do que qualquer resultado”, diz o brasileiro.

Chegar em Tóquio já é uma façanha. As quenianas não garantiam uma vaga nas Olimpíadas desde Atenas-2004. O time confirmou sua presença no Japão ao derrotar a Nigéria por 3 a 0 (25/15, 25/21 e 25/12), em janeiro deste ano, pelo qualificatório africano.

O pernambucano Luizomar Moura comanda a seleção queniana em Tóquio - Carlos Garcia Rawlins - 31.jul.2021

A Federação Internacional de Voleibol (FIVB) viabilizou a contratação de Luizomar. A entidade tem um projeto para auxiliar o desenvolvimento da modalidade na África, onde o esporte é praticado de forma quase amadora.

“A liga está começando a se profissionalizar, ainda se joga em quadra descoberta. Mas aos poucos essas coisas vão mudar no Quênia”, afirma o técnico. “Por isso eu falo que é uma causa, quero deixar um legado de como o vôlei é trabalhado pelo mundo.”

A FIVB colocou alguns nomes de técnicos à disposição da federação queniana, e Luizomar foi o escolhido. O pernambucano, nascido em Caruaru e criado em São Caetano do Sul (SP), está no comando da equipe feminina do Osasco desde a temporada 2006.

Após as Olimpíadas de Tóquio, ele deverá apresentar à FIVB um relatório no qual irá detalhar a preparação realizada com a seleção do Quênia. Depois, retomará seus compromissos com a equipe paulista.

O Quênia, com uma população de quase 50 milhões de habitantes, é conhecido mundialmente como potência no atletismo. Das 103 medalhas do país conquistadas em Jogos Olímpicos, 96 são nessa modalidade e 7 no boxe.

“A educação no Quênia é muito focada no atletismo. A primeira mudança radical que estamos fazendo é que as jogadoras treinavam pouco a força e a potência, enquanto trabalham muito a resistência”, afirmou o brasileiro.

Nesse aspecto, Luizomar conta com a ajuda do vídeo, inclusive mostrando imagens da oposta Tandara, que joga na seleção brasileira e no Osasco.

“As quenianas ficaram encantadas com a forma que Tandara levanta peso na academia e a força com que bate na bola. Minha missão é contribuir com essa evolução, mostrar um caminho para essas atletas”, afirma o brasileiro.

“Elas têm uma vontade incrível de melhorar, isso é apaixonante para um técnico. Esse trabalho, no Quênia, é muito parecido com o que vivi dirigindo as seleções de base do Brasil.”

Luizomar tem em seu currículo títulos mundiais pela seleção brasileira infanto-juvenil e juvenil, além de ter sido campeão mundial pelo Osasco e conquistado por três vezes a Superliga –duas pelo time paulista e uma pelo Flamengo.

Ele chegou a ser auxiliar-técnico de Marco Aurélio Motta na seleção feminina profissional, entre 2001 e 2002.

O pernambucano, que realiza o sonho de participar dos Jogos Olímpicos, mantém a fé de que voltará a uma nova edição do evento. Da próxima vez, espera, no comando da seleção brasileira.

O Brasil e a Sérvia são favoritos a brigar pela medalha de ouro. Vamos enfrentar algumas meninas que vi surgir nas categorias de base. A Tandara mandou mensagem para nos encontrarmos na Vila. Natália, Camila Brait, a Bia, a Fernanda Garay, todas jogaram comigo. É lógico que temos que tentar a dificultar a vida delas.”

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