Descrição de chapéu Tóquio 2020 DeltaFolha

Especialização e mulheres impulsionam Oceania nas Olimpíadas de Tóquio

Com Austrália e Nova Zelândia, continente teve, até agora, salto de 26% no quadro de medalhas

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São Paulo

Há alguns anos, quando houve projeto para tornar o Brasil uma potência olímpica nos Jogos do Rio-2016, falava-se que, para concretizar o plano, seria necessário diversificar os esportes em que o país lutava por pódios. Caso contrário, não seria possível brigar por uma boa colocação na classificação geral.

Segundo levantamento da Folha, nas Olimpíadas de Tóquio, Austrália e Nova Zelândia, responsáveis por fazer a Oceania ter um salto de 26% no quadro de medalhas, mostram que uma fórmula oposta pode dar certo. Os países investiram em modalidades nas quais tradicionalmente já alcançam muitas conquistas.

Hoje, a Austrália ocupa a quarta posição, atrás apenas das superpotências olímpicas China e EUA e do Japão, dono da casa. Até o final das disputas de quinta (5), o país já havia fisgado 41 medalhas (17 ouros, 5 pratas e 19 bronzes) —em apenas seis modalidades. Das medalhas douradas obtidas, 53% foram conquistadas na natação, esporte no qual as mulheres foram destaque, com 8 vitórias.

Cate Campbell, Emma McKeon, Chelsea Hodges e Kaylee McKeown com o ouro do 4 x 100 m medley
Cate Campbell, Emma McKeon, Chelsea Hodges e Kaylee McKeown com o ouro do 4 x 100 m medley - Carl Recine - 1.ago.21/Reuters

Não é surpresa, mas uma constatação: 88% dos ouros australianos vieram em modalidades disputadas na água: natação (9), canoagem (2), remo (2), vela (2). Na terra, só venceu no ciclismo (1) e no skate (1).

Comparados ao desempenho da Austrália, rivais diretos possuem delegações mais diversificadas. O Comitê Olímpico Russo, que vem logo atrás no quadro de medalhas, ganhou 16 ouros distribuídos em nove esportes. A esgrima foi a modalidade que mais rendeu títulos: três.

Logo atrás, também com 16 vitórias, vêm os britânicos, com desempenho parecido com o russo. O Team GB subiu ao alto do pódio em sete esportes. Natação e ciclismo foram as modalidades mais vencedoras: quatro títulos para cada uma. No pedal, porém, os britânicos conquistaram medalhas douradas em modalidades diferentes: BMX (uma na corrida e outra no estilo livre), mountain bike (1) e pista (1).

Também na Oceania, a Nova Zelândia segue receita parecida com a do vizinho. O país já ganhou 19 medalhas no Japão, com 7 ouros, 6 pratas e 6 bronzes, no melhor desempenho em total de pódios de sua história (19 a 18 no Rio) e de ouros (7 a 4). Os neozelandeses também concentram 85,7% de seus títulos em modalidades na água, mais especificamente em esportes de remada: canoagem (3) e remo (3).

A única exceção é o rúgbi 7, com o título do torneio feminino, em modalidade na qual a Nova Zelândia possui enorme tradição. Comparado a outras nações que também conquistaram 7 ouros, o país surge como mais um especialista. França e Itália ganharam em cinco esportes diferentes. A Holanda, em quatro.

Assim como a Austrália, quem leva a campanha olímpica da Nova Zelândia nas costas são as mulheres. Seis dos sete títulos foram no feminino. O maior nome é Lisa Carrington, da canoagem, que sai do Japão com mais três ouros olímpicos. Na Austrália, a grande estrela foi a nadadora Emma Mckeon, que ganhou quatro ouros e três bronzes nas piscinas japonesas.

Lisa Carrington, da Nova Zelândia, compete no K1 500 m das Olimpíadas de Tóquio-2020
Lisa Carrington, da Nova Zelândia, compete no K1 500 m das Olimpíadas de Tóquio-2020 - Xinhua/Fei Maohua

Também vem da Oceania o provável caso de maior especialização no mundo esportivo. O arquipélago de Fiji, com menos de 1 milhão de habitantes, ganhou duas medalhas olímpicas em Tóquio. Ambas foram no rúgbi 7: ouro no masculino (bicampeão olímpico) e bronze no feminino. É o suficiente para que o 160º país mais populoso do mundo ocupe um honroso 56º lugar no quadro de medalhas. Está à frente da Índia, segundo país mais populoso do planeta, com 1,4 bilhão de habitantes, que ocupa a 65ª posição.

A Europa é o segundo continente que mais cresceu em participação de medalhas: avanço de 4,2% em relação ao Rio, sempre considerando os primeiros 16 dias de competições. A América do Sul, por sua vez, vinha registrando boa evolução até quarta (4), quando marcava aumento de 8% na participação em pódios frente a 2016. Um mau desempenho nesta quinta, porém, fez com que a região registrasse recuo de 2%.

Ainda assim, sul-americanos vêm tendo bom desempenho. O Brasil, por exemplo, já igualou o número de medalhas conquistadas há cinco anos. Por ora, o Time Brasil já ganhou 4 ouros, 4 pratas e 8 bronzes, mas ainda compete em finais do boxe (Bia Ferreira e Hebert Conceição) e no futebol masculino para definir a cor das medalhas. Como o vôlei ainda pode subir ao pódio no masculino (disputa o bronze) e no feminino (semifinal contra a Coreia do Sul), é provável que os pódios de 2016 sejam superados.

A boa performance foi favorecida pela introdução de novas modalidades no programa olímpico. O país conquistou 1 ouro no surfe (Italo Ferreira) e 3 pratas no skate (Kelvin Hoefler, Rayssa Leal e Pedro Barros).

Outro destaque da região é o Equador. Até Tóquio, o país tinha 1 ouro e 1 prata em Jogos, conquistadas pelo marchador Jefferson Pérez. No Japão, adicionou mais 2 ouros e 1 prata, incluindo o título do ciclismo de estrada masculino. Richard Carapaz foi o primeiro ciclista do Hemisfério Sul a triunfar na prova.

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