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Tóquio 2020 skate

Funk domina pódio musical brasileiro nas Olimpíadas de Tóquio

Anitta e Pabllo Vittar também embalam atletas da delegação verde-amarela

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São Paulo

Quanto tempo um atleta leva treinando para chegar ao topo de um pódio olímpico? Não há resposta única, claro. Depende do atleta, depende do esporte. No caso do funk “Baile de Favela”, demorou cinco anos.

Lançada em 2016, a canção foi composta pelo MC João, que a gravou com o vocal do rapper R7. Essencial para o desenvolvimento da cena funk de São Paulo, virou um hit poderoso.

Agora, foi resgatada por Rebeca Andrade, grande destaque do Brasil em Tóquio, com ouro e prata na ginástica. A música embalou sua apresentação no solo, que a ajudou a levar a prata do individual geral da competição.

MC João
MC João, autor de "Baile de Favela", funk que embalou prata de Rebeca Andrade - Reprodução

A escolha de Rebeca atesta o sucesso do funk entre os brasileiros. O gênero domina playlists ao lado de hip-hop e sofrência, mas esses estilos não trazem a batida forte para marcar as piruetas da atleta.

Mas é estranhamente contraditório que a música que marcará a participação brasileira nas Olimpíadas em que as mulheres estão alcançando uma parcela recorde de conquistas seja a mesma que, em 2016, provocou polêmica com os versos “E na rua 7? Baile de favela!/ E os de menor preparado pra foder com a xota dela (vai)”.

Há mais estranheza em Tóquio. Pela primeira vez, as Olimpíadas não têm público nas arquibancadas. Falta a manifestação do público e a cantoria forte característica de várias torcidas, notadamente a britânica e a australiana. Mas como esses Jogos recebem a mais esmiuçada cobertura midiática da história, outras trilhas sonoras acabam se destacando.

O vôlei e o basquete são esportes que há tempos empregam DJs profissionais em suas competições. O que predomina no basquete é o rap americano, como ocorre nos ginásios em que se disputa a NBA, inclusive com a constante aparição de astros do gênero prestigiando suas equipes favoritas.

No vôlei, em que o protagonismo das músicas tocadas antes e depois dos jogos e até no intervalo entre pontos da partida já é antigo, cada equipe ganha uma trilha adequada. Quem faz esse trabalho esmerado é o austríaco DJ Stari. Pela quinta vez nas Olimpíadas na função, ele afirma pesquisar com carinho os hits de cada país representado nas chaves do vôlei. Amigo de inúmeros jogadores, aceita sugestões deles.

Os jogos do Brasil e da Itália são os que habitualmente mais empolgam o público, quando este pode dar as caras na arquibancada. Mas pela TV é possível reparar como o DJ personaliza suas escolhas.

Para os times brasileiros, entre funk, samba e a onipresente Anitta, marcam os jogos o reggae “Isaac”, do cantor baiano Edson Gomes, tocado para o central Isac Santos, e “Zap Zum”, de Pabllo Vittar, dedicada ao ponteiro Douglas Souza, primeiro jogador assumidamente gay na seleção.

Enquanto muita música aparece para animar os competidores, outras são importantes para descontração e relaxamento. No parque do skate e na praia destinada ao surfe, a trilha sonora habitual dessas tribos embala os momentos fora das exibições dos atletas.

No skate, que se revelou nas Olimpíadas um esporte em que os competidores são tranquilos e incentivam até os rivais, saudados com abraços nas conquistas e nos erros, a música destaca essa confraternização.

Basta lembrar do fenômeno Rayssa Leal, que dançou entre as baterias do street e impulsionou outro funkeiro. Ela fez uma coreografia para “Não Nasceu para Namorar”, do mineiro MC Zaquin, lançada no começo deste ano. Ou então conferir o momento fofo no skate park que viralizou na internet. A skatista americana Bryce Wettstein levou um ukulele para a pista e puxou a cantoria de um clássico alegre da música country americana, “Take Me Home, Country Roads”, de John Denver.

No surfe, é óbvio o embalo musical. Afinal, existe até um gênero próprio de rock, a surf music, deflagrada no final dos anos 1950 e celebrizada na década seguinte pelos Beach Boys, na época considerados “os Beatles da Califórnia”. Nos últimos 20 anos, a surf music foi suavizada pelo sucesso de Jack Johnson e Donavon Frankenreiter. Passou a ser dominada por baladas solares, uma celebração de zen surfismo que também ecoou no Japão.

Por fim, cada atleta busca sua trilha sonora pessoal. Alison dos Santos, bronze para o Brasil nos 400 metros com barreiras e o terceiro homem mais rápido do mundo na história da prova, buscou energia no embalo de “Chamo Teu Vulgo Malvadão”, da funkeira carioca MC Jhenny, hit estrondoso no Tik Tok.

MC João, MC Zaquin e MC Jhenny formam o pódio musical brasileiro em Tóquio, dominado pelo funk.

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