Os 27 responsáveis pelas federações estaduais enviaram carta a Rogério Caboclo na qual pedem que ele renuncie ao cargo máximo da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) pelo bem do futebol brasileiro.
O documento contém a data desta quarta-feira (25). Um dia antes, a Comissão de Ética da CBF apontou que Cabloco teve “conduta inapropriada”, mas o livrou das acusações de assédio moral e sexual feitas por sua secretária na confederação.
Em áudio apresentado pela funcionária à Comissão de Ética, Caboclo questiona se ela se masturba, o que, segundo advogados ouvidos pela Folha, fere o artigo 216-A da lei que tipifica o assédio sexual.
O documento, assinado pelos 27 cartolas, traz trecho do código de ética e conduta do futebol brasileiro. O excerto diz que todos devem estar comprometidos com o repúdio ao racismo, à xenofobia e a quaisquer outras formas de discriminação e intolerância social, política, sexual, religiosa e socioeconômica.
Além disso, os dirigentes também demonstram preocupação com a imagem da confederação e com a reação dos patrocinadores.
“Vimos, pelo presente, fazer um apelo ao Sr. Rogério Caboclo, que tenha a sensibilidade de reconhecer o momento e, em prol do futebol brasileiro, renunciar [sic] ao cargo de presidente da CBF", diz trecho da carta.
Caso não renuncie, Caboblo deverá voltar ao cargo em setembro de 2022. Ele já está afastado da presidência deste 6 de junho.
A Comissão de Ética sugeriu, nesta terça, um afastamento por mais 12 meses. Para isso, a recomendação deverá ser ratificada pelos 27 dirigentes em assembleia geral, que deverá ocorrer a partir da próxima semana.
A punição por uma "conduta inapropriada" foi considerada branda e abre espaço para que Caboclo conclua o seu mandato. Havia a expectativa, antes da conclusão do parecer da comissão, de que o cartola fosse banido da CBF. No máximo, ele correrá o risco de não poder concorrer à reeleição. O próximo pleito poderá começar a partir de 2022 e, nesse caso, será conduzido pelo mandatário em exercício.
De acordo com o estatuto da CBF, a assembleia geral deve ter quorum de pelo menos 21 representantes de federações estaduais para decidir se confirma ou não a sanção proposta pela Comissão de Ética.
Serão necessários 80% dos votos favoráveis para punir Caboclo. Em caso de 27 participantes, por exemplo, são necessários 22 cartolas a favor.
Caboclo também foi denunciado à Comissão de Ética em outros dois processos de funcionários. Um por assédio moral e sexual e outro por assédio moral.
Caboclo afirmou, através de nota, que não deverá renunciar ao cargo e se diz surpreso com a carta assinada pelos representantes das federações estaduais.
“A surpresa decorre do fato de que tenho recebido o vivo apoio de muitas federações, que se manifestam de forma contrária ao golpe que se busca armar. De toda sorte, esclareço que não irei renunciar ao cargo, para o qual fui eleito com 96,4% dos votos. Ainda tenho muito a contribuir para a CBF”, diz trecho da nota.
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