Descrição de chapéu Tóquio 2020 vela

Recordista em incursões olímpicas, Scheidt, 48, sai sem medalha em Tóquio e não descarta Paris

Brasileiro ficou na oitava colocação na classe laser, vencida pelo australiano Matt Wearn, 25

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Enoshima

Ao deixar as águas da Baía de Enoshima, em uma pequena ilha perto de Tóquio, o velejador e recordista olímpico Robert Scheidt, que conquistou cinco medalhas em sete participações nos Jogos, fez uma sóbria reflexão sobre sua oitava colocação.​

“Assim é o esporte, se você não aproveita as oportunidades, os outros vêm e aproveitam. Assim são os Jogos Olímpicos, e assim que tem que ser”, disse, ainda com o uniforme da regata final da classe laser.

A sexta medalha seria bem-vinda, obviamente. A marca deixaria o brasileiro isolado no ranking de atletas medalhistas no país —hoje ele divide o topo com Torben Grael, também da vela. Scheidt coleciona dois ouros, duas pratas e um bronze. Grael, dois ouros, uma prata e dois bronzes.

No caso das Olimpíadas de Tóquio, a vitória maior de Scheidt foi chegar à regata final, neste domingo (1º), com chances de pódio aos 48 anos, 25 deles vividos após seus primeiros Jogos Olímpicos, em Atlanta-1996.

Muitos de seus adversários diretos têm menos da metade da idade do brasileiro. O medalhista de ouro em Tóquio, Matt Wearn (Austrália), que exaltou o brasileiro após a final, não havia completado nem um ano quando Scheidt conquistou sua primeira medalha, a de ouro também, em Atlanta.

“Lógico que eu queria sair daqui com uma medalha, era meu maior objetivo, mas acho que cumpri uma das minhas grandes metas, que era chegar nas Olimpíadas competitivo, já que havia um grande questionamento sobre esse momento da minha vida”, disse o brasileiro, que vive na Itália.

Scheidt não sobe no pódio, mas deixa o Japão com mais um recorde: sete passagens pelas Olimpíadas, privilégio que, entre atletas brasileiros, divide com a jogadora Formiga, da seleção brasileira feminina de futebol.

“Quando comecei minha carreira na vela, nunca imaginei que chegaria a sete participações. É uma emoção muito grande, uma história linda, que consegui cumprir”, afirmou.

Questionado pela Folha, o mais experiente entre os velejadores não descarta estar nos Jogos de Paris em 2024.

Robert Scheidt durante regata nos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020 na categoria Laser
Robert Scheidt durante regata nos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020 na categoria Laser - Ivan Alvarado/Reuters

“Acho que vocês adorariam ouvir que vou para Paris ou não vou. O que digo hoje é que acho difícil continuar na classe laser. É uma classe difícil, muito física, estou com 48 anos, já participei de cinco Olimpíadas nessa classe. Foi um grande desafio participar desta e estar na forma que estou hoje”, diz.

Scheidt ganhou três de suas cinco medalhas na laser, que exige um alto nível de preparo físico na vela. No início de 2019, ele anunciou o retorno à categoria.

O adiamento das Olimpíadas de 2020 para 2021, por causa da pandemia, deu mais tempo para que ele se preparasse para Tóquio. O brasileiro treinou em Torbole, na Itália, onde vive com a família.

Mas se for em outra classe? É possível esperar Scheidt em sua oitava incursão olímpica? O brasileiro não descarta.

“Não vou mais falar que vou parar porque duas vezes já parei e voltei. Acho errado falar de novo que vou parar e depois voltar, prefiro não declarar nem que sim nem que não”, respondeu.

Ryan Lo de Cingapura e Robert Scheidt do Brasil passam por boia em regata da categoria Laser
Ryan Lo de Cingapura e Robert Scheidt do Brasil passam por boia em regata da categoria Laser - Peter Parks/AFP

O velejador disse esperar que uma nova geração assuma a categoria nas próximas Olimpíadas. “Com relação a outras classes, é difícil responder hoje, porque ainda estou com o turbilhão do que aconteceu aqui essa semana”, diz.

A semana foi de altos e baixos para o brasileiro nos Jogos de Tóquio.

Depois de um bom começo, chegando a ficar em terceiro lugar na classificação geral, Scheidt perdeu fôlego e entrou na água de Enoshima na tarde de domingo na sexta colocação, com chances remotas de levar a medalha de bronze.

“A partir do terceiro dia, passei a cometer alguns erros, tanto de estratégia como de largada. Cheguei hoje com alguma chance matemática, mas bem difícil”.

Além do ouro para o australiano Matt Wearn, 25, a prata foi para o croata Tonci Stipanovic, 35, e o bronze ficou com Hermann Tomasgaard, 27, da Noruega.

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