Descrição de chapéu Tóquio 2020 skate

Sky Brown se inspira em Rayssa e quer dobrar diversão nas Olimpíadas de 2024

Britânica de 13 anos se entusiasma com alegria da brasileira e fala em surfar nos Jogos de Paris

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Maceió

Sky Brown, 13, foi uma das jovens skatistas que chamaram a atenção nos Jogos Olímpicos de Tóquio pela habilidade precoce. Medalha de bronze na modalidade park, ela se divertiu no caminho ao pódio e gostou tanto da experiência que planeja jornada dupla em Paris-2024: sua ideia é disputar também o título no surfe.

Vai ser em uma das melhores praias [Taiti, na Polinésia Francesa]. Eu amo o skate e o surfe igualmente. Então, espero que possa competir nas duas modalidades”, afirmou a garota, ciente de que o objetivo não é simples. “Claro que sei que teremos muitas provas nesse trajeto, mas acho que vai ser muito divertido. Quero muito que aconteça.”

Nascida no Japão, Sky optou por defender a Grã-Bretanha, país de seu pai, o também skatista Stu Brown. Foi na companhia dele que a menina tomou gosto pelo esporte, desde muito pequena. Mas ela precisou vencer a resistência de Stu e implorar para competir em Tóquio após um acidente grave em junho do ano passado.

Nesta entrevista à Folha, a atleta recordou o tombo, a negociação para que pudesse disputar a medalha no Japão e lembrou que não é a única surfista/skatista da família: seu irmão Ocean, 9, também exibe múltiplos talentos. Ela falou ainda sobre a boa relação que tem com as brasileiras Rayssa Leal e Leticia Bufoni.

Sky Brown celebra o bronze no skate park dos Jogos de Tóquio - Loic Venance - 4.ago.21/AFP

O que o bronze significou para você? Eu só pensava em aproveitar as Olimpíadas. Meu objetivo era fazer coisas legais, boas manobras, e meu plano original era só mostrar as coisas que sei fazer. Mas vi o pessoal fazendo coisas mais bonitas e quis tentar um pouco mais. Eu caí duas vezes e não foi bom [risos]. Mas, quando acertei, eu me senti tão bem! Não conseguia acreditar que tinha ganhado a medalha. Eu estava muito feliz só de andar de skate lá.

Por que você escolheu o park? Eu amo surfar, e o surfe é mais parecido com o park. Eu gosto de como a gente consegue ir super-rápido e alto, sentindo o ar, porque tem muita fluidez. Eu gosto muito do street também. O park me lembra o oceano algumas vezes, e eu amo andar nessa grande velocidade. Se você quer velocidade, escolha o park. É muito bonito. Os skatistas conseguem fazer muita coisa no ar, uma variedade imensa de manobras.

Você falou que também ama surfar. Tem algum plano com a modalidade para o futuro? Eu surfo todos os dias. Eu fiquei muito bronzeada nos últimos dias porque estou surfando bastante, passo o dia na praia. Para as Olimpíadas de Paris, eu quero muito competir com o surfe.

O skate e o surfe são dois esportes em que você se diverte bastante. O skate você pode praticar até em casa, enquanto o surfe oferece todo o oceano, você sente aquelas ondas boas passando. Acho que as pessoas vão aprender a amar os dois ainda mais.

As Olimpíadas certamente ajudaram nesse sentido, a Rayssa Leal fez muito sucesso no Brasil. Qual é a sua relação com ela? A Rayssa é a melhor! Eu não estava na arena quando ela competiu, mas assisti às provas dela. Só de vê-la competindo me deu vontade de competir também, aquilo me deixou muito à vontade para andar de skate. Acho que ela inspirou muitas garotas a tentar andar. Inspirou muitas pessoas ao redor do mundo, na verdade, porque ela estava se divertindo muito, fazendo manobras iradas. Eu amo a Rayssa!

O que fez vocês, tão novas, ficarem à vontade em um ambiente duro de competição? As meninas fizeram parecer que não era uma competição. Era só andar de skate, tentar mandar todas as nossas melhores manobras. Claro que eu fiquei um pouco chateada quando errei e caí, mas depois disso eu voltei a ficar superempolgada.

Eu acho que é muito legal competir sendo tão nova. Quando as pessoas veem garotinhas ali, dá vontade de fazer também. Depois que eu assisti à prova da Rayssa, foi o que eu senti. É bonito de ver e mostra que o skate pode ser praticado por todo o mundo.

Sky Brown posa com a amiga Rayssa Leal - Reprodução/Instagram

Você e a Leticia Bufoni hoje têm a marca de shapes Monarch. Qual a influência dela na sua carreira? Ela é um ídolo que eu tenho. A Leticia foi a primeira mulher que eu vi andando de skate. Foi ela quem me fez querer andar de skate. Eu me inspiro muito nela, porque ela é muito boa! Ela tem a experiência do skate, é uma lenda e nos mostra que tudo é possível, que podemos fazer tudo dentro do esporte. É irado demais ter uma marca com seu próprio ídolo, sabe? Ela me dá muitas dicas, mas só de vê-la andar eu já tenho de onde tirar aprendizados. Ela nunca desiste. Já a vi cair e continuar tentando manobras superdifíceis.

Você também já caiu. Como foram aquela queda mais séria e a recuperação? Foi muito ruim. Eu acho que fiquei apagada por um tempinho. Mas eu me recuperei rapidamente, muito mais rapidamente do que as pessoas achavam. E agora eu me sinto melhor do que nunca. Claro que foi uma época bem difícil, meus pais não queriam que eu andasse de skate novamente depois de toda aquela situação, conversamos bastante. Eu amo o skate demais. Você vai cair algumas vezes, e algumas vezes os machucados são sérios.

As coisas parecem perfeitas nas redes sociais, às vezes não mostramos muito as nossas quedas, e eu achei que o mundo precisava saber que, mesmo se você cai, pode se levantar mais uma vez e se recuperar para tentar de novo. Não podemos desistir. E não foi difícil para mim voltar. Eu nem estava pensando no acidente, só queria andar de skate e estava feliz por isso.

Você teve que convencer os seus pais para poder ir para as Olimpíadas? De início, eles tinham certeza de que eu não iria. Achavam que era muita pressão, havia muito trabalho a ser feito, seriam muitas provas, e eles acharam que talvez não fosse a hora. Eu implorei a eles, de verdade. O time GB (Grã-Bretanha) me chamou e nos deu essa garantia de que não haveria pressão, de que eu poderia sair das provas na hora em que quisesse. E aí eu implorei mesmo. Eles disseram que não algumas vezes, mas depois mudaram de ideia. E valeu a pena. Foi uma das minhas melhores experiências da vida.

Como surgiu esse seu amor pelo esporte? Meu pai era praticante de skate e andava todos os dias. Tínhamos uma rampa no nosso quintal, onde ele andava com os amigos, e eu, quase bebê, sempre ficava pegando o skate dele, tentando fazer parte daquilo. Era meu brinquedo favorito. Eu não andava de verdade ainda. Brincava com as rodas, com o shape.

O que faz você e seu irmão serem tão bons nos esportes? Eu não sei explicar. A gente só se diverte e vemos o que podemos fazer de diferente. Não desistimos. Continuamos até que acertemos as manobras, e a gente simplesmente aproveita o tempo que temos com essa diversão.

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